quarta-feira, 30 de novembro de 2011

O fantasminha

Após tomar conhecimento de denúncia feita pelo jornal "Folha de S. Paulo", de que o ministro do Trabalho, quando era assessor parlamentar, recebia sem comparecer à Câmara dos Deputados e ser questionado pela imprensa acerca do caso, o presidente da Câmara garantiu que "Fez um pedido ao corregedor da Câmara para que analise a situação do ministro Lupi, ex-funcionário da Câmara dos Deputados. E à luz do que era a legislação da época, nós vamos fazer uma análise para ver se cabe ou não algum tipo de sindicância ou investigação mais aprofundada sobre a situação, que leve a algum tipo de punição por parte da Câmara dos Deputados". No período entre dezembro de 2000 e junho de 2006, o referido ministro era funcionário da Câmara lotado na liderança do PDT, conforme constava normalmente da folha de pagamento, porém ele não comparecia ao local de trabalho, em Brasília, porque se concentrava em atividades partidárias no Rio de Janeiro, onde morava. O líder do governo saiu em defesa da irregularidade, dizendo que “é natural que assessores de deputados não compareçam ao Congresso para trabalhar. A maioria dos assessores dos parlamentares trabalha nos estados desses deputados. Os escritórios dos deputados são nos estados. Toda denúncia tem que ser investigada, mas não acho que seja real". Todavia, acontece que, segundo as regras da Câmara, o titular do Cargo de Natureza Especial – CNE, que era o ocupado pelo ministro, tem a obrigação de comparecer ao trabalho no respectivo gabinete em Brasília, fato que não ocorreu com o fantasminha trabalhista. Trata-se de mais um vergonhoso caso de corrupção com dinheiro dos contribuintes, protagonizado com o descarado empreguismo comandado pelos deputados federais, sob o argumento de manter escritório político nas suas bases, onde nada se produz nem se realiza nada em benefício da sociedade, servindo tão somente como cabide de emprego custeado pelos bestas dos brasileiros, que permanecem tranquilos mesmo diante de tamanha safadeza com o seu suado dinheiro. É bastante lamentável que o líder parlamentar petista venha com a cara de pau e com a maior naturalidade defender esse tipo de absurdo, ao invés de reagir de forma positiva em defesa da moralidade e da indispensável contenção de recursos públicos, propugnando pela diminuição dos cargos de parlamentares e seus assessores, que nada fazem e somente ajudam os deputados a gastarem desmedida e descontroladamente. A sociedade precisa dar um basta nessa bagunça com dinheiros públicos e se posicionar no sentido de que o Congresso Nacional seja urgentemente conscientizado da sua real responsabilidade política, providenciando a necessária reformulação das suas estruturas, com a significativa redução de pelo menos metade dos seus membros e dois terços dos seus servidores e de seus princípios de funcionamento, colocando em pauta a exclusiva finalidade de trabalhar em benefício do interesse público. Acorda, Brasil!

ANTONIO ADALMIR FERNANDES
 
Brasília, em 29 de novembro de 2011

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