|     No momento, há grande agitação na capital federal   com a escolha de um ministro para o Superior Tribunal de Justiça, com a deflagração   de verdadeira batalha de lobbies entre os partidários dos integrantes da   lista tríplice encaminhada à presidente da República. A mais forte trincheira   foi montada por parte do presidente do STJ, que tem uma cunhada entre os candidatos,   na condição de terceira indicada. Em declarada e inescrupulosa campanha, o   presidente do STJ tem visitado pessoalmente os deputados federais,   acompanhada da cunhada, para pedir-lhes apoio para ela, que já conta com a   declarada defesa do ex-governador petista do Estado de Mato Grosso do Sul e   do deputado cassado petista. Por sua vez, o primeiro candidato indicado na   listra tríplice tem o apoio do casal de ministros da Casa Civil e das   Comunicações, enquanto o segundo candidato conta com o apoio do presidente do   Senado Federal e do líder do PMDB no Senado. Essa explícita pouca vergonha e   falta de caráter dos envolvidos tem o condão de mostrar, a exemplo do que   aconteceu recentemente com a indicação de um ministro para o TCU, o quanto a   disputa para o preenchimento de cargos nos tribunais superiores do país   carece de decência, dignidade e respeito aos bons princípios de civilidade. O   modo como os homens públicos disputam o cargo de ministro mostra visíveis   práticas do jogo baixo empregado por todos os concorrentes, cada qual se   agarrando aos seus poderosos padrinhos, colocando para o sistema galáctico a   importância do mérito da questão, qual seja, a avaliação isenta, imparcial e   sem interferência indevida da qualificação e capacitação do candidato que tem   melhor condição de desempenhar o dignificante, no nome, cargo de ministro.   Contrariamente, o processo comporta o emprego do plano genuinamente brasileiro,   onde funciona o tradicional jeitinho no sentido de que o postulante indicado será   aquele que tiver maior “QI”, não de inteligência, mas de quem o indica, em declarado   prejuízo aos interesses nacionais, porque    essa promiscuidade tem seu preço, que é o “reconhecimento” em paga com   facilidades e arranjos na atuação do magistrado pelo “esforço” da conquista   de tão importante cargo. É uma eterna troca de favores, com o uso do serviço   público, por parte das autoridades envolvidas que contamina inclusive o poder   de quem decide, porque também não pode contrariar o pedido de seu melhor aliado   político. Normalmente, um país sério adota critério decente de escolha de   seus magistrados, mediante concurso público de provas, provas e títulos ou   por eleição democrática, não sendo permitida essa sebosa e escandalosa   escolha de cargo que é feita sem um pingo de escrúpulo com a participação das   principais autoridades dos três Poderes constituídos do país. Não à toa, os fatos em comento respaldam o resultado de   pesquisa realizada pela Fundação Getúlio Vargas, em que os entrevistados não   confiam na Justiça, cujo índice é inferior ao atribuído ao Congresso Nacional,   os quais figuram nos últimos lugares das instituições, quanto à credibilidade   de suas atuações. Nessa pesquisa, os entrevistados duvidam da honestidade do   Judiciário (64%), o consideram parcial (59%) e incompetente (53%). A sociedade anseia por que os   governantes se conscientizem de que esse sistema de escolha de magistrado não   contribui para o aperfeiçoamento da democracia, porque a sua reiterada   prática ofende a dignidade das pessoas de bem, denigre a credibilidade das   instituições públicas e macula a confiabilidade dos homens públicos. Acorda,   Brasil!   |        |    |
|     |   
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 22 de novembro de 2011
Nenhum comentário:
Postar um comentário