O instituto MDA acaba
de divulgar pesquisa encomendada pela Confederação Nacional do Transporte (CNT),
na qual é mostrado que a presidente da República lidera as intenções de voto para
as eleições presidenciais do corrente ano. Na pesquisa divulgada em novembro
último, ela foi destaque entre os presidenciáveis com 43,5% das intenções de
voto, tendo, agora, ampliado um pouco esse percentual para 43,7%. Em segundo
lugar aparece o senador tucano, que teve significativa queda de 19,3% para 17%,
vindo em seguida o governador de Pernambuco, com o registrou de 9,9%, com leve
crescimento em relação à pesquisa anterior de 9,5%. É curioso se saber que a
pesquisa revelou que 20,4% das pessoas ouvidas declaram não votar em nenhum dos
candidatos ou optar por votar em branco ou nulo. Já aqueles que não souberam
responder representam 9% dos entrevistados. O instituto MDA informou que foram ouvidos
2.002 eleitores em 137 municípios de 24 unidades da federação, mas não foram
esclarecidos detalhes sobre nível cultural, vínculos empregatícios e demais condições
capazes de avaliações sobre possíveis tendências em definitivo. A pesquisa
parece tendenciosa, ante a afirmação de que, considerado o cenário atual, o
resultado dos levantamentos sugere “que,
se a eleição fosse hoje, a presidente Dilma Rousseff poderia ser reeleita no
primeiro turno...”, ante a deselegância de que, na atualidade, é totalmente
injusto e irreal se fazer qualquer juízo de valor sobre a preferência do
eleitor, porquanto se trata de precipitação quanto à conclusão com base em
fatos isolados, alheios à realidade da campanha eleitoral, que dependeriam em
primeiro plano, no mínimo, da divulgação dos candidatos e dos seus planos e
programas de governo. É
evidente que não se pode caracterizar a pesquisa de manipulação por parte de
seus idealizadores, mas com certeza o momento ideal de pesquisa deve ser
exatamente quando forem deflagrados os embates entre os candidatos, mediante os
quais eles possam apresentar seus programas de governo, mostrando como
pretendem administrar o país e esclarecer e justificar os meios que deverão
utilizar para reformular as arcaicas e obsoletas estruturas do Estado, que não
consegue se desenvolver nas atuais condições político-socioeconômicas inseridas
no contexto administrativo por exclusivas conveniências políticas, com o
propósito da perenidade no poder. Não deixa de ser surreal o governo ser
massacrado pelas manifestações das ruas, com protestos explícitos sobre a falta
de serviços públicos de qualidade somente dispensados às reformas e às obras
dos estádios destinados à Copa do Mundo, ainda merecer aprovação dos
brasileiros, quando, no interregno de junho de 2013 até agora, nada foi feito
de especial para melhorar as condições de vida da população, salvo a implantação
do programa Mais Médicos, com a questionável importação de médicos cubanos, sem
que fossem implementadas as melhorias das condições da infraestrutura para o
atendimento digno do povo. No Estado Democrático de Direito, onde os salutares
princípios democráticos e republicanos devam funcionar com ampla transparência,
não parece justa a realização e publicação de pesquisa que não reflita a
realidade quanto à igualdade de exposição dos candidatos, aonde a presidente da
República já vem fazendo campanha eleitoral há bastante tempo, com aparição na
mídia, especialmente na televisão, inclusive viajando pelo país para a
inauguração de obras públicas e promovendo o seu governo, enquanto os demais
candidatos são proibidos de antecipar a sua campanha eleitoral. Deve haver
igualdade de condições, como forma de se evitar injustificável benefício ou
prejuízo a quer que seja. As pesquisas sobre a intenção de voto, na forma como foram
levantadas e divulgadas, são absolutamente enganosas e irreais, principalmente
por não ser possível que tão somente 2.002 eleitores entre 140 milhões de
eleitores sirvam como parâmetro para se concluir, com segurança, que alguém
conte com determinado percentual de preferência de votos, em que pesem as
estatísticas se basearem em amostragem, mas, de sã consciência, é bastante
improvável que pouco mais de 2.000 eleitores sejam capazes de ditar qualquer
tendência do eleitorado, quando se sabe ainda que a pesquisa foi pulverizada em
137 municípios. A sociedade anseia por que as pesquisas eleitorais reflitam a
realidade dos fatos, tendo por base exclusivamente informações precisas sobre
os candidatos, de modo que eles sejam apresentados aos eleitores em igualdade de
condições, com a transparência exigida nos regimes legitimamente democráticos e
republicanos, sob pena de questionamentos capazes de macular a seriedade dos levantamentos
que poderiam servir como instrumento contrário ao aperfeiçoamento da democracia.
Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 18 de fevereiro de 2014
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