Em mensagem que circula na internet, constam a imagem de imortais da
Academia Brasileira de Letras e a seguinte mensagem, in verbis: “IMPERDÍVEL!
(omiti o nome) fará recital de poesia na Academia Brasileira de Letras
com entrada gratuita. O evento chamado ‘Uma Academia Toda Prosa’ acontece dia
11 de março no Salão Nobre da instituição e promete ser um momento especial de
celebração da literatura. (omiti o nome) vai ler textos de outros
acadêmicos como Ailton Krenak, Ana Maria Machado, Antônio Torres, Ignácio de
Loyola Brandão, Paulo Coelho, Ruy Castro e Machado de Assis. Viva!”.
Como se vê, trata-se de imortal que faz o papel de mera leitora de textos de outros
imortais e isso, por si só, traduz o ato bastante melancólico, quando o normal
seria o imortal pronunciar os próprios textos.
Nunca se viu tamanha e explícita decadência intelectual da Academia
Brasileira de Letras, em que uma famosíssima imortal, que é deusa do teatro, se
dar ao luxo de declamar poesias não da sua lavra, porque ela nada escreveu, mas
sim de outros célebres escritores imortais, inclusive do mais importante deles,
o criador da academia, o venerável Machado de Assis.
À toda evidência, essa lamentável aberração de a veneranda casa de
Machado de Assis acomodar pessoa que nada escreveu de notável ser considerada
imortal sem ter obra escrita que expresse e justifique a sua presença e o
título como tal de escritora, mas sim de ilustre atriz, expressa, por si só, inominável
absurdo, quando o próprio nome da casa se refere claramente sobre
"letras", ou seja, casa de autores de letras, de obras literárias,
por excelência, justamente para homenagear os verdadeiros e autênticos
escritores.
Não se quer, em absoluto, renegar nem diminuir as notáveis qualidades
dessa grandiosa atriz, porque isso seria absurdamente impossível, diante do
brilhantismo do seu enorme sucesso conquistado no mundo artístico inerente ao
seu trabalho nos palcos próprios de atriz, com notáveis papéis desempenhados no
cinema, na televisão e nas demais arenas teatrais e artísticas, sendo
merecedora dos aplausos exatamente nas searas da sua atuação e representação dos
gêneros a que se refere o seu trabalho artístico, mas jamais em terreno
destinado exclusivamente aos escritores, assim pensado por seu admirável mentor
da academia, o sempre grandioso e genial escritor Machado de Assis.
É preciso ficar muito claro que essa imortal merece ser aplaudida e
laureada com os melhores louros possíveis, por ter conquistado o mais elevado
patamar da carreira artística, mas no palco próprio da carreira trilhada por
ela, enquanto a Academia Brasileira de Letras se destina a homenagear os
verdadeiros e fidedignos escritores brasileiros, na forma prevista no seu
estatuto de criação e nos termos da sua institucionalização.
Brasília, em 10 de janeiro de 2025
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