segunda-feira, 14 de maio de 2012

Inexplicável desprezo

A inclemente seca deflagrada no Nordeste, este ano, tem sido tão devastadora que já é considerada uma das piores dos últimos tempos e o mais grave disso é que seus principais impactos são terríveis, por atingirem áreas de vital importância para a sobrevivência não só da população, mas de todo conjunto de animais, tendo influência direta e preponderantemente na falta generalizada de água para o consumo das pessoas e dos animais; na escassez de alimentos para as pessoas e rações para os animais de criação e os selvagens; no súbito e elevado preço dos cereais, que, se não forem imediatamente abastecidos pelo governo, podem ocasionar fome e consequentes doenças, em especial nas famílias desprovidas de recursos financeiros; no possível êxodo rural, muito comum e em grau acentuado nessas épocas de dificuldades; e na fragilidade do processo de participação das pessoas quanto às causas comunitárias, em face da possível falta do indispensável apoio governamental, com recursos materiais e financeiros. Convém que o socorro proveniente dos setores competentes seja providenciado o mais rápido possível, sob pena de a demora provocar completa dizimação do pouco que ainda resta de disposição e coragem para enfrentamento de tamanhas agruras, que já atingiram o ápice dos limites humanos. Por ser um ano eleitoral, esperava-se que a ajuda oficial já tivesse batido às portas das pessoas necessitadas, mas, infelizmente, até agora os aproveitadores dos recursos públicos não tiveram a dignidade de mostrar suas caras nos locais flagelados. Essa questão envolvendo as estiagens e secas prolongadas pode ser resolvida com facilidade, bastando que os governantes tenham o mínimo de sensibilidade e racionalidade humanas e a simples iniciativa da implantação de políticas com ação permanente e abrangente e não apenas localizada, com enfoque e incidência nas regiões afetadas pela seca, de modo que o planejamento possibilite, além de outras providências concretas e não meras ações eleitoreiras pontuais, a captação e o armazenamento, nos períodos de chuvas abundantes, de água e de gêneros alimentícios suficientes para o suprimento das carências das pessoas e dos animais. A gravidade do momento acena para a urgente necessidade da mobilização da sociedade, para exigir a imediata adoção de políticas públicas exclusivas para a região, objetivando o atendimento das demandas agora verificadas e da implantação das medidas destinadas ao saneamento definitivo das causas nefastas que as mudanças climáticas provocam na região nordestina. Não obstante, não deixa de ser estranho que uma região, tão importante como a do Nordeste, seja periodicamente afetada e castigada com a terrível seca e não existam planos específicos para combatê-la com eficiência e de forma definitiva, o que demonstra com bastante clareza o gigantesco descaso dos governantes para com esse grave problema, os quais somente prometem o tempo todo, mas, em termos de efetividade, nada é providenciado para solucionar essa questão que incomoda demais e já se tornou recorrente, dando a entender que há total e inexplicável conveniência para a classe política não se empenhar de verdade, como é do seu inarredável dever, com a causa dos nordestinos, que há séculos sofrem com o mesmo malefício que martiriza de forma cruel aquela gente batalhadora. A sociedade clama por que os governantes federal, estaduais e municipais, com a devida urgência, se unam num só propósito e se conscientizem sobre a real necessidade da implantação de medidas efetivas e concretas, com capacidade suficiente para evitar, em definitivo, os maléficos impactos das secas no Nordeste, de modo que as ações emergenciais adotadas de tempo em tempo e os severos sofrimentos daquela brava gente sejam banidos para sempre daquele castigado cenário. Acorda, Brasil!

ANTONIO ADALMIR FERNANDES

Brasília, em 14 de maio de 2012

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