domingo, 6 de maio de 2012

A insensatez

O médico psicanalista que proferiu palavras ofensivas e discriminatórias contra uma atendente de cinema, com agressões contrárias à dignidade humana, teve a petulância de declarar, após prestar depoimento na Delegacia de Polícia, que tudo não passou de um “lamentável episódio e mal entendido”. Por causa do seu comportamento de desequilíbrio, ele já foi indiciado por injúria discriminatória. Na ocasião, ele disse que trabalhou em missão médica na África e que "Ainda me tranquiliza declarar que tenho colaboradores e pacientes afrodescendentes, aos quais tenho dado grande parte da minha vida profissional, concedendo a eles o melhor do saber, da prática, carinho e dedicação médica.". Por fim, o médico divulgou uma carta com pedido de desculpas pelo ocorrido ao povo de Brasília e em especial à atendente do cinema, afirmando que é um “médico dedicado integralmente à assistência de todas as nacionalidades e classes sociais”. Não há a menor dúvida de que é totalmente extemporânea e até ridícula a manifestação desse cidadão, diante da truculência e da irracionalidade por ele protagonizada, produzindo, de forma impensada e totalmente desnecessária, violento ferimento à dignidade de pessoa simples e trabalhadora.  O seu truculento procedimento torna-se ainda mais grave por ser ele pessoa com formação intelectual e profissional que se diz preparada para dedicação aos cuidados e tratamento de pessoas carentes de assistência médico-psiquiátrica, da qual se espera o máximo de equilíbrio emocional e racional, mas de fato isso não ocorreu quando, de forma precipitada e insensata, teria tentado furar a fila de um cinema, sob a alegação de estar atrasado para a sessão, e, não o conseguindo, desferiu ofensas raciais, com infringência às normas constitucionais e penais, passíveis de punição por agressão verbal ao ser humano. Ao negar o episódio e o qualificar apenas de um mal entendido, o médico demonstra total incoerência ao pedir perdão. Além de não justificar nada,  esses fatos servem para reforçar de forma substancial a sua culpa no caso, máxime porque a sua patética estupidez foi protagonizada diante de testemunhas, que a repudiaram instantaneamente, solicitando a presença da segurança, que não foi capaz de interceptá-lo, em virtude da sua covarde e tresloucada disparada fugindo da responsabilidade, depois da lamentável imbecilidade. Embora o desequilibrado ato emocional do médico não tenha ocorrido no exercício da sua profissão, não há dúvida alguma de que cabe ao órgão da classe, ao qual ele se encontra vinculado, adotar medidas coercitivas cabíveis, como forma de preservar a confiança e a dignidade dos seus pares e da instituição. A sociedade brasileira repudia com veemência atitudes de desequilíbrio emocional e de insensatez dessa natureza e concita por que as pessoas sejam tratadas com espírito humanitário, carinho, amor e consideração uns pelos outros, não importando a sua etnia, o seu credo, a sua cultura, a sua ideologia ou algo do gênero, tendo em conta acima de tudo a necessidade da preservação das sublimes condições de respeito e dignidade que o homem precisa edificar permanentemente, para o progresso da humanidade. Acorda, Brasília!

ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 05 de maio de 2012

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