sábado, 12 de novembro de 2011

Fogo de palha

Há poucos dias atrás, o ministro do Trabalho implorava, de forma veemente e apelativa, por que alguém apontasse algo que o incriminasse com o envolvimento das irregularidades vindas à tona no órgão por ele comandado, quanto à existência de esquemas de desvio de recursos públicos via ONGs, tendo se colocado arrogantemente acima de quaisquer suspeitas e se arvorado como o paladino dos mais honestos dos mortais. Eis que, de repente, vem à lume constatação de que ele teria ajudado pessoalmente a ONG de colega de partido, ex-candidato a vereador pelo PDT em Brusque/SC, denominada Agência de Desenvolvimento do Vale do Rio Tijucas e Rio Itajaí Mirim - Adrvale, mesmo depois da instauração de inquérito criminal pela Polícia Federal, para apurar suspeita de irregularidades em convênio da entidade com a pasta. O primeiro convênio de R$ 6,9 milhões, para capacitação de trabalhadores, foi celebrado em dezembro de 2007. Em julho de 2008, a Controladoria Geral da União - CGU detectou irregularidades com o uso de verba pública e, em maio de 2009, indiciou um diretor da ONG, mas isso não impediu que, em fevereiro de 2010, o ministro assinasse, em Santa Catarina, dois novos convênios com essa ONG, totalizando R$ 13,6 milhões. Conforme a CGU, a citada entidade estaria fazendo uso de funcionários e empresas-fantasmas por conta do convênio. Agora, com a revelação de seu envolvimento direto em fatos suspeitos, o ministro fanfarrão preferiu afirmar, por meio de sua assessoria, que não tinha conhecimento da investigação da Polícia Federal sobre a Adrvale. Quanto ao presente caso, o ministro confirma, no mínimo, a sua incapacidade técnica e operacional de controlar o bom e regular emprego dos recursos liberados pelo ministério, além a falta de entrosamento com os órgãos de controle interno, pelo fato de dizer que desconhecia as investigações em apreço. Enquanto a força do inepto apadrinhamento político permanecer à frente dos principais órgãos da pesada, enorme e descontrolada máquina pública, a gestão dos recursos públicos ficará à mercê dos aproveitadores e principalmente dos aliados e correligionários políticos do governo e isso tem o condão de contribuir para o fracasso e o insucesso do desenvolvimento do país, tendo como supedâneas a leniência e a conivência dos governantes. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 11 de novembro de 2011

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