terça-feira, 6 de setembro de 2011

Vergonhosa anomalia

O 4º Congresso do Partido dos Trabalhadores revelou entre outras de suas pérolas filosóficas e programáticas à de que não há qualquer importância a forma como são usados os meios para o atingimento dos fins colimados, a teor da lapidar e enfática assertiva lançada pelo “famoso” deputado federal pelo Estado do Ceará, flagrado literalmente com dólares na cueca, e irmão do não menos “insigne” ex-presidente do partido, atual assessor do Ministério da Defesa e réu no indigno processo do Mensalão, o célebre esquema arquitetado para desviar dinheiros públicos para o pagamento de propina a parlamentares, com vistas ao apoio aos projetos de interesse do governo no Congresso Nacional. O político foi vigoroso e enérgico, se referindo às alianças partidárias, sentenciando: “Não estamos preocupados se o Sarney é isso ou aquilo. Estamos preocupados com o PT. Não podemos ir para o isolamento, termos um projeto nacional.”. Já o presidente do PT afirmou: “... O PT não se diluiu nos pontos programáticos. Nossa militância não tem medo de aliança porque comanda o processo, dirige o programa e não perde identidade.”. O certo é que, embora patética a afirmação do parlamentar, ela expressa com fidelidade a forma vil e desprezível utilizada pelo partido para atingir o poder e nele permanecer a qualquer custo, inclusive com a promoção de alianças promíscuas, sem o mínimo de acanhamento ou vergonha, com partidos e políticos, segundo reconhece o deputado petista, com fama de cultuar práticas de atos e procedimentos suspeitos e até ilícitos, muitos deles sem a devida observância às regras e aos princípios éticos e de boa conduta moral, que deveriam imperar quando envolve a condução dos supremos interesses da nação. Na realidade, para a consecução de tão elevado intento, o sublime poder do Brasil, na concepção petista, vale tudo, inclusive atropelar os saudáveis princípios da honestidade e da licitude. Aliás, para o partido com tradição de considerar normais os escândalos que se sucedem desde a sua investidura no poder, essa preciosidade que acaba de ser revelada não deve lhe causar nenhum constrangimento, porque é natural que os iguais sejam enlameados e continuem se sujando no mesmo lamaçal. É difícil acreditar que mesmo com a demonstração da patente quebra dos valores democráticos, da prática de procedimentos antiéticos e do afronta aos princípios da seriedade e da honestidade políticas, o povo brasileiro, mesmo já tendo alcançado, de forma reconhecida, elevado nível cultural, moral, intelectual e de consciência eleitoral continue apoiando e chancelando os propósitos indignos de um partido declaradamente praticante de atos ilícitos, tendo por exclusiva finalidade a sua manutenção no poder, em visível prejuízo aos interesses da nacionalidade. Acorda, Brasil!

ANTONIO ADALMIR FERNANDES
 
Brasília, em 05 de setembro de 2011

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