terça-feira, 22 de maio de 2012

Vergonhosa benesse

A presidente da República decidiu indicar um amigo político do PR, naturalmente com “notórios” conhecimentos bancários e financeiros, para ocupar o importante cargo na vice-presidência de governo do Banco do Brasil, em substituição de um especialista do setor. Com o preenchimento desse cargo com um político, a presidente contempla os mimos daquele partido, que se sentia bastante insatisfeito e choroso com a perda de espaço no governo, em especial após as denúncias de irregularidades no Ministério dos Transportes, no ano passado, que derrubou o senador corrupto que ocupava cadeira cativa desde o governo anterior. A marca registrada desse governo é exatamente não surpreender mais ninguém com suas nomeações de pessoas para ocupar cargos importantes, como nesse caso, em que sai um profissional técnico, com experiência e entendedor do que faz, e encaixa no seu lugar um político de carreira, naturalmente sem saber coisa alguma de finanças, salvas as operações próprias da sua área política, facilitadas pela importância do conhecimento com o compadrio, a camaradagem, o sindicalismo, a ideologia fisiologista e outras indecências do mesmo gênero, quanto mais em se tratando de membro do partido que teve seu presidente escorraçado do cargo de titular daquele Ministério, por prática de corrupção. Esse pensamento exclusivamente de acomodação dos apaniguados políticos na ocupação de cargos de primeira linha é verdadeiro desserviço aos interesses nacionais, pela nítida perda de qualidade e de melhores resultados da gestão, funcionando de forma proporcional para prejudicar os rendimentos e os objetivos da administração pública. Convém que essa mentalidade tacanha de gerenciar o patrimônio público seja urgentemente revertida, com a mudança para diretrizes modernas em busca da qualificação e do profissionalismo dos dirigentes, de modo que os negócios do Estado sejam ministrados com ética, moralidade e decência. A questão política, as amizades partidárias e o loteamento e o cabide de cargos públicos não podem subsistir num país sério e responsável, porque isso confunde com contemplações e agrados destinados à obtenção de aliança de bancada política, em clara caracterização de inescrupulosa negociata e mera conivência com a incompetência gerencial e a explícita compra, com recursos públicos, do apoio aos objetivos governamentais. Essa vergonhosa política de lotear os cargos públicos com os aliados se contrapõe a qualquer espécie de privatização, mesmo que o ente estatal seja deficitário, diante da impossibilidade da distribuição de cargos por sindicalistas, partidários, aliados políticos e outros afilhados, pensamento esse totalmente contrário aos interesses do país. Na verdade, esse tipo de indicação política objetiva garantir troca de favores e possibilitar maior corrupção e tráfico de influências, em contraposição aos salutares princípios constitucionais da administração pública. O povo brasileiro precisa urgentemente se conscientizar de que essa desonrosa política de moeda de troca de cargo público por apoio político constitui verdadeiro desrespeito ao patrimônio nacional e fere os princípios da competência, da economicidade, da honestidade, da moralidade, da decência e em especial do compromisso de honrar fielmente os mandamentos legais e constitucionais, que o governante tem o dever ético de observar permanentemente. Acorda, Brasil!

ANTONIO ADALMIR FERNANDES

Brasília, em 21 de maio de 2012

Nenhum comentário:

Postar um comentário