A presidente da República decidiu indicar um amigo político
do PR, naturalmente com “notórios” conhecimentos bancários e financeiros, para
ocupar o importante cargo na vice-presidência de governo do Banco do Brasil, em
substituição de um especialista do setor. Com o preenchimento desse cargo com
um político, a presidente contempla os mimos daquele partido, que se sentia
bastante insatisfeito e choroso com a perda de espaço no governo, em especial após
as denúncias de irregularidades no Ministério dos Transportes, no ano passado,
que derrubou o senador corrupto que ocupava cadeira cativa desde o governo
anterior. A marca registrada desse governo é exatamente não surpreender mais
ninguém com suas nomeações de pessoas para ocupar cargos importantes, como
nesse caso, em que sai um profissional técnico, com experiência e entendedor do
que faz, e encaixa no seu lugar um político de carreira, naturalmente sem saber
coisa alguma de finanças, salvas as operações próprias da sua área política, facilitadas
pela importância do conhecimento com o compadrio, a camaradagem, o
sindicalismo, a ideologia fisiologista e outras indecências do mesmo gênero,
quanto mais em se tratando de membro do partido que teve seu presidente
escorraçado do cargo de titular daquele Ministério, por prática de corrupção.
Esse pensamento exclusivamente de acomodação dos apaniguados políticos na
ocupação de cargos de primeira linha é verdadeiro desserviço aos interesses
nacionais, pela nítida perda de qualidade e de melhores resultados da gestão,
funcionando de forma proporcional para prejudicar os rendimentos e os objetivos
da administração pública. Convém que essa mentalidade tacanha de gerenciar o
patrimônio público seja urgentemente revertida, com a mudança para diretrizes
modernas em busca da qualificação e do profissionalismo dos dirigentes, de modo
que os negócios do Estado sejam ministrados com ética, moralidade e decência. A
questão política, as amizades partidárias e o loteamento e o cabide de cargos
públicos não podem subsistir num país sério e responsável, porque isso confunde
com contemplações e agrados destinados à obtenção de aliança de bancada
política, em clara caracterização de inescrupulosa negociata e mera conivência
com a incompetência gerencial e a explícita compra, com recursos públicos, do
apoio aos objetivos governamentais. Essa vergonhosa política de lotear os
cargos públicos com os aliados se contrapõe a qualquer espécie de privatização,
mesmo que o ente estatal seja deficitário, diante da impossibilidade da distribuição
de cargos por sindicalistas, partidários, aliados políticos e outros afilhados,
pensamento esse totalmente contrário aos interesses do país. Na verdade, esse
tipo de indicação política
objetiva garantir troca de favores e possibilitar maior corrupção e tráfico de
influências, em contraposição aos salutares princípios constitucionais da
administração pública. O povo brasileiro precisa urgentemente se conscientizar
de que essa desonrosa política de moeda de troca de cargo público por apoio
político constitui verdadeiro desrespeito ao patrimônio nacional e fere os
princípios da competência, da economicidade, da honestidade, da moralidade, da
decência e em especial do compromisso de honrar fielmente os mandamentos legais
e constitucionais, que o governante tem o dever ético de observar
permanentemente. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 21 de maio de 2012
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