terça-feira, 27 de setembro de 2011

O SAMU na UTI

A Rede Globo de Televisão exibiu no programa Fantástico, deste domingo, o caos que vem atravessando o sistema de Saúde Pública brasileiro, com destaque para o funcionamento das ambulâncias destinadas ao SAMU, tendo verificado que vários Estados receberam, nos exercícios de 2009 e 2010, diversos veículos preparados com equipamentos e instalações de pronto atendimento, porém muitos deles estão fora de uso desde o recebimento. No caso da Paraíba, que foi aquinhoada com expressiva quantidade de 160 ambulâncias, sendo que algumas estavam escondidas em depósito e jamais tiveram uso. Alguns servidores ainda esboçaram justificar o terrível incidente, porém as alegações foram apenas inverossímeis, ingênuas, amadoras e irresponsáveis, como se a sociedade compactuasse com essa imbecilidade e não tivesse senso crítico para censurar atos tão vergonhosos. Em síntese, houve as seguintes alegações: a) a secretária da Saúde de João Pessoa culpou a bagunça por falta de tempo: "Não se estrutura uma rede do dia para a noite", b) o secretário de Saúde da Paraíba disse que a culpa é do governo anterior, tendo admitido que 90 das 160 ambulâncias ainda estejam paradas, que vão continuar fora de uso por critérios técnicos; c) o ex-secretário de Saúde do Estado apenas falou que as ambulâncias foram entregues seguindo critérios técnicos. Em resumo, as argumentações são quase uniformes no sentido de que houve falta de estrutura para receber os veículos e necessidade de instalação física para as equipes. Pode-se perceber que esse rumoroso caso demonstra absoluta falta de dignidade por parte dos envolvidos, por não terem assumido a responsabilidade pela comprovada desídia funcional, em evidente desmazelo com a coisa pública e desprezo quanto à prestação de eficiente atendimento às necessidades sociais, no que diz respeito à pronta assistência aos casos de saúde pública, em havendo comprovada necessidade das ambulâncias ou, no pior das hipóteses, pela negligência na demora da devolução daquelas consideradas prescindíveis, em razão da inexistência de demanda, que deveria ter sido objeto de imediata avaliação no ato do recebimento dessas viaturas, haja vista que, sem dúvida, outras localidades vêm implorando pelos serviços do SAMU e não conseguem o merecimento da generosidade com que a Paraíba, como aludido acima, foi indevida e absurdamente contemplada com bastantes ambulâncias. Nesse episódio, são vislumbradas, de forma bastante patenteadas, a falta de compromisso do Estado com a prestação de assistência eficiente e de qualidade à saúde pública; a omissão do governo do Estado, permitindo com passividade a prevalência, por tanto tempo, de tamanha e inaceitável incapacidade gerencial na sua gestão e nada acontecendo para o imediato saneamento das falhas apontadas e a punição de forma exemplar dos culpados; e principalmente a ausência da indispensável fiscalização dos órgãos de controle, de modo a propiciarem que a máquina pública pudesse funcionar com competência, presteza, eficiência e eficácia, em sintonia com os anseios e as necessidades da população. Acorda, Brasil!

ANTONIO ADALMIR FERNANDES
 
Brasília, em 25 de setembro de 2011

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