sábado, 3 de maio de 2025

Idolatria

 

Conforme mensagem postada nas redes sociais, uma admiradora do último ex-presidente do país fez a seguinte declaração, in verbis: “Entendam: nós não idolatramos o (omiti o nome). Estamos com ele porque não concordamos com corrupção; ideologia de gênero; aborto; drogas; comunismo; impunidade; perseguição religiosa; violência; doutrinação nas escolas; regulamentação das mídias; invasão de propriedades; e destruição de família.”.     

Merecem pleno respeito as pessoas que se dizem idólatras de políticos, por eles defenderem princípios que são fundamentais, em termos da evolução da sociedade, que realmente precisa de apoio e estabilidade quanto à estruturação da família brasileira.

Na verdade, a história mostra que somente a defesa dos princípios saudáveis não são extremamente importantes para alicerçar a base política de qualquer pessoa pública, como se outros imprescindíveis atributos fossem compensados por estes, quando há necessidade de que as qualidades na vida pública sejam abrangentes, com a exigência de outros relevantes predicativos, a exemplo de tolerância, sensibilidade, compaixão, competência, compreensão e principalmente respeito à dignidade humana.

Não se pode ignorar que o político em referência demonstrou aderência aos melhores sentimentos de patriotismo, como defensor da boa causa, mas o seu governo foi extremamente voltado para permanentes políticas controversas, principalmente na condução das políticas de combate à pandemia do coronavírus, em razão de muitas de suas atitudes dissentirem do sentimento humanitário, quando ele decidiu se tornar o principal gestor das atividades que eram próprias do órgão especializado, quando ele não entendia nada de medicina nem de experiência em tão difícil e complexa crise sanitária.

Ou seja, diante da sua insensibilidade no trato com o combate à Covid-19, que causou mais de 700 mil mortes, ele foi cognominado de negacionista e até de genocida, ante a ausência de qualidades próprias para a compreensão sobre a sua exata compostura diante de tão delicada situação de calamidade da saúde pública, que apenas mereceu, do governo dele, os cuidados mínimos necessários ao combate à doença do século.

O outro ponto que marcou gravemente a personalidade desse político foi o seu injustificável enfrentamento com integrantes de outro poder da República, em que ele se mostrou extremamente insensato, em forma de agressão completamente incompatível com a liturgia do cargo de chefe do Executivo, que precisava ser tolerante, diplomático, educado, em consonância com as funções de estadista, que tem a incumbência de cuidar exclusivamente das obrigações inerentes ao Estado, sem qualquer interferência em nenhum outro poder, embora ele tivesse extrapolado o importante limite inerente ao cargo presidencial, causando enorme instabilidade institucional, cujas consequências foram as piores possíveis.

Em síntese, esses fatos mostram que o verdadeiro sentido da idolatria deveria preencher ou abranger não somente a defesa dos bons princípios de civilidade, mas também de outros importantes atributos que são recomendados como indispensáveis na vida pública, principalmente quando fatos diferentes têm significativa influência no conjunto dos atos praticados por ele, à vista dos enormes reflexos na história da população e do país, como de fato terminou acontecendo com o governo dele, profundamente carregado de atritos e polêmicas, a ponto de o sistema e os brasileiros decidirem pelo seu afastamento do poder.

Apelam-se por que os brasileiros se conscientizem de que é muito importante a idolatria e apoio a políticos, não somente em razão da defesa dos salutares  princípios, mas pelo conjunto da sua obra, que realmente precisa ser avaliada em forma muito mais de amor aos interesses do Brasil do que da própria personalidade.

Brasília, em 30 de abril de 2025

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