quinta-feira, 10 de maio de 2012

Comissão da camaradagem

A presidente da República começou a compor a famigerada Comissão da Verdade, com a primeira indicação recaindo na pessoa da sua advogada durante a ditadura militar, no período de 1964 a 1985, medida essa que já foi confirmada pela causídica, que disse: "Recebi agora o comunicado da presidente". A advogada também defendeu o ex-marido da presidente, que também foi terrorista e preso político. Segundo informação palaciana, a presidente pode anunciar o mais rápido possível os nomes dos sete membros dessa comissão, que foi aprovada em novembro último e deve começar a trabalhar imediatamente, tendo por objetivo apurar as violações aos direitos humanos ocorridas de 1946 e 1988, com abrangência no período do Estado Novo, da ditadura do governo Vargas, até a publicação da Constituição Federal vigente. Cogita-se também que já houve a escolha do nome de outra pessoa para integrar a comissão, que é professor e atual presidente da Comissão Internacional Independente de Investigação da Organização das Nações Unidas para a Síria. Ele tem vasta experiência com a Justiça internacional, tendo sido membro da Corte Interamericana de Direitos Humanos da Organização dos Estados Americanos, para investigação de crimes em países da África, ministro dos Direitos Humanos durante parte do governo tucano e colaborador do ex-presidente da República. A verdadeira cara da Comissão da Verdade começa a ser mostrada, com a sua composição escolhida a dedo e constituída por pessoas da intimidade ou da confiança palaciana, o que acena claramente para a nação o real objetivo do seu resultado, que parece ser a busca somente dos fatos que interessam ao governo, quando, para o bem da verdade e até mesmo para possível justificativa da sua criação, se realmente há necessidade de investigar alguma coisa, devem ser apuradas todas e quaisquer violações protagonizadas por ambas as partes, não importando a extensão e a intensidade da brutalidade havida nesse período conturbado da história recente do país, porque essa verdade certamente a nação brasileira também desconhece completamente. Na verdade, não deixa de ser constrangedor para os brasileiros serem obrigados a respaldar uma medida a ser implementada sob seus auspícios, i.e., custeada com seus recursos, para servir aos caprichosos interesses exclusivos de um governo apenas desejoso de mostrar que a eficiente ação dos militares, atuando em estrita defesa da pátria, não permitiu que as investidas criminosas dos terroristas conseguissem o seu intento e, em consequências disso, prevaleceu a violência das partes envolvidas, cuja remoção ou levantamento perdeu relevância com a célebre Lei da Anistia, que teve por objetivo pôr pá de cal nessa triste história brasileira. A sociedade brasileira espera e confia que os componentes dessa missão dirigida e supervisionada pelo Planalto tenham independência e inteligência suficientes para mostrar ao país o que realmente aconteceu durante a ditadura militar, em especial, com a revelação fiel da brutalidade e truculência dos militares e dos terroristas, sob pena de se poder aquilatar que a instituição dessa comissão não passou de perda do tempo ocupado certamente por pessoas de altíssima qualificação profissional e de desperdício de recursos públicos. Acorda, Brasil!
                                                                       
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
 
Brasília, em 10 de maio de 2012

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