domingo, 1 de abril de 2012

Taj Mahal

A presidente da República, após concluir a sua primeira viagem oficial à Índia, fez questão de realizar visita privada ao Taj Mahal, na cidade de Agra, antes de retornar ao Brasil. Quanto à visita oficial, a governante brasileira aproveitou para afiançar a relação bilateral com aquele país, por ele ser importante para a união de forças no cenário global, objetivando aumentar seu cacife na tomada de decisões junto aos organismos internacionais. Durante a estadia de cinco dias na Índia, a presidente assistiu a 4ª cúpula do grupo de potências emergentes Brics, que reúne Brasil, Índia, China, Rússia e África do Sul. Essa participação da mandatária brasileira em eventos internacionais é bastante salutar para as relações com os países em desenvolvimento, tendo por objetivo fortalecer as políticas de comércio exterior, ampliar as possibilidades de crescimento das exportações dos produtos nacionais e assegurar a expansão do emprego no país. Agora, não fica nada bem para a imagem da presidente abarrotar a sua comitiva de pessoas que se aproveitam unicamente para fazer turismo à custa do contribuinte, como no caso da viagem anterior, que contou com a “honrosa” participação do governador da Bahia e seus assessores, e desta vez tem a companhia do governador da Paraíba, ou seja, cada viagem, para agrado político, há sempre necessidade de se levar um governador a tiracolo, apenas como sobrepeso, mas, no entanto, fazendo jus às gordas diárias, às mordomias e regalias de praxe, tudo por conta do erário, por se tratar de viagem oficial. Também pegou bastante mal essa visita particular ao Taj Mahal, uma das sete maravilhas do mundo, naturalmente também sob os auspícios financeiros do povo brasileiro. Há quem diga que os mandatários brasileiros anteriores também aproveitavam de expediente semelhante, diga-se de passagem, nada recomendável com recursos públicos, porquanto é de bom tom que sejam seguidos e copiados apenas os bons exemplos. Com certeza, nos países civilizados, os mandatários são incapazes de utilizar dinheiro público para custear passeios e turismos de comitiva e tripulação. Os governantes brasileiros devem se conscientizar de que viagem a trabalho não comporta city tour, salvo se, para esse evento, não receberem diárias e ainda indenizarem as despesas pertinentes, com relação também à inútil comitiva de familiares e amigos e da tripulação. Na verdade, a fotografia da presidente mostrando ao fundo a suntuosidade do mausoléu Taj Mahal contrasta com as imagens veiculadas pela televisão nos hospitais, dando conta da precariedade do atendimento médico-hospitalar aos brasileiros, onde as pessoas são amontoadas, depositadas em lugares infectocontagiosas, à espera de assistência durante dias, semanas e meses, em intenso sofrimento, sem que haja socorro adequado. Sem dúvida, a sociedade não pode mais aceitar que esse estado de calamidade pública perdure, enquanto é visível a farra com o dinheiro dos altíssimos impostos, que são gastos, sem escrúpulo algum, em passeios presidenciais, sem questionamento dos órgãos de controle, do Ministério Público ou da sociedade. Urge que as despesas públicas sejam devidamente justificadas, como forma de demonstrar a sua boa e regular aplicação, inclusive indicando a base legal que as ampare, em especial quando se referirem aos dispêndios da Presidência da República, que tem a obrigação de dar exemplo à administração pública sobre a regularidade, a moralidade e a economicidade dos seus atos. Acorda, Brasil!   

ANTONIO ADALMIR FERNANDES

Brasília, em 31 de março de 2012

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