Enfim, a sociedade se mobiliza, de forma
organizada, em vários estados brasileiros, para protestar, com faixas e
palavras de ordem, contra a exacerbada corrupção com recursos públicos e os privilégios
concedidos aos parlamentares e demais políticos, principalmente no que tange aos
pagamentos de supersalários e vantagens exagerados e incompatíveis com a
produtividade desses servidores públicos. Também mereceram destaque faixas com
mensagens dirigidas ao Supremo Tribunal Federal, implorando por socorro no
sentido de que seja agilizada a apreciação do processo referente ao mensalão,
marco da roubalheira aos cofres públicos. Essa forma de protesto demonstra com
muita clareza a indignação da sociedade, que, enfim, começa a se despertar
sobre a real gravidade e a ação prejudicial da criminosa organização dos
corruptos políticos ao desenvolvimento econômico-social do país, que ainda contribui
para a verdadeira degradação dos princípios éticos e morais, não condizentes
com a dignidade e a honradez que todo homem público é obrigado a observar no
desempenho de suas funções públicas. A indignação dos manifestantes também se
dirige contra a leniência com a impunidade, ficando explícita a revolta contra
a incisiva falta de punição aos corruptos, que são tratados apenas de
malfeitores, expressão inapropriada e indevida pronunciada pela presidente da
República sempre que seus ministros e apaniguados são flagrados com as mãos
sujas e cheias de dinheiros dos contribuintes. Não há a menor dúvida de que compete
à sociedade combater com veemência o câncer da corrupção, da propina e do
tráfego de influência na administração pública, molesta essa que tem terrível
poder de causar sérios prejuízos ao povo brasileiro, devido ao inescrupuloso
desvio de recursos públicos dos programas governamentais, prejudicando os
sistemas de saúde, de educação, de segurança pública etc. Os participantes
dessa pacífica e importante manifestação cívica merecem efusivos encômios,
máximo porque a brilhante ideia mostra que os protestos são de intolerância com
essa pouca vergonha da corrupção que assola o país de Norte a Sul, evidenciando
que as pessoas se tornam profissionais da política com o exclusivo propósito de
levar vantagem com os recursos públicos, deixando a sociedade desprovida dos
benefícios que lhe são de direito, nos termos da Carta Magna. Urge que o povo
brasileiro se conscientize sobre a necessidade de deixar de ser refém da
bandidagem política, mas, para tanto, terá que votar em alguém que tenha
compromisso com a moralidade e dignidade, em se tratando da res publica. Convém que essa
demonstração de coragem, de brasilidade, de altruísmo e de amor à pátria seja
permanente e sobretudo crescente em todo o país, notadamente na época das
campanhas eleitorais e mais propriamente das eleições, quando o arraigado sentimento
de repúdio à corrupção deve ser manifestado de forma acentuada, com a
necessária ênfase na escolha dos candidatos ficha limpa, comprometidos,
comprovadamente, com a dignidade,
moralidade e probidade administrativa, deixando claro que o povo não
tolera mais conviver com a absurda banalização da impunidade que, infelizmente,
vem imperando na administração pública do país. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 23 de abril de 2012
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