Conforme reportagem publicada na revista
"Veja", o ex-presidente da República tentou convencer um ministro do
Supremo Tribunal Federal a adiar o julgamento do mensalão, oferecendo-lhe, como
troca, blindagem na CPI que investiga as relações do bicheiro com políticos e
empresários. Embora não tenha dado detalhes, o ministro confirmou o encontro
com o petista e o conteúdo da interlocução havida, tendo afirmado: "Fiquei perplexo com o comportamento e as
insinuações despropositadas do presidente Lula". O ex-presidente disse
ao ministro, segundo a revista, que é "inconveniente" julgar o
processo agora e chegou a fazer referências a uma viagem a Berlim em que o
ministro se encontrou com o senador investigado por suas ligações com um
bicheiro. O ministro demonstrou irritação com as insinuações do petista, que disse
a ele que poderia "ir fundo na CPI".
Dando seguimento à sanha na tentativa da traficância da sua poderosa
influência, o ex-presidente convidou o presidente do Supremo para tomar um
vinho com ele e um amigo comum, também ministro da Excelsa Corte de Justiça. O presidente
do STF confirmou o convite, dizendo que “Ele
nunca me pediu nada e não tenho motivos para acreditar que havia malícia no
convite", porém a "luz
amarela só acendeu quando Gilmar Mendes contou sobre o encontro, mas eu
imediatamente apaguei, pois Lula sabe que eu não faria algo do tipo". A
mesquinha atitude do ex-presidente, na tentativa de adiar o julgamento do
mensalão até atingir a prescrição das penalidades, demonstra claramente a falta
de caráter e o desespero do mentor do maior escândalo político protagonizado
com o objetivo de perenidade no poder, tudo com a finalidade de livrar de
responsabilização e da cadeia seus asseclas, aliados na execução das operações
fraudulentas com recursos sujos. Esse fato deixa patenteada a forma da
esperteza “política”, com a tentativa de chantagear ministro para aderir às
suas sujeiras, sobressaindo mais uma vez a sua habilidade como grande cara de
pau manipulador, em proveito de sua bandalheira disseminada para desmoralizar
as entranhas da democracia brasileira, que, nesses últimos tempos, de tão
chafurdada com o vergonhoso lamaçal da fisiologia política confunde-se com
verdadeira pocilga entre amigos. Faz bem os ministros do Supremo em não se
curvarem à falta de promiscuidade que já conseguiu contaminar o âmago dos
Poderes Executivo e Legislativo e destruir as suas raízes e os seus princípios,
atingindo o ser humano no seu mais sagrado íntimo moral. As incursões do
ex-presidente, no caso em comento, são, no mínimo, indecorosas e evidenciam o
desespero de quem teme que o escandaloso mensalão venha à lume e faça o estrago
político proporcional aos danos já causados à sociedade. A politicagem aflorada
na mente das lideranças retrógradas do país envergonha o povo brasileiro, que,
se quisesse, poderia dizer não a indecência que grassa impunemente. A sociedade
anseia por que os
ministros do STF resistam
até a morte contra a corrupção que se instalou neste país, não permitindo que a
sua nobre missão constitucional seja corrompida por influência espúria e
poderosa, contaminada com o vírus da destruição dos bons princípios da
moralidade, ética, legalidade e juridicidade. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 26 de maio de 2012
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