quarta-feira, 4 de abril de 2012

Você acredita?

Segundo pesquisa realizada pelo Ipobe, a pedido da Confederação Nacional da Indústria (CNI), a aprovação pessoal da presidente da República atingiu 77%, e somente 19% dos pesquisados desaprovam a maneira de ela governar o país. Essa pesquisa mostra novo recorde da presidente, desde o início do seu mandato e teve ampliada sua popularidade, em que pese o crescimento modesto do Produto Interno Bruto em 2011, de apenas 2,7%, e a turbulência decorrente da crise política com seus aliados no Congresso Nacional. Curiosamente, nessa pesquisa, as matérias mais lembradas, de forma espontânea, pelos entrevistados sobre o governo foram os "programas sociais voltados para mulheres" e as "viagens da presidente Dilma". Não deixa de ser verdadeira palhaçada o fato de que tão somente 2.002 eleitores terem sido ouvidos, em 142 municípios das regiões do país. Numa nação continental com 190 milhões de pessoas, chega a ser mais do que risível, ridícula e altamente suspeita a realização de pesquisa abrangendo pouco mais de duas mil pessoas, representando um milésimo da população, e o mais grave ainda é se concluir com total segurança que a aprovação de alguém, com base nessa armação, atinge quase 80%. Isso não deixa de ser muito estranho e acima de tudo uma afronta à dignidade dos brasileiros que têm um pouco de inteligência e sensibilidade política. Quem vive no Brasil, certamente vai entender que a pesquisa trata da avaliação de mandatária de outro país, porque aqui a presidente da República ainda não disse para que veio e nada fez para combater a corrupção; gerenciar com competência e eficiência os negócios dos brasileiros; e reformar estruturalmente o Estado, com vistas a tornar a máquina pública enxuta, racional e funcional, sem loteamento dos órgãos aos aliados; a diminuir a altíssima carga tributária; a reduzir os juros; a dar prioridades às necessidades básicas dos brasileiros, como educação, saúde, segurança, transportes, infraestrutura etc., a diminuir os encargos previdenciários e sociais; e, enfim, adotar efetivas medidas com a finalidade de possibilitar que a população usufrua na plenitude as riquezas do país, agora considerado a sexta economia mundial, embora a sua qualidade de vida reflita uma das piores do planeta, tendo por base os índices de avaliação dos órgãos competentes. É muito provável que nem a presidente da República e seus asseclas acreditem nessa vergonhosa farsa, porque isso, na verdade, não corresponde em absoluto à realidade dos fatos, por mais boa vontade que o bom-senso tente imaginar. Seria interessante que pesquisa de avaliação dessa natureza fosse realizada com maior seriedade, imparcialidade e abrangência, de modo a respaldar o seu resultado, utilizando critérios claros e distintos sobre classes sociais, grau de conhecimento etc. Sempre ficam dúvidas quando pesquisas dessa ordem são divulgadas, dando margem para conclusões sobre pouca confiabilidade quanto aos seus fins e ainda suscitando suspeitas sobre os locais com possível dominação ou influência de interesses. A verdadeira sociedade brasileira anseia por que os governantes sejam avaliados pelo que efetivamente realizam em benefício do país e que isso reflita a realidade dos fatos, sem motivo de contestação nem precisar envergonhar ninguém diante de pesquisa eivada de suspeição e de inverdades. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
 
Brasília, em 04 de abril de 2012

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