A inclemente seca deflagrada no Nordeste, este ano,
tem sido tão devastadora que já é considerada uma das piores dos últimos tempos
e o mais grave disso é que seus principais impactos são terríveis, por
atingirem áreas de vital importância para a sobrevivência não só da população,
mas de todo conjunto de animais, tendo influência direta e preponderantemente na
falta generalizada de água para o consumo das pessoas e dos animais; na escassez
de alimentos para as pessoas e rações para os animais de criação e os selvagens;
no súbito e elevado preço dos cereais, que, se não forem imediatamente abastecidos
pelo governo, podem ocasionar fome e consequentes doenças, em especial nas
famílias desprovidas de recursos financeiros; no possível êxodo rural, muito
comum e em grau acentuado nessas épocas de dificuldades; e na fragilidade do
processo de participação das pessoas quanto às causas comunitárias, em face da
possível falta do indispensável apoio governamental, com recursos materiais e
financeiros. Convém que o socorro proveniente dos setores competentes seja
providenciado o mais rápido possível, sob pena de a demora provocar completa
dizimação do pouco que ainda resta de disposição e coragem para enfrentamento
de tamanhas agruras, que já atingiram o ápice dos limites humanos. Por ser um
ano eleitoral, esperava-se que a ajuda oficial já tivesse batido às portas das
pessoas necessitadas, mas, infelizmente, até agora os aproveitadores dos
recursos públicos não tiveram a dignidade de mostrar suas caras nos locais flagelados.
Essa questão envolvendo as estiagens e secas prolongadas pode ser resolvida com
facilidade, bastando que os governantes tenham o mínimo de sensibilidade e
racionalidade humanas e a simples iniciativa da implantação de políticas com ação
permanente e abrangente e não apenas localizada, com enfoque e incidência nas regiões
afetadas pela seca, de modo que o planejamento possibilite, além de outras
providências concretas e não meras ações eleitoreiras pontuais, a captação e o armazenamento,
nos períodos de chuvas abundantes, de água e de gêneros alimentícios suficientes
para o suprimento das carências das pessoas e dos animais. A gravidade do momento
acena para a urgente necessidade da mobilização da sociedade, para exigir a
imediata adoção de políticas públicas exclusivas para a região, objetivando o atendimento
das demandas agora verificadas e da implantação das medidas destinadas ao
saneamento definitivo das causas nefastas que as mudanças climáticas provocam
na região nordestina. Não obstante, não deixa de ser estranho que uma região,
tão importante como a do Nordeste, seja periodicamente afetada e castigada com
a terrível seca e não existam planos específicos para combatê-la com eficiência
e de forma definitiva, o que demonstra com bastante clareza o gigantesco
descaso dos governantes para com esse grave problema, os quais somente prometem
o tempo todo, mas, em termos de efetividade, nada é providenciado para
solucionar essa questão que incomoda demais e já se tornou recorrente, dando a
entender que há total e inexplicável conveniência para a classe política não se
empenhar de verdade, como é do seu inarredável dever, com a causa dos
nordestinos, que há séculos sofrem com o mesmo malefício que martiriza de forma
cruel aquela gente batalhadora. A sociedade clama por que os governantes
federal, estaduais e municipais, com a devida urgência, se unam num só
propósito e se conscientizem sobre a real necessidade da implantação de medidas
efetivas e concretas, com capacidade suficiente para evitar, em definitivo, os
maléficos impactos das secas no Nordeste, de modo que as ações emergenciais adotadas
de tempo em tempo e os severos sofrimentos daquela brava gente sejam banidos
para sempre daquele castigado cenário. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 14 de maio de 2012
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