O médico psicanalista que proferiu palavras ofensivas
e discriminatórias contra uma atendente de cinema, com agressões contrárias à
dignidade humana, teve a petulância de declarar, após prestar depoimento na
Delegacia de Polícia, que tudo não passou de um “lamentável episódio e mal entendido”. Por causa do seu
comportamento de desequilíbrio, ele já foi indiciado por injúria
discriminatória. Na ocasião, ele disse que trabalhou em missão médica na África
e que "Ainda me tranquiliza
declarar que tenho colaboradores e pacientes afrodescendentes, aos quais tenho
dado grande parte da minha vida profissional, concedendo a eles o melhor do
saber, da prática, carinho e dedicação médica.". Por fim, o médico divulgou
uma carta com pedido de desculpas pelo ocorrido ao povo de Brasília e em
especial à atendente do cinema, afirmando que é um “médico dedicado integralmente à assistência de todas as nacionalidades
e classes sociais”. Não há a menor dúvida de que é totalmente extemporânea
e até ridícula a manifestação desse cidadão, diante da truculência e da
irracionalidade por ele protagonizada, produzindo, de forma impensada e
totalmente desnecessária, violento ferimento à dignidade de pessoa simples e trabalhadora. O seu truculento procedimento torna-se ainda
mais grave por ser ele pessoa com formação intelectual e profissional que se
diz preparada para dedicação aos cuidados e tratamento de pessoas carentes de
assistência médico-psiquiátrica, da qual se espera o máximo de equilíbrio
emocional e racional, mas de fato isso não ocorreu quando, de forma precipitada
e insensata, teria tentado furar a fila de um cinema, sob a alegação de estar
atrasado para a sessão, e, não o conseguindo, desferiu ofensas raciais, com
infringência às normas constitucionais e penais, passíveis de punição por
agressão verbal ao ser humano. Ao negar o episódio e o qualificar apenas de um
mal entendido, o médico demonstra total incoerência ao pedir perdão. Além de
não justificar nada, esses fatos servem
para reforçar de forma substancial a sua culpa no caso, máxime porque a sua patética
estupidez foi protagonizada diante de testemunhas, que a repudiaram
instantaneamente, solicitando a presença da segurança, que não foi capaz de
interceptá-lo, em virtude da sua covarde e tresloucada disparada fugindo da
responsabilidade, depois da lamentável imbecilidade. Embora o desequilibrado
ato emocional do médico não tenha ocorrido no exercício da sua profissão, não
há dúvida alguma de que cabe ao órgão da classe, ao qual ele se encontra
vinculado, adotar medidas coercitivas cabíveis, como forma de preservar a
confiança e a dignidade dos seus pares e da instituição. A sociedade brasileira
repudia com veemência atitudes de desequilíbrio emocional e de insensatez dessa
natureza e concita por que as pessoas sejam tratadas com espírito humanitário,
carinho, amor e consideração uns pelos outros, não importando a sua etnia, o seu
credo, a sua cultura, a sua ideologia ou algo do gênero, tendo em conta acima
de tudo a necessidade da preservação das sublimes condições de respeito e
dignidade que o homem precisa edificar permanentemente, para o progresso da humanidade. Acorda, Brasília!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 05 de maio de 2012
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