domingo, 29 de abril de 2012

Falta de senso

Por mais que as críticas e censuras da sociedade e da imprensa sejam ardorosas e frequentes, denunciando os atos absurdos e suspeitos protagonizados pelos políticos brasileiros, nada disso tem surtido mínimo efeito, porque a insensibilidade dos homens públicos não tem limite e continua a desafiar a inteligência e a paciência da sociedade, como no caso da aprovação do nome da esposa do governador do Piauí para ocupar o cargo de Conselheiro do Tribunal de Contas daquele Estado, órgão que tem a incumbência, pasmem, de fiscalizar e controlar a execução dos recursos públicos da gestão do esposo da nova Conselheira. Nem precisa de muito esforço para se perceber a promiscuidade e a falta de cuidado para o preenchimento de cargo tão importante no controle externo do patrimônio da sociedade, ficando demonstrada com muita clareza a pouca significância quanto aos requisitos que deveriam ser satisfeitos pelo ocupante desse destacado cargo público vitalício, como conduta ilibada e notórios conhecimentos de administração financeiro-orçamentária, economia, contabilidade e direito, além de capacidade e experiência no âmbito da administração pública. Essa situação evidencia completa desmoralização e absoluto descrédito por parte da Assembleia Legislativa do Estado, ao chancelar a indicação de pessoa que terá a incumbência de fiscalizar os atos praticados pelo próprio esposo, em flagrante afronta aos salutares princípios da ética, da moralidade e de todos quantos são exigidos para o bom desempenho da administração pública. Por seu turno, o sistema Tribunais de Contas sofre golpe terrível e mortal, por ser, de forma desrespeitosa, obrigado a aceitar nos seus quadros membro proveniente de mera indicação com o requinte da costumeira maldade política, desprovida do indispensável cuidado de preservar os requisitos inerentes ao notório saber para ocupação do cargo. Não há a menor dúvida de que, nesses casos de ocupação de cargos em tribunais, por notória influência política e não por mérito profissional, como deveria sempre prevalecer em casos que tais, evidentemente na atual forma vigente, devem reclamar o questionamento por parte do Ministério Público, como forma de moralizar essa pouca vergonha de políticos sempre terem a primazia da indicação para ocupá-los, exigindo que a legislação que rege a matéria seja fielmente observada, não permitindo que pessoas desqualificadas ou com possíveis suspeições, principalmente por vínculo familiar, sejam contempladas graciosa e imerecidamente com esse tipo de benesse. A sociedade tem o dever cívico de repudiar com veemência esses atos espúrios e inescrupulosos dos políticos brasileiros, convalidando atos contrários aos princípios da administração pública e ao interesse da sociedade, em total desarmonia com a construção de um Estado transparente, eficiente e próspero, bem assim com a pureza e a regularidade da gestão dos recursos públicos. Acorda, Brasil!

ANTONIO ADALMIR FERNANDES

Brasília, em 28 de abril de 2012

Nenhum comentário:

Postar um comentário