quarta-feira, 16 de novembro de 2011

Reforma universitária

Consoante pesquisa realizada pelo Datafolha, com alunos de 28 unidades da USP em São Paulo, a maioria dos estudantes é a favor da presença da Polícia Militar na Cidade Universitária, tendo apoio ao policiamento no campus, na zona oeste da capital, de 58% deles. Como se sabe, a polêmica sobre o convênio firmado entre reitoria e PM, que vigora há dois meses, está no centro dos protestos que agitam a universidade desde a prisão de três estudantes, que estavam fazendo uso de maconha dentro do campus, no embalo de festinhas. Nalgumas unidades, os alunos dão seu aval em maioria que supera os 70%, enquanto noutras a posição contrária ultrapassa a 50% dos estudantes. A pesquisa também constatou que 45% aprovaram e 46% reprovaram a operação de desocupação da reitoria, que contou com 400 policiais, carros, cavalos e helicópteros. Esse resultado se explica pelo fato de que 55% entenderam que a polícia usou de força desproporcional, inclusive com agressão a estudantes, que a PM discorda. A pesquisa revela ainda que a 57% dos alunos têm mais confiança do que medo na PM. Outros 57% acham que a presença da polícia no campus não alterou a sensação de segurança, embora seja notório que os índices de criminalidade tenham caído a nível razoável. Não deixa de ser estranho que, mesmo sendo minoria, estudantes sejam contrários ao oferecimento de segurança pública, destinada à sua própria proteção, quando a população paulistana e do resto do país, mesmo carente de policiamento ostensivo, está longe de dispor ou merecer atenção especial como eles estão tendo. É evidente que a principal motivação dos estudantes contrários ao policiamento no campus é a liberdade para que eles possam fazer suas farras, suas bagunças, quase sempre acompanhadas de drogas e bebidas à vontade e sem a repressão policial vigilante e necessária, que combina mais com a instalação da desordem e da baderna em plena propriedade pública. Essa situação libertina inexiste, felizmente, nas universidades particulares, cujos cursos são pagos e alunos têm o único e exclusivo objetivo estudar e aprender. Urge a realização de reformas nas universidades públicas, não somente para atualização e melhoria do ensino, mas em especial para o estabelecimento de regras claras no sentido de que o campus destina-se exclusivamente aos estudos acadêmicos, como forma de valorização dos estudantes e dos cursos superiores. Acorda, Brasil!


ANTONIO ADALMIR FERNANDES


Brasília, em 15 de novembro de 2001

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