sábado, 28 de abril de 2012

Risada do descrédito

Ao tomar conhecimento dos nomes dos parlamentares que integram a Comissão Parlamentar Mista de Inquérito, destinada à apuração do escândalo envolvendo um senador da República, o empresário pivô dos fatos fraudulentos caiu na gargalhada e ainda adiantou sua ansiedade para saber as perguntas formuladas por alguns integrantes que ele conhece. A referida comissão, composta por 16 deputados e 16 senadores, vai investigar as relações do empresário de jogos ilegais com políticos e agentes privados. Diante desse fato, percebesse, com clareza, que este país não é realmente sério, quando seu povo é obrigado a assistir um delinquente ri de quem tem o poder de investigá-lo, certamente como forma de desprezo e descrédito, ao saber dos nomes dos membros da comissão incumbida de apurar suas graves traquinagens, envolvendo também o mundo sujo da política. Talvez o empresário estivesse rindo com o propósito de zombar da cara dos brasileiros ou ainda por conhecer muito bem o grau de moralidade que os políticos possuem e até mesmo onde as apurações são capazes de avançar e esclarecer algum fato de interesse da sociedade. O certo é que já se tornou prática costumeira uma CPI ser formada por membros escolhidos a dedo, como no caso em comento, em que oitenta por cento deles foram indicados pelo governo, com as características amoldadas à consecução dos seus interesses, obviamente para a condução dos trabalhos na forma e nas condições ajustadas à sua orientação. Não há a menor dúvida de que não foi somente o empresário corruptor que caiu na gargalhada, porque a nação também não se conteve e se desmanchou em intermináveis risadas, diante do picadeiro montado com a melhor da palhaçada em atuação no cenário congressista, cuja pantomima foi preparada para desviar a atenção da mídia e da opinião pública para novos fatos, cuja apuração não deve resultar em absolutamente nada, porque, na realidade, o seu principal objetivo, de maior significância, é exatamente a tentativa de apagar o intenso foco que estava dirigido para o julgamento do escandaloso processo do mensalão, justamente em ano eleitoral, em que o seu resultado poderá macular seriamente o destino político dos governistas e dos igualmente aliados fisiologistas, devido à exposição ao país da verdadeira organização criminosa esquematizada para o desvio de recursos públicos, destinados à compra de parlamentares para garantir apoio político ao governo no Congresso Nacional, bem como fortalecer a nebulosa coalizão em nome da sua permanência no poder. O descrédito nas instituições políticas atingiu nível alarmante, a tal ponto que, nem mesmo começaram as investigações da sua alçada, o resultado dos trabalhos já é motivo de gozação e de piadas, à vista da mediocridade apresentada ao final de todos os casos objeto de denúncias apuradas por Comissões Parlamentares de Inquérito, em que nada acontece senão a elaboração de gigantesca pizza de sabores indigestos para a sociedade, que apenas tem a obrigação de pagar os vencimentos dos parlamentares para encenarem espetáculos de péssima qualidade. Urge que a sociedade se conscientize sobre a necessidade da total renovação dos atuais governantes e parlamentares, muitos comprometidos com a incompetência e o enraizado sistema podre da corrupção, de modo que ainda sejam possíveis moralizar as instituições políticas, apurar devidamente os fatos irregulares e punir com severidade os culpados, salvando, enfim, a nação do descrédito e da desconfiança. Acorda, Brasil!
 
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
 
Brasília, em 28 de abril de 2012

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