quarta-feira, 2 de novembro de 2011

SOS SUS

Embora possa parecer paradoxal, mas a repentina e grave doença do ex-presidente da República tem sido muito importante para o país, por oportunizar a colocação em debate e discussão pela sociedade, pela mídia e por todos os meios interessados a falência do sistema público de saúde, notadamente quanto à precariedade da prestação de assistência, que já se tornou um verdadeiro câncer de extensão nacional, tendo contaminado toda população que procura se tratar no SUS. Não à toa que grande parcela da sociedade preferiu relacionar o caso a uma questão de natureza prioritária, principalmente diante da situação calamitosa por que passa quem somente tem como alternativa o tratamento na rede de saúde pública. Segundo levantamentos promovidos pelo Tribunal de Contas da União, em 2010, aproximadamente 60 mil pacientes não conseguiram atendimento radioterápico, enquanto outros 80 mil deixaram de ser operados para extração de tumor. Ainda consta das conclusões do TCU que: "Além de não conseguir atender a todos - na radioterapia o índice de não atendidos é de 34% e em cirurgia, de 53% - os pacientes começam o tratamento muito depois do tempo devido. No caso dos procedimentos de quimioterapia, o tempo de espera médio foi de 76,3 dias e apenas 35% dos pacientes foram atendidos com 30 dias (prazo recomendado pelo Ministério da Saúde). Na radioterapia, o resultado é ainda pior: 113,4 dias de espera e apenas 16% atendidos no primeiro mês.". Não há qualquer dúvida de que ninguém vai querer que o “criador e dono” do país tupiniquim aliste-se nessa terrível e mortífera fileira do SUS, apenas para mero tratamento que pode ser feito sem muito sacrifício, em completa eficiência e celeridade, num hospital de referência, que tem condições de disponibilizar, sem problema, incomparável batalhão de médicos e corpo técnico altamente especializados, além de medicamentos e equipamentos de qualidade. A verdade é que está mais do que provado que o ser humano, para obter popularidade, sacrifica a própria consciência. Diferentemente da pessoa de caráter que luta e vive em função de ser aquilo que realmente é. Na história da humanidade, somente um homem de autêntico caráter deixou ser imolado por objetivo definido, cujo gesto serve de exemplo eterno de dignidade. Não seria agora que essa verdade pudesse ser contrariada. Veja-se que material para discussão sobre saúde pública tem com abundância e indica com clareza que o problema tem como única conclusão a profunda incompetência do governo, que gasta montanha de dinheiros com a saúde, mas de forma ineficiente, aleatória e evasiva que não satisfaz a ninguém, porque o atendimento é precário, deficiente e longe dos padrões de razoabilidade. É evidente que as causas são muitas, porém pesa acima de tudo a falta de gerenciamento e de controle, de fiscalização para confirmar o bom e regular emprego dos recursos e em especial para aquilatar o custo-benefício desse programa de suma importância para a vida dos brasileiros. Enquanto não houver priorização para a saúde pública, o atendimento pelo SUS está fadado ao caos e continua apenas passível de críticas que nunca serão ouvidas pelos responsáveis pela sua gestão, porque eles não estão interessados em coisa nenhuma, notadamente porque quando adoecem os bons hospitais estão de portas abertas, interessados em prestar os primeiros socorros, para ganhar fama e garantir notoriedade na mídia, em consonância com as tradições deste pobre país de homens públicos. Acorda, Brasil!        

ANTONIO ADALMIR FERNANDES

Brasília, em 02 de novembro de 2011

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