Atualmente, cientistas estudam, com profundidade, a origem de problemas
visuais, em especial a cegueira cerebral e a perda de visão, que ocorrem, com frequência,
devido ao avanço da idade, cujas pesquisas recentes revelaram resultados
positivos com a utilização de células-tronco, que sinalizaram para a esperança
na recuperação da visão.
A degeneração da visão, relacionada especialmente com a idade, é uma das
causas da perda irreversível de visão em adultos, em que pesem os tratamentos
disponíveis, que ainda carecem de maior efetividade.
Não obstante, recente estudo publicado na revista Developmental Cell
mostra mecanismos sinalizando para o desenvolvimento de novos tratamentos, que objetivam
identificar importantes alvos terapêuticos capazes de interromper a progressão
da doença.
A aludida pesquisa utilizou células-tronco humanas para modelar aquela
doença, tendo conseguido melhorar a visão de modelos animais, por meio de investigação
de genes relacionados à doença e às distrofias maculares hereditárias.
Segundo os cientistas, foi identificado “o epitélio pigmentar da
retina (EPR), que desempenha um papel crucial na DMRI, acumula depósitos de
lipídios e proteínas, conhecidos como drusas, que são, muitas vezes, um sinal
precoce da doença.”.
Essa proteína existe em excesso no paciente estudado, a qual tem capacidade
para bloquear a atividade de outras substâncias essenciais para a saúde ocular,
por meio do aumento de enzima inflamatória, que, por sua vez, contribui para a
formação de substância prejudicial ao normal funcionamento da retina.
Ao bloquear a atividade da enzima inflamatória com um inibidor
molecular, os cientistas reduziram a formação das drusas (degeneração
macular relacionada à idade), com indicação de bom alvo terapêutico, conforme a
seguinte assertiva de um cientista: "Se conseguirmos interromper o
acúmulo das drusas, podemos prevenir a progressão da doença para os estágios
mais graves, que levam à perda de visão".
O oftalmologista-chefe de retina no Visão Hospital de Olhos, de
Brasília, afirmou que a utilização de células-tronco humana é uma estratégia
muito promissora para estudar doenças, como a degeneração macular relacionada à
idade, porque "Ao focar na proteína TIMP3 e sua relação com a formação
de drusas, os pesquisadores não só aumentam a compreensão dos mecanismos da
doença, mas também abrem a porta para novos tratamentos direcionados a
interromper esse processo.".
O mencionado médico disse que a pesquisa em curso representa avanço no
entendimento das causas celulares da DMRI e oferece potencial estratégia
terapêutica baseada no bloqueio das proteínas inflamatórias, tendo afirmado
que, "Caso esses achados sejam confirmados em estudos clínicos, isso
poderia transformar o tratamento de milhões de pessoas afetadas, oferecendo um
incremento no arsenal terapêutico para essa doença.".
Como não existe tratamento para substituir a mácula (região central da
retina) danificada, cujo local é rico em células fotorreceptoras, que são
essenciais para a percepção de cores e para enxergar detalhes finos, esse
estudo é da maior importância na busca de esperanças para a revitalização dos
olhos e da visão.
A ótima notícia é que pesquisadores da Universidade de Montreal, no
Canadá, conseguiu recuperar a visão de miniporco, com o emprego de transplante
de retina feito com células-tronco, com base no estudo publicado na revista Development,
que desenvolveu o método para indução das células de modo que elas se
organizassem imitando a estrutura da retina humana.
As células-tronco foram "reprogramadas", de modo que o
potencial pode se transformar em qualquer tipo, permitindo a criação de "folhas
retinais" enriquecidas com versões imaturas das células
fotorreceptoras cones, que podem amadurecer para se tornar células cones com o
seu cultivo em laboratório.
As aludidas folhas são transplantadas em modelos animais, conforme esse
esclarecimento de um cientista: "Escolhemos miniporcos porque o tamanho
dos seus olhos é semelhante ao dos humanos e eles têm um peso comparável ao de
uma pessoa, o que possibilita realizar as cirurgias de forma similar àquelas
feitas em humanos".
O cientista explicou que, “após o transplante, os enxertos de retina
se juntaram com sucesso ao tecido retiniano danificado dos miniporcos. Além
disso, os animais apresentaram sinais de visão restaurada, novas conexões
neurais foram estabelecidas entre as células fotorreceptoras enxertadas e as
células neurais, e os pesquisadores conseguiram detectar atividade neural nas
células fotorreceptoras na região transplantada quando os animais foram
expostos à luz.”.
Em conclusão, o cientista afirmou: "Nosso método, no entanto,
permite a formação espontânea de um tecido retinal plano, já polarizado e
organizado, como ocorre na retina embrionária humana".
Uma importante oftalmologista do CBV Hospital de Olhos de Brasília,
declarou que a degeneração macular é um grande desafio para a medicina, "Mas
o que vemos no estudo é um tratamento promissor, pois atua diretamente na
origem e seu desenvolvimento. O tratamento com células-tronco tem um grande
potencial porque pode atuar precocemente, evitando a instalação da doença. Isso
é crucial, pois a retina é um tecido nervoso e, quando lesado, não se recupera.".
À toda evidência, o estudo sobre células-tronco, com especial destaque
para a recuperação da cegueira cerebral e da perda de visão dos idosos
constitui medida fantástica, mostrando verdadeiro avanço na esperança dos
cegos, especialmente aqueles que até já se conformaram com essa triste doença.
Diante de importante pesquisa que pode beneficiar grande quantidade de
pessoas cegas por causa da idade, a sociedade, as entidades que lutam pela defesa
dos deficientes da cegueira e todos os organismos de defesa dos direitos
humanos precisam aumentar reivindicações às autoridades incumbidas da saúde
pública, com vistas à priorização do interesse do Brasil para propiciar o
devido tratamento aos brasileiros carentes da visão, o mais rapidamente
possível.
Enfim, apelam-se por que esse estudo se conclua o mais breve possível e
que o novo método científico resultante possa ter aplicação em escala mundial,
para beneficiar enorme legião de pessoas que perdeu a visão por causa da idade
avançada e realmente precisa de novo tratamento especializado para voltar a enxergar.
Brasília, em 15 de janeiro de 2025
Nenhum comentário:
Postar um comentário