sábado, 7 de abril de 2012

A fauna em perigo

Num dia, a imprensa noticia que a bestialidade humana foi capaz de desmatar, em 2012, o triplo do ano anterior. No outro, a próxima informação, também não menos alentadora, é no sentido de que o Brasil já tem pelo menos 250 novas espécies ameaçadas de extinção, na última década, conforme dados, ainda preliminares, constantes da lista da fauna em risco que o Instituto Chico Mendes - ICMBio prepara para o fim de 2014, levando em conta o estado de saúde dos animais brasileiros em uma década. Essa avaliação tem por parâmetro diversas medições sobre o tamanho das populações e do grau de fragmentação dos habitats, conforme o estado de "vulnerabilidade", "perigo", "criticamente em perigo", "extinção da natureza" e "extinção". A situação parece preocupar bastante o futuro da fauna brasileira, uma vez que o número real de animais em perigo aumenta progressivamente, diante do permanente e continuado processo de alteração das áreas nativas, por conta do crescimento desordenado do país, principalmente com o impacto decorrente da construção de hidrelétricas, com o seu poder de destruir e transformar imensas áreas, com a inundação e retenção das águas, e de forçar mudanças radicais no habitat dos animais existentes nas regiões afetadas, notadamente os peixes. É pena que esse tesouro da natureza sofra permanente ameaça de extinção, devido à ganância econômica do Homo sapiens, que, com a sua ferocidade e o seu desamor, é capaz de modificar o meio ambiente de forma predatória, desrespeitando o sagrado direito dos animais silvestres e contribuindo para a sua gradativa extinção. Um país que não tem política específica para combater com rigor a destruição da floresta e da fauna, com eficiente fiscalização, planos de proteção e garantia da vida dos animais silvestres e especialmente previsão de penalidade dura para quem maltratar e contribuir para a dizimação da fauna, não pode ter a esperança da preservação da espécie animal. Aliás, ultimamente, nem mesmo o bicho homem vem merecendo a devida atenção dos governantes, que pouco fazem para evitar que ele seja amontoado nos hospitais públicos, em sofrimento, sem socorro, esperando o alívio final, em verdadeiro contraste com a situação de um país que ostenta o título de sexta economia do mundo e ainda tem a mandatária com avaliação de desempenho em nível astronômico, batendo todos os recordes dos seus pares. Não dá para entender tanta incoerência, tendo em vista o estado de abandono dos brasileiros e dos recursos naturais do país, de miséria, de fome, de doença, de analfabetismo, de falta de iniciativa para acabar com a falta d´água do Nordeste, de insegurança, de violência, mas com a concessão de privilégios para as classes políticas e econômicas dominantes, que convivem sem dificuldade e com as facilidades e as indecências das falcatruas impunes. Urge que a sociedade se desperte dessa letargia cívica e exija que os governantes gerenciem o patrimônio dos brasileiros, abrangendo todos os segmentos, com eficiência, não permitindo que a fauna também seja trucidada. Acorda, Brasil!
 Animais são anjos disfarçados, mandados à terra por Deus para mostrar ao homem o que é fidelidade.” Arthur da Távola 
          
ANTONIO ADALMIR FERNANDES

Brasília, em 07 de abril de 2012

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