terça-feira, 29 de maio de 2012

Basta de impunidade

A situação da violência no Brasil cresce em ritmo galopante e já se tornou incontrolável, tendo como beneplácito, entre outros fatores preponderantes, razões sociais, educacionais, de segurança pública e especialmente de impunidade. Este último aspecto merece destaque, porque a falta de penalidade exemplar aos culpados pelos crimes tem servido como principal incentivo à prática insana e cruel da brutalidade e da irracionalidade contra a humanidade. Mesmo se tratando de fato lastimável e deplorável, a sociedade, já calejada e decepcionada por não ser atendida no seu clamor por medidas eficazes e saneadoras do problema, nada mais faz para mudar esse inconcebível e terrível quadro de mazela social, quando, ao contrário, teria a obrigação de reagir e exigir que os governantes sejam incisivos quanto à adoção de medidas saneadoras duras, com vistas à priorização de políticas públicas voltadas para a resolução desse caos que afronta o futuro da nação. O maior temor que resulta de tudo isso é que a banalização da impunidade se torne cultura que passa a fazer parte do cotidiano da sociedade, diante da falta de perspectiva de conserto, porquanto não se tem conhecimento de iniciativa de medidas destinadas a reverter a tendência de descalabro da violência, em todas as suas formas de brutalidade. Além da preocupação com a melhoria do ensino público de qualidade, a intensificação da qualificação profissional, do ensinamento ao culto do respeito e do amor ao próximo, deveria ser instituída legislação penal mais realista, com medidas duras e eficientes, capazes de impor respeito à dignidade do ser humano, sem essa de conceder tanta e inaceitável redução de pena, por bom comportamento e por coisa que o valha, porque a punição deve ser devida pela gravidade do crime cometido e não associada ao modo como alguém se comporta na reclusão, ou seja, quem mata vai pagar pelo crime com trinta anos de reclusão e somente será liberado quando cumprir a pena aplicada pela Justiça, não importando o seu status social. Hoje, o mesmo crime pode ser punível, quando isso ocorre, com penas variáveis de anos, a depender das circunstâncias e do peso dos argumentos dos bons advogados, embora o objeto do julgamento seja sempre o mesmo, i.e., a interrupção da vida de alguém, no caso de assassinato. No Brasil, quando há punição pelo cometimento de crime, ela é tão ridícula que mais funciona como estímulo ao delito do que penalidade pedagógica e reparadora do culpado. Na realidade, o Código Penal carece de urgente aperfeiçoamento, de preferência com verdadeiro choque de modernização, estabelecendo que a Justiça atue em estrita obediência ao princípio isonômico para os cidadãos, aplicando as penas uniformemente para o mesmo crime. A sociedade tem a obrigação de acabar, com urgência, com a inaceitável impunidade que impera no país, exigindo que os governantes priorizem políticas públicas com a finalidade de debelar as causas que contribuem para o crescimento desenfreado da violência. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 29 de maio de 2012

Nenhum comentário:

Postar um comentário