quarta-feira, 16 de maio de 2012

Apelo de mãe

Uma mãe desesperada apela à presidente da República para evitar que seu filho seja executado na Indonésia, onde foi preso, em 2004, por tráfico de drogas e condenado à morte. Em consequência da denegação dos recursos impetrados na Justiça desse país, a esperança dela, como a única chance de evitar a pena de morte, é conseguir a extraditado e o regresso do seu filho ao Brasil. Ela disse que "Sei da condenação, que ela existe, mas não penso na pena de morte. A situação do Rodrigo hoje é bem difícil. No ano passado, a Justiça negou a apelação. Agora só resta um pedido de perdão ao presidente da Indonésia. Será sim ou não, é o último recurso" e concluiu "Para que ele possa voltar ao nosso país, a pessoa que tem esse poder é a presidente Dilma. (Queria) que ela olhasse com carinho. Ela, como mãe, pode imaginar o que é a dor de uma pessoa que esteja longe. É um apelo muito forte, de mãe para mãe.". Essa questão é bastante complicada diante da certeza de que incontáveis mães, igualmente aflitas, já tiveram seus lares destruídos mediante a ação insana de traficantes de drogas, como a praticada pelo rapaz condenado à morte na Indonésia. Noutras situações, viciados são capazes de assassinar pessoas, inclusive membros da família, roubar e praticar crimes violentos, tudo sob efeito ou por causa das drogas como as traficadas por aquele rapaz. Será que há justificativa plausível para a intervenção da autoridade máxima do país em prol de alguém que trabalhou diretamente para a desgraça e destruição de pessoas? Haveria alguma garantia desse cidadão à sociedade se, livre da pena capital, não voltaria a cometer a infelicidade do seu próximo? Não obstante, como ser humano, dar perfeitamente para sentir a intensa dor que essa mãe, destroçada com a situação, vem sentindo com a iminência da perda do seu amado filho, que, contrariamente, não demonstrou um pingo de amor para com ela, nem com ele próprio, à vista da sua tresloucada atitude suicida, pondo em seríssimo risco a sua vida, em aventura sem retorno, em se tratando de incursão em país onde existe política séria e adequada para combater com o devido remédio a praga das drogas, que dizima sem piedade a vida humana e causa outros infortúnios à sociedade. Essa senhora tem todo direito de recorrer e pedir socorro às autoridades do seu país, para que o seu sofrimento não seja ainda maior pela omissão de não intentá-los, como última medida que qualquer pessoa, na sua situação, também faria. Não se pode, agora, condená-la pela possível má criação do seu filho, porque o descaminho dele, por certo, pode não ter tido a participação dela, quando se sabe que a organização criminosa do mundo das drogas ignora completamente a ação dos pais, que são impotentes para lidar com essa poderosa força do mal, que atua justamente com a finalidade da destruição da sociedade. Não há dúvida de que, nos países onde existe legislação frouxa e obsoleta de controle e combate ao narcotráfico, como o Brasil, o seu povo vive em permanente padecimento, como no lamentável caso dessa mãe angustiada, cuja solução para a questão do seu filho se tornou complicada e impossível de final feliz. A sociedade brasileira espera e confia que o caso em comento sirva de lição positiva, em termos de seriedade e rigidez em combate ao tráfico e uso de drogas, para o governo aprimorar e modernizar a legislação pertinente ao caso, de modo que o povo seja efetivamente protegido desse câncer da modernidade, porque o claro descaso oficial a problema tão grave e a falta de punições duras somente contribuem para beneficiar as ações devastadoras dos narcotraficantes. Acorda, Brasil!  
 
ANTONIO ADALMIR FERNANDES

Brasília, em 15 de maio de 2012

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