quarta-feira, 15 de janeiro de 2025

Esperança de visão

 

Atualmente, cientistas estudam, com profundidade, a origem de problemas visuais, em especial a cegueira cerebral e a perda de visão, que ocorrem, com frequência, devido ao avanço da idade, cujas pesquisas recentes revelaram resultados positivos com a utilização de células-tronco, que sinalizaram para a esperança na recuperação da visão.

A degeneração da visão, relacionada especialmente com a idade, é uma das causas da perda irreversível de visão em adultos, em que pesem os tratamentos disponíveis, que ainda carecem de maior efetividade.

Não obstante, recente estudo publicado na revista Developmental Cell mostra mecanismos sinalizando para o desenvolvimento de novos tratamentos, que objetivam identificar importantes alvos terapêuticos capazes de interromper a progressão da doença.

A aludida pesquisa utilizou células-tronco humanas para modelar aquela doença, tendo conseguido melhorar a visão de modelos animais, por meio de investigação de genes relacionados à doença e às distrofias maculares hereditárias.

Segundo os cientistas, foi identificado “o epitélio pigmentar da retina (EPR), que desempenha um papel crucial na DMRI, acumula depósitos de lipídios e proteínas, conhecidos como drusas, que são, muitas vezes, um sinal precoce da doença.”.

Essa proteína existe em excesso no paciente estudado, a qual tem capacidade para bloquear a atividade de outras substâncias essenciais para a saúde ocular, por meio do aumento de enzima inflamatória, que, por sua vez, contribui para a formação de substância prejudicial ao normal funcionamento da retina.

Ao bloquear a atividade da enzima inflamatória com um inibidor molecular, os cientistas reduziram a formação das drusas (degeneração macular relacionada à idade), com indicação de bom alvo terapêutico, conforme a seguinte assertiva de um cientista: "Se conseguirmos interromper o acúmulo das drusas, podemos prevenir a progressão da doença para os estágios mais graves, que levam à perda de visão".

O oftalmologista-chefe de retina no Visão Hospital de Olhos, de Brasília, afirmou que a utilização de células-tronco humana é uma estratégia muito promissora para estudar doenças, como a degeneração macular relacionada à idade, porque "Ao focar na proteína TIMP3 e sua relação com a formação de drusas, os pesquisadores não só aumentam a compreensão dos mecanismos da doença, mas também abrem a porta para novos tratamentos direcionados a interromper esse processo.".

O mencionado médico disse que a pesquisa em curso representa avanço no entendimento das causas celulares da DMRI e oferece potencial estratégia terapêutica baseada no bloqueio das proteínas inflamatórias, tendo afirmado que, "Caso esses achados sejam confirmados em estudos clínicos, isso poderia transformar o tratamento de milhões de pessoas afetadas, oferecendo um incremento no arsenal terapêutico para essa doença.".

Como não existe tratamento para substituir a mácula (região central da retina) danificada, cujo local é rico em células fotorreceptoras, que são essenciais para a percepção de cores e para enxergar detalhes finos, esse estudo é da maior importância na busca de esperanças para a revitalização dos olhos e da visão.

A ótima notícia é que pesquisadores da Universidade de Montreal, no Canadá, conseguiu recuperar a visão de miniporco, com o emprego de transplante de retina feito com células-tronco, com base no estudo publicado na revista Development, que desenvolveu o método para indução das células de modo que elas se organizassem imitando a estrutura da retina humana.

As células-tronco foram "reprogramadas", de modo que o potencial pode se transformar em qualquer tipo, permitindo a criação de "folhas retinais" enriquecidas com versões imaturas das células fotorreceptoras cones, que podem amadurecer para se tornar células cones com o seu cultivo em laboratório.

As aludidas folhas são transplantadas em modelos animais, conforme esse esclarecimento de um cientista: "Escolhemos miniporcos porque o tamanho dos seus olhos é semelhante ao dos humanos e eles têm um peso comparável ao de uma pessoa, o que possibilita realizar as cirurgias de forma similar àquelas feitas em humanos".

O cientista explicou que, “após o transplante, os enxertos de retina se juntaram com sucesso ao tecido retiniano danificado dos miniporcos. Além disso, os animais apresentaram sinais de visão restaurada, novas conexões neurais foram estabelecidas entre as células fotorreceptoras enxertadas e as células neurais, e os pesquisadores conseguiram detectar atividade neural nas células fotorreceptoras na região transplantada quando os animais foram expostos à luz.”.

Em conclusão, o cientista afirmou: "Nosso método, no entanto, permite a formação espontânea de um tecido retinal plano, já polarizado e organizado, como ocorre na retina embrionária humana".

Uma importante oftalmologista do CBV Hospital de Olhos de Brasília, declarou que a degeneração macular é um grande desafio para a medicina, "Mas o que vemos no estudo é um tratamento promissor, pois atua diretamente na origem e seu desenvolvimento. O tratamento com células-tronco tem um grande potencial porque pode atuar precocemente, evitando a instalação da doença. Isso é crucial, pois a retina é um tecido nervoso e, quando lesado, não se recupera.".

À toda evidência, o estudo sobre células-tronco, com especial destaque para a recuperação da cegueira cerebral e da perda de visão dos idosos constitui medida fantástica, mostrando verdadeiro avanço na esperança dos cegos, especialmente aqueles que até já se conformaram com essa triste doença.

Diante de importante pesquisa que pode beneficiar grande quantidade de pessoas cegas por causa da idade, a sociedade, as entidades que lutam pela defesa dos deficientes da cegueira e todos os organismos de defesa dos direitos humanos precisam aumentar reivindicações às autoridades incumbidas da saúde pública, com vistas à priorização do interesse do Brasil para propiciar o devido tratamento aos brasileiros carentes da visão, o mais rapidamente possível.

Enfim, apelam-se por que esse estudo se conclua o mais breve possível e que o novo método científico resultante possa ter aplicação em escala mundial, para beneficiar enorme legião de pessoas que perdeu a visão por causa da idade avançada e realmente precisa de novo tratamento especializado para voltar a enxergar.

Brasília, em 15 de janeiro de 2025

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