domingo, 8 de abril de 2012

Responsabilização urgente

A região serrana do Rio de Janeiro, em especial a cidade de Teresópolis, foi atingida novamente por fortes chuvas, causando cinco mortes e quase mil pessoas desabrigadas, que não suportaram a devastação dos deslizamentos. Além disso, houve necessidade da interdição de 160 casas. Faltam ainda avaliar e mensurar os danos causados ao patrimônio dos cidadãos. Aliás, os prejuízos materiais, ao que tudo indica, são de somenos importância, em se tratando que tragédia semelhante ocorreu no ano passado, na mesma região e nenhum plano de contenção ou precaução foi executado para evitar tragédia natural. Na ocasião, as autoridades governamentais até esboçaram alguma iniciativa, prometendo mundos e fundos, chegando a contar com a liberação de recursos públicos, que foram facilmente desviados antes mesmo que qualquer obra fosse iniciada. É muito estranho que nada tenha sido solucionado, mas o dinheiro liberado foi surrupiado e, por causa disso, ninguém ficou preso e os políticos estão novamente prometendo tomar as devidas providências e há começo de tudo, com as mesmas promessas, inclusive o repasse de mais verbas. É bem provável que, neste presente momento de infortúnio, de dor e lamentações, a cidade serrana esteja mais cheio de políticos do que de moradores, a se lamentar pelo ocorrido e garantindo que tudo vai ser devidamente corrigido e melhorado, quanto mais que este ano tem eleições municipais, para prefeito e vereadores. Na verdade, o povo brasileiro não só tem fama de que não sabe votar como realmente vota pessimamente, como no caso do Rio de Janeiro, onde a ausência do Estado permite que a bandidagem domine e ocupe parcela significativa da Cidade Maravilhosa, diante da conivência das autoridades constituídas, que, nos últimos tempos, foram obrigadas, por força das circunstâncias, a tanger alguns traficantes para regiões um pouco distantes do centro da cidade, para mostrar à comunidade internacional que, no Rio, há segurança suficiente para a normal realização da Copa do Mundo. Por sua vez, as favelas são ocupadas de forma irregular, onde reinam a violência e a insegurança em cada barraco, sendo dominadas pelos traficantes ou pelas milícias, que subjugam seus moradores às suas regras, tudo com o conhecimento e o beneplácito das autoridades. Mesmo diante de tanta falta de competência, autoridade, civilidade, governo e de palavra, a população carioca ainda tem a imperdoável fraqueza de reeleger pessoa desqualificada e despreparada diante da generosidade desse povo. Não é possível que a sociedade carioca continue passiva, concordando com esses fatos terríveis nem com o desgoverno e ainda votando em quem não tem competência para impedir ou até mesmo socorrer as desgraças e as tragédias. O pior dessa triste realidade é que a incompetência política tem o apoio dos eleitores, por continuarem votando e elegendo maus gestores de recursos públicos. A sociedade carioca tem o dever de reagir; de se posicionar contra esses maus políticos, não os elegendo para cargo algum; de exigir que os recursos públicos sejam aplicados na reconstrução das cidades afetadas pelas enchentes e no reaparelhamento da segurança pública; e de defender a responsabilização das autoridades envolvidas, não somente quanto à omissão inerente aos investimentos nas regiões arrasadas pelas enchentes, mas em especial pelas mortes e pelos prejuízos causados à população. Acorda, Rio de Janeiro!

ANTONIO ADALMIR FERNANDES
 
Brasília, em 07 de abril de 2012

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