domingo, 20 de maio de 2012

Falta de dignidade

Por ter sido presa por militares em São Paulo, com passagem por quartel da Polícia Especial do Exército, na Tijuca/Rio de Janeiro, a presidente da República será indenizada no valor de R$ 20 mil, pelas torturas sofridas, além de ser uma das 120 pessoas homenageadas em cerimônia prestada pelo governo do Rio, para o anúncio das indenizações, em cuja ocasião ela receberá pedido de desculpa do Estado, em face da tortura. Por sua decisão, o valor em causa será doado ao grupo Tortura Nunca Mais do Rio de Janeiro, entidade é formada por ex-presos políticos e parentes de vítimas do regime. Essa história de indenização se encaixa como uma luva para os aproveitadores dos recursos públicos e não deixa de ser mais um vergonhoso e ignominioso ato que não tem qualquer pertinência e muito menos de plausibilidade, por faltar o mínimo de razão ou justificativa para esse propósito, tendo em vista que as pessoas presas e possivelmente torturadas foram aquelas que se insurgiram contra o regime e participaram, de forma voluntária e altruísta a seu modo, em defesa de sua ideologia, normalmente comunista-marxista, de grupos terroristas, com a exclusiva finalidade de contraposição à chamada ditadura, como no caso da cidadã em referência. A propósito, segundo relatam os historiadores e a imprensa, os revolucionários cubanos mandaram para o paredão milhares de serem humanos que se opuseram ao regime dos irmãos Castristas, ou seja, em bom e claro português, todos os opositores à revolução cubana foram sumária e definitivamente eliminados das belas praias caribenhas, enquanto, no Brasil, país continental, comparativamente àquela ilhota, houve o desaparecimento de 379 brasileiros que não concordaram com o regime de exceção e se submetam às consequências desastrosas. É evidente que essa ínfima quantidade de perdas humanas não é motivo para vanglória, porque o ideal é que não tivesse havido nenhuma morte, mas, à vista da extensão territorial, em idênticas circunstâncias, caso o Brasil tivesse utilizado o mesmo mecanismo dos trogloditas cubanos, hoje os brasileiros não estariam sendo obrigados a participar, com seus tributos, dessa absurda e indevida bolsa-ditadura e o pior é que não se pode fazer nada para evitar tal indignidade, por absoluta falta de justificativa, porquanto os militares certamente agiram em defesa das instituições do Estado e da sociedade e os “coitados” dos beneficiários das indecorosas indenizações jamais podem ser considerados anjinhos inocentes, quando eles próprios se orgulham de terem participado de atos de terrorismo, como assassinatos, sequestros com torturas, explosão de bombas, assaltos e tantos outros procedimentos de afronta à tranquilidade e à dignidade dos brasileiros. Na verdade, por questão de justiça e de sã consciência, não tem como classificar esses terroristas, que lutaram pela implantação de regime comunista no Brasil, de injustiçados, porque eles agiram por livre e espontânea vontade, em defesa das suas convicções ideológicas, sabendo perfeitamente do risco que corriam, não tendo, à toda evidência, direito a indenização de coisa alguma, por não haver justiça nisso. Em contraposição, até se justificaria, em decorrência de ato de bravura, em defesa das causas nacionais, o pagamento, com recursos públicos, de indenização, pensão ou outra forma estipendiária, mas por inteiro mérito, como forma de compensar real sacrifício pelo país. Agora, não deixa de ser vergonhoso e indecente alguém com maturidade intelectual reconhecida se dignar à percepção de inconcebível e tão questionável estipêndio, sem causa que o justifique. A sociedade anseia por que os cidadãos se conscientizem sobre a real necessidade de proceder com a devida nobreza de caráter, elegância e autoridade moral, não aceitando o recebimento de qualquer indenização com a finalidade de compensar sacrifícios meramente pessoais, sabidamente contrários aos interesses da pátria. Acorda, Brasil!
        
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
 
Brasília, em 19 de maio de 2012

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