sábado, 15 de fevereiro de 2014

Urgência de estratégias de desenvolvimento

Depois que o titular do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio se afastou do cargo para se candidatar ao cargo de governador de Minas Gerais, a presidente da República resolveu preenchê-lo com um técnico, especialista e conhecedor do ramo, que deverá assumir importante função sem o ranço da politicagem e da influência da “cacicagem” partidária, que normalmente dá a última palavra nos ministérios ocupados pelos partidos políticos, em harmonia com o indecente esquema da troca de apoio e de alguns minutos no horário eleitoral. No curriculum no novo ministro, consta que ele é técnico e professor universitário da área pertinente à finalidade do ministério que ele vai comandar. No momento, é de extrema importância que um técnico assuma a pasta que diz respeito ao fomento à indústria e ao comércio, uma vez que a abertura do mercado brasileiro de forma global às importações resultou no fechamento de milhares de indústrias no país, em especial em São Paulo, e na demissão em massa de milhares de trabalhadores, permitindo a saída do país de unidades industriais de componentes de ultima geração, sem similar nacional, causando enormes prejuízos à economia nacional. Na atualidade, o Brasil passa por dificuldade na economia, exatamente porque se tornou apenas grande importador e vendedor de produtos asiáticos, notadamente chineses, fato que contribuiu para o fechamento de unidades industriais, com perdas de trilhões de dólares em todos os níveis, justamente pela total incapacidade de competir com os produtos importados, que são fabricados em condições que favorecem os interesses dos seus países de origem e mantêm o pleno emprego. Enquanto os países se dispõem a flexibilizar seus sistemas econômico, tributário, previdenciário, trabalhista etc., visando à competitividade dos seus produtos e ao pleno emprego, o Brasil permanece alheio à realidade da economia mundial, ainda estando no comando de políticos sem a menor visão estratégica para perceber que o país não pode continuar esperando que o desenvolvimento aconteça além-fronteira sem que nenhuma medida seja implementada para revolucionar os mecanismos capazes de fomentar a industrialização, a começar pela reforma dos arcaicos sistemas tributário, previdenciário e trabalhista, por serem onerosos demais e totalmente contrários à modernidade e à racionalidade da produção. É bem provável que a presidente da República tenha entrado em rota de colisão com o presidente da República de fato, para ter a iniciativa de indicar, enfim, um especialista da indústria e do comércio, pessoa tecnicamente conhecedora dos assuntos do ministério, o que se trata de algo inusitado nesse governo, que sempre se compôs com políticos. Naturalmente que ela deve ter contrariado os arraigados princípios fisiologistas defendidos desde a sua assunção ao poder, cujo governo sempre foi integrado por políticos, visivelmente desqualificados e despreparadas para o exercício dos cargos de ministros e de dirigentes de empresas estatais, ocupados em função do apoio político à base da sustentação do governo, em forma do vergonhoso critério do toma lá, dá cá, próprio das republiquetas, que ignoram os avanços e as modernidades da humanidade, que vive a experiência da pureza da democracia, apenas em benefício do interesse público. Isso é verdadeira demonstração de que o país deve ter perdido enorme oportunidade de ter colocado pessoas competentes para comandar os ministérios e empresas estatais, até então loteados entre os partidos de sustentação do governo, porquanto se houvesse a ocupação dos cargos de direção por técnicos competentes, certamente que o país não estaria patinando e até se atolando no lamaçal do atraso e do subdesenvolvimento, comandado pelo governo que não teve iniciativa para promover reforma de coisa alguma e ainda permitiu que o anacronismo das estruturas do Estado perdurasse por tempo indefinido, contribuindo para o fortalecimento dos gargalos que impedem o crescimento econômico e social, principalmente diante da inexistência da tão necessária reformulação dos sistemas tributário, previdenciário, trabalhista, administrativo, político, eleitoral etc., sem o que não há o destravo dos obstáculos à competitividade da produção nacional, que perde espaço para os produtos importados, em total detrimento dos interesses nacionais, que são prejudicados pela incompetência e incapacidade dos governantes, que não conseguem vislumbrar os caminhos e as estratégias capazes de fomentar o desenvolvimento do país. Urge que as estruturas do Estado sejam reformuladas, com a maior prioridade possível, como forma capaz da consecução do tão almejado desenvolvimento socioeconômico. Acorda, Brasil!
 
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
 
Brasília, em 14 de fevereiro de 2014

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