Conforme vídeo que circula nas redes sociais, um deputado federal tentar justificar o motivo pelo qual ele votou no novo presidente da Câmara dos Deputados, tendo alegado que ele deve o cargo ao ex-presidente do país, que também teria o apoiado, posto que ele somente teria sido eleito com o prestígio daquela autoridade.
Como você votou, deputado das defesas de grandes causas, todo mundo sabe
que foi igualzinho a todos que pregam a prática da retilineidade na política e
se curvam aos espúrios acordos vergonhosos e, pior, ainda mais deprimente, se
justificando como intransigente fidelidade ao seu líder-mor, que também se
mostrou capacho dos acordos interesseiros, espúrios e igualmente imundos.
O que se viu, com a sua insensatez, foi a prova real de que todos os
políticos são vendáveis e entregam até a mãe para salvar e defender as suas
causas.
Pouco importa agora a sua esfarrapada e injustificável desculpa, porque
ela é totalmente inaceitável, ante às circunstâncias, uma vez que nada consegue
justificar o desvio de conduta, em apoiar quem demonstrou não ter dignidade,
como a de se candidatar sem alianças e acordos espúrias, à vista da acomodação sob
as suas asas de partidos de ideologias diversas.
A situação posta na eleição da presidência da Câmara baixa, que mereceu
o apoio tanto da direita como da esquerda, envergonha toda classe política
brasileira, tendo em conta que o candidato vendeu a sua consciência para quem o
apoiasse, como vossa excelência, não importando senão o resultado da votação,
em detrimento da dignidade parlamentar.
Ele se obriga a fazer senão a vontade das lideranças políticas, o que
vale dizer que ele não passará de mero autômato dos deputados, sem nenhuma
autonomia própria para pautar os assuntos inerentes aos verdadeiros trabalhos
da Câmara dos Deputados, fato este que ele apenas se mantém no cargo decorativo,
por não ter autonomia para pautar absolutamente nada que seja permitido pelos
partidos.
A dignidade e o decoro parlamentares são objetivamente claros e
inconfundíveis, sem condicionantes e deveriam ser assim observados, como forma
de moralização das atividades legislativas.
À toda evidência, os esclarecimentos nada consistentes do deputado,
dizendo que acredita nos bons propósitos do seu líder, para votar em deputado
sem ética, por ter fechado acordos excrescentes com os partidos de diferentes
ideologias, têm o condam de reafirmar, nesse episódio, a sua falta de decoro,
quando ele se afasta da sua linha de
conduta de equilíbrio e moralidade, sempre defendida nas suas mais do que
contundentes críticas e denúncias, que certamente as consideravam justas e
apropriadas.
Infelizmente, deputado, a sua ficha se tornou igualmente suja como a as mesmas
dos corruptos contumazes, por apoiar candidato igualmente sem ética, sem
caráter e sem propósitos políticos, senão o de surfar nas ondas do faz de
contas do mero aproveitamento das benesses inerentes aos relevantes cargos
públicos eletivos.
Caso vossa excelência quisesse manter a estatura inerente à lisura
defendida na vida pública, bastava não ter apoiado com o seu voto candidato
indigno e desprezível, ou seja, simplesmente poderia ter mantidos a dignidade e
o decoro parlamentares, com a honrosa
abstenção, que é ato legítimo, que honra a moralidade dos justos.
Enfim, deputado, pode se tranquilizar de que o seu voto tem o mesmo peso
do pior corrupto do Parlamento, porque, juntos, ajudaram a eleger deputado
interesseiro e igualmente indecoroso.
Fique com a alma serena, deputado, porque agora vossa excelência já pode
merecer o mesmo sinete de tratamento de seus pares: impudico consciente.
Brasília, em 3 de fevereiro de 2025
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