quinta-feira, 29 de maio de 2025

O descaso?

Em mensagem que circula nas redes social, um jornalista faz extensa abordagem sobre o escândalo que ficou conhecido como a Operação Pés de Barro, em que políticos roubaram dinheiro do projeto que destinava recursos para o incremento de uma barragem, cujas obras foram interrompidas até o presente momento, certamente em enorme prejuízo tanto para o erário como para a população.

A mensagem informa que faz cinco anos da revelação dos fatos irregulares, mas, pasmem, ainda não se tem conhecimento sobre o julgamento do caso, nem muito menos sobre a restituição dos recursos desviados, mas um dos políticos envolvidos nesse affair se encontra solto e exercendo tranquilamente o cargo de deputado federal, como se ele fosse o político mais honesto do planeta.

O texto que aborda em minúcia o desvio de dinheiro público, que devia servir para a realização de importante obra que supriria a carência de água para a população, terminou indo para os bolsos de inescrupulosos e desavergonhados políticos, é autoexplicativo, por retransmitir a realidade dos fatos investigados pela polícia especializada, que não deixa a menor margem de dúvida sobre a materialidade da autoria da criminalidade perpetrada contra o erário.

Esse é fato que não há prova material em contrário, por iniciativa nem dos acusados nem da polícia competente nem, muito menos, da Justiça, que pode ter esquecido de cumprir o seu dever constitucional de julgar o caso, em que pese o envolvimento de dinheiro público desviado da sua finalidade legal.

Em se tratando de irregularidade contra a administração pública, compete, em princípio, ao Ministério Público e à Justiça promoverem a agilização das medidas necessárias à recuperação dos danos causados ao erário, se realmente eles aconteceram, e a punição aos criminosos, com vistas aos seus efeitos pedagógicos de se evitarem a reincidência de fatos semelhantes.

Agora, causa bastante estranheza que políticos acusados até a raiz sobre a sua efetiva participação nesse imbróglio conhecido com Oposição Pés de Barro não tenham tido interesse em provar perante a sociedade ou mais especificamente perante os seus eleitores a sua inocência, que seria o normal quando se trata de situação em que isso é possível se provar que não houve qualquer irregularidade, quando, ao contrário, a preferência é o silêncio e a postergação sine die do julgamento do caso, talvez como forma de se assegurar a continuidade no exercício de cargos públicos eletivos.

Não seria mais elegante, em termos da transparência e da moralidade, na vida política, que os acusados se esforçassem em esclarecer os fatos irregulares imputados à autoria deles, como forma indispensável de se mostrar a sua inocência, tão valiosa para quem é profissional da política?

E aqui, como fica a reputação dos eleitores de político que é acusado de se beneficiar de dinheiro sujo e não tem o menor interesse em devolver o dinheiro desviado e provar a quitação dos valores pertinentes ou ainda provar a sua inocência, conforme o caso?

Enquanto nada disso acontece, fica, sim, a dúvida sobre a honestidade dos políticos que são acusados da prática de irresponsabilidade contra a administração pública, exatamente porque isso não condiz com os princípios da dignidade humana, do decoro e da decência por parte de quem exerce cargo público eletivo, que precisa comprovar a imaculabilidade de seus atos, na vida política.

Acontece que novos pleitos eleitorais se aproximam e isso é mais do que oportuno para que os eleitores, em nome da própria dignidade e da valorização do seu voto, exijam dos candidatos que estejam respondendo a processos penais e criminais, a comprovação da sua regularidade perante o erário e à Justiça, de modo que o seu histórico político possa se conformar com os desideratos da política, que somente condizem com os princípios da moralidade, da honestidade, da competência e da responsabilidade, que são apropriados ao exercício de atividades políticas.

            Brasília, em 28 de maio de 2025 

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