Ao tomar
conhecimento dos nomes dos parlamentares que integram a Comissão Parlamentar
Mista de Inquérito, destinada à apuração do escândalo envolvendo um senador da
República, o empresário pivô dos fatos fraudulentos caiu na gargalhada e ainda
adiantou sua ansiedade para saber as perguntas formuladas por alguns
integrantes que ele conhece. A referida comissão, composta por 16 deputados e
16 senadores, vai investigar as relações do empresário de jogos ilegais com
políticos e agentes privados. Diante desse fato, percebesse, com clareza, que
este país não é realmente sério, quando seu povo é obrigado a assistir um
delinquente ri de quem tem o poder de investigá-lo, certamente como forma de
desprezo e descrédito, ao saber dos nomes dos membros da comissão incumbida de
apurar suas graves traquinagens, envolvendo também o mundo sujo da política.
Talvez o empresário estivesse rindo com o propósito de zombar da cara dos
brasileiros ou ainda por conhecer muito bem o grau de moralidade que os
políticos possuem e até mesmo onde as apurações são capazes de avançar e
esclarecer algum fato de interesse da sociedade. O certo é que já se tornou
prática costumeira uma CPI ser formada por membros escolhidos a dedo, como no
caso em comento, em que oitenta por cento deles foram indicados pelo governo, com
as características amoldadas à consecução dos seus interesses, obviamente para
a condução dos trabalhos na forma e nas condições ajustadas à sua orientação.
Não há a menor dúvida de que não foi somente o empresário corruptor que caiu na
gargalhada, porque a nação também não se conteve e se desmanchou em
intermináveis risadas, diante do picadeiro montado com a melhor da palhaçada em
atuação no cenário congressista, cuja pantomima foi preparada para desviar a
atenção da mídia e da opinião pública para novos fatos, cuja apuração não deve resultar
em absolutamente nada, porque, na realidade, o seu principal objetivo, de maior
significância, é exatamente a tentativa de apagar o intenso foco que estava
dirigido para o julgamento do escandaloso processo do mensalão, justamente em
ano eleitoral, em que o seu resultado poderá macular seriamente o destino
político dos governistas e dos igualmente aliados fisiologistas, devido à
exposição ao país da verdadeira organização criminosa esquematizada para o
desvio de recursos públicos, destinados à compra de parlamentares para garantir
apoio político ao governo no Congresso Nacional, bem como fortalecer a nebulosa
coalizão em nome da sua permanência no poder. O descrédito nas instituições
políticas atingiu nível alarmante, a tal ponto que, nem mesmo começaram as
investigações da sua alçada, o resultado dos trabalhos já é motivo de gozação e
de piadas, à vista da mediocridade apresentada ao final de todos os casos
objeto de denúncias apuradas por Comissões Parlamentares de Inquérito, em que
nada acontece senão a elaboração de gigantesca pizza de sabores indigestos para
a sociedade, que apenas tem a obrigação de pagar os vencimentos dos parlamentares
para encenarem espetáculos de péssima qualidade. Urge que a sociedade se conscientize
sobre a necessidade da total renovação dos atuais governantes e parlamentares,
muitos comprometidos com a incompetência e o enraizado sistema podre da
corrupção, de modo que ainda sejam possíveis moralizar as instituições
políticas, apurar devidamente os fatos irregulares e punir com severidade os
culpados, salvando, enfim, a nação do descrédito e da desconfiança. Acorda,
Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 28 de abril de 2012
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