O festeiro e falastrão governador do Rio de Janeiro
foi flagrado, novamente, acompanhado do presidente licenciado da empreiteira
Delta, num chiquérrimo restaurante em Monte Carlo, no Principado de Mônaco, em
momento de celebração, muita animação e brindes com champanhe. Nada disso
passaria de mera confraternização sem a menor suspeita se o empresário não mantivesse
milionários contratos com o Estado por ele governado e também com a União.
Afora essa viagem a Monte Carlo, outras fotos mostraram o governador e sua
mulher em viagens à Europa, também acompanhados daquele empresário, comemorando
o aniversário da primeira-dama carioca, num restaurante em Paris. Os cariocas
sabem perfeitamente que a empreiteira Delta é responsável por
70% das obras do Programa de Ação do Crescimento – PAC, que foi concebido e
parido pela presidente da República, pois ela é considerada a mãe desse
famigerado programa, que tem a finalidade de facilitar a gastança do dinheiro
do povo brasileiro em obras superfaturadas e pouco úteis para beneficiar as
condições de vida da população. Diante desse fato, não há qualquer dificuldade
de se vislumbrar que essa festinha no “modesto” principado de Mônaco teve o
patrocínio, mais uma vez, do já sacrificado contribuinte. As fotos do luxuoso recinto
e do glamour dos convivas, todos animadamente rindo e se divertindo
fogosamente, são o retrato sem retoque do sentimento dos políticos com relação
ao povo brasileiro, demonstrando a forma banalizada de se divertirem em
encontros nababescos, regados com cardápios e bebidas caríssimos à custa
daqueles que, ironicamente, os elegeram, na expectativa de que eles não seriam
capazes de protagonizar tamanha indignidade e cafajestagem. O episódio em
comento, por si só, é bastante grave, mas se torna ainda mais deplorável por se
referir ao governador do Rio, que, de forma dramática e espalhafatosa, recentemente
implorava de maneira patética pelos recursos do pré-sal, por certo temendo que
a redução dessas verbas possa prejudicar suas sacanagens contra o povo. O certo
é que esse câncer político da corrupção com dinheiros públicos foi sedimentado
e fortalecido a partir da impunidade dos fraudadores do mensalão, cujo
procedimento por certo serviu de estímulo e fertilidade às práticas indecentes
e inescrupulosas, vicejando de forma descontrolada na administração pública,
nas esferas municipal, estadual e federal. Essa evidente destruição moral da
gestão dos recursos públicos tem o beneplácito do povo brasileiro, que convive com
a imundice e a contaminação dos efeitos da corrupção intrínseca no DNA dos
políticos e nada faz para combatê-la com a necessária eficácia, nem tampouco se
movimenta com a finalidade de recriminá-la, com iniciativa da criação de
mecanismos para punir ao seu alcance o malfeitor, pelo menos com a imediata decretação
da perda do cargo que foi conquistado com o voto do povo, que teria o legítimo
direito de igual modo revogar o seu voto para aquele cidadão, destituindo-o
desse cargo, justamente por ter se tornado indigno e desmerecedor de continuar
o ocupando. Urge que a sociedade se conscientize sobre a necessidade de reforma
política, que possibilite a imediata destituição, pelo voto popular, do
político corrupto do cargo, tão logo seja flagrado praticando irregularidades
com dinheiros públicos ou considerado indigno de continuar representando o povo
que o elegeu de forma democrática. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 03 de maio de 2012
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