Pelo menos em época
eleitoral, o Santuário Terço Bizantino, situado na zona sul da capital de São
Paulo, já se tornou campeão de audiência entre os candidatos que se dizem católicos,
por certo na tentativa de convencer significativa parcela do eleitorado sobre
sua preferência à mesma religião e seu culto aos princípios verdadeiramente
cristãos, foto esse que poderá ser fortalecido se contar com o respaldo do
seu pároco mais famoso, que arrasta multidões por ali. No último sábado, o
pré-candidato petista à prefeitura paulistana esteve frequentando aquele
templo, recebendo a hóstia consagrada, em missa que seria comandada pelo
referido padre, mas ele, de forma inteligente, não compareceu ao santuário,
talvez para não participar de uma abominável farsa. Essas missas, como se sabe,
já se tornaram tradicionais agendas de campanha de candidatos, como ocorreu em
2010, quando os principais candidatos à Presidência da República se duelaram
de forma ardorosa, com a finalidade de defender posições de fé, a ponto de
desprezar os reais compromissos de campanha e, por causa disso, quase foram
considerados freira e padre, de tanto se enfronharem em assuntos religiosos e
mostrarem fidelidade aos princípios cristãos. Agora, parece estranha e inconcebível
a forma pela qual o aludido pré-candidato, sendo cristão ortodoxo, seja anunciado
como "presença especial" pelo celebrante, participe das orações
católicas, faça, pasmem, até leitura dos Atos dos Apóstolos e receba a hóstia
das mãos do celebrante. Tudo esse “sacrifício” deve se justificar pelo fato
de sua pessoa sofrer sérias críticas de setores religiosos mais conservadores,
por causa do kit anti-homofobia, produzido pelo Ministério da Educação para
combater a homofobia nas escolas, que não chegou a ser distribuído, mas valeu
a iniciativa da sua elaboração, com recursos públicos jogados pelos ralos. Esse
estranho expediente petista não é novidade, como relatado acima, o candidato
em situação periclitante nas pesquisas de preferência, embora de índole
comunista-leninista, inclusive com livros publicados sobre o tema, de repente
se apresente ao povo como fervoroso católico, com cara de anjo e todo
piedoso, diante de plateia incrédula e não acreditando no que estava
ocorrendo, mas entendendo perfeitamente que se tratava de fato de desespero
de um candidato que não consegue convencer a população sobre as suas
qualificações para administrar a principal e mais importante cidade do país. Essa
sua súbita pseudoconversão de ateu para o cristianismo pode ser mera
coincidência com o ano eleitoral, mas isso pode ser apenas o começo de tantas
invenções maquiavélicas petistas. Na verdade, logo ele vai se declarar
contrário ao aborto, ao kit gay, à eterna e completa incompetência no
gerenciamento do Ministério da Educação, onde foi titular e o ensino público
conseguiu regredir na sua gestão, etc., porque em ano eleitoral e não
emplacando nas pesquisas, o povo adora acreditar em artimanhas e mentiras
deslavadas. Esse artifício petista faz lembrar outra esperteza de “famoso” político
brasileiro que, após cumprimentar o povo nas ruas, imediatamente desinfetava
as mãos com álcool, demonstrando a sua repugnância e ojeriza àquele que o
elege, sem que este desconfie que era usado com atos de insinceridade e
indignidade. Em muitos casos, os candidatos extrapolam e exageram suas
encenações, como no caso em comento. A sociedade tem a obrigação moral de
recriminar as atuações artificiais e hipócritas de políticos que nada possuem
em termos de bagagem e conteúdo para oferecer como compromisso de gestão e
exigir mais seriedade dos candidatos, deixando claro que os púlpitos das
igrejas não podem servir de palanques de políticos para as suas campanhas
eleitorais. Acorda, Brasil!
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ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 14 de maio de 2012
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