domingo, 13 de novembro de 2011

O frango de verdade

Interessado em comprar um frango assado para o almoço, dirigi-me ao local de costume no supermercados e, lá chegando, deparei-me exatamente com o preparo dos bichinhos nas embalagens próprias para a sua venda. Aproximando-me do balcão, perguntei ao zeloso preparador do galináceo, em tom de brincadeira e de desconcentração costumeiras, se eram todos frangos ou se existiam franguinhas entre eles? Ele prontamente respondeu que tinha a garantia de que, antes do processo de assado, tratava-se somente de frangos, porém ele mesmo não podia confirmar absolutamente nada, porque hoje em dia, diante das conquistas, da modernidade e do avanço da liberdade que tomaram conta do comportamento, da personalidade e do sentimento, a instabilidade pode distender instintivamente, não importando o lugar ou a ocasião, nem mesmo no forno de alta temperatura, qualquer frango enfim poderia até mudar de sexo, sem influenciar coisa alguma. Com o que eu concordei, compreendendo perfeitamente a sua conceituação. Entrementes, o mais incrível ainda estava por vir e foi justamente logo após o momento quando eu peguei o maior frango entre muitos que se encontravam uniformizados para viagem. Incontinenti, o observador, atento e diligente preparador de frangos sacou essa pérola: - o senhor é muito previdente.  Surpreso, eu perguntei-lhe o porquê da sua afirmação? Então ele, com singela naturalidade, respondeu-me que, com certeza, a escolha do maior frango não se corre o menor risco de estar-se levando franga. O desfecho da nossa conversa não poderia ter sido melhor, porque eu e ele nos despedimos com descontraídas gargalhadas. Trata-se, sem dúvida, de um frango muito especial, porquanto, mesmo após acabar de passar por insuportável temperatura, foi capaz de ser pivô dessa interessante historinha...
                                                  
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 2 de novembro de 2011

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