quinta-feira, 10 de novembro de 2011

Acefalia ministerial

As denúncias de corrupção no Ministério do Trabalho são apenas a continuação do capítulo interrompido com a exoneração do ministro do Esporte, que perdeu o cargo em razão da sua evidente incompetência para dirigir o órgão incumbido da organização da Copa de 2014. Os fatos se repetem na Esplanada mais importante do país, com a prática da montagem de banca de negociata nas barbas das autoridades, com a finalidade de desviar dinheiro público por meio de facilitações ou ameaças de dificuldades para o repasse dos recursos pertinentes a ajustes celebrados entre o governo e entidades, normalmente ONGs, numa promiscuidade vergonhosa e inaceitável, principalmente por ferir, entre outras regras fundamentais da administração pública, os princípios da probidade e moralidade. Revelados as falcatruas, os ministros, de pronto, seguindo a cartilha, juram inocência, honradez e probidade com recursos públicos, como no caso do “impoluto” ministro do Trabalho, que esbravejou, xingou, esculhambou e desafiou o mundo inteiro para apontar um pontinho de seu envolvimento com a sujeira denunciada, embora reconheça a gravidade dos fatos apontados. Por último, não sentido satisfeito com toda baboseira e descompostura em razão da importância do cargo que ocupa, ele desafiou a hierarquia presidencialista, ao afirmar que não acreditava na sua exoneração pela presidente da República: “Duvido que ela me tire”, disse, e concluiu: “Só saio abatido à bala”. Na história deste país, nunca se viu um ministro tão petulante e arrogante como esse do Trabalho, que desafiou até a autoridade da presidente da República, que, há pouco tempo atrás, demonstrou intolerância com outro ministro pouco menos aético do que esse e o mandou ir catar coquinhos. Aliás, o ministro do Trabalho é exemplo da marca registrada da incompetência desse governo, onde a ineficiência domina a máquina pública e nada é feito porque ela é comandada por políticos inaptos que se acham donos dos principais órgãos públicos. Não basta que o ministro seja apenas probo, convém que ele seja capaz, que a sua gestão seja eficiente, que os seus assessores sejam igualmente competentes e não corruptos, como sinalizam os atos de exoneração de três deles. No presente caso, o ministro é responsável também pelas irregularidades, pela prova de inaptidão para montar sua equipe com pessoas honestas. Esse governo já mostra conformismo com a fama de possuir nos seus quadros pessoas da pior qualificação moral e de competência questionável, pela reiterada prática de irregularidades com verbas públicas, mediante a criação de esquemas, por várias formas, para causar dano aos cofres estatais. Veja-se que o TCU atesta a "incapacidade do ministério de, mesmo por meio de esforço operacional específico, atender as disposições infralegais e apreciar as prestações de contas dos convênios e outros ajustes". Enfim, qual o mérito da “decantada” honestidade do ministro, se o órgão se encontra acéfalo e contaminado pelo vírus da ingerência operacional e funcional? Convém que os governantes se conscientizem, com urgência, da necessidade da imperiosa limpeza do serviço público desses políticos falastrões, incompetentes e metidos a honestos, que somente contribuem para o eterno atraso do desenvolvimento do país. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
 
Brasília, em 09 de novembro de 2011

Nenhum comentário:

Postar um comentário