quinta-feira, 20 de fevereiro de 2014

Igualdade condições para os candidatos

O debate no âmbito do governo sobre o corte de gastos no orçamento de 2014 está rendeu acirradas disputas entre os ministros da Fazenda contra os da Casa Civil e do Planejamento. A Fazenda defendia a ideia de corte de valor mais alto possível, para melhor atingimento do superávit primário, com vistas ao pagamento da dívida pública. Já a Casa Civil e o Planejamento, contando com o simpático e poderoso apoio da presidente da República, se posicionaram de maneira bem comedida, contrários a essa medida, sob o argumento de que o governo deve avaliar e se precaver quanto às possíveis críticas que certamente sofrerá após a divulgação do tamanho do corte dos dispêndios, não importando se será valor alto, médio ou baixo, porquanto o reflexo da redução poderá respingar no desempenho eleitoral da mandatária do país, na próxima eleição. Ainda pesa na decisão de governo a falta de credibilidade da equipe econômica, resultante das reiteradas maquiagens e metas irrealistas, a indicarem forte suspeita de que os números não representam a real necessidade de corte, diante da certeza que eles serão alterados ao sabor das conveniências político-eleitorais, ou seja, mais uma vez é bem provável que não será respeitado o critério técnico orçamentário. O certo é que os mercados estão desconfiados quanto aos seguidos truques adotados pela equipe econômica para conseguir resultados que não refletem a realidade da economia, naturalmente para acobertar insucesso nas políticas governamentais. Essa celeuma entre as equipes de governo, principalmente da área econômica, somente confirma a sua falta de coesão, de coordenação e de comando, aumentando ainda mais a falta de credibilidade nas políticas econômicas, que não sabem exatamente para que rumo elas devem seguir e o pior é que, depois de decidido, o resultado é sempre desastroso e prejudicial aos interesses nacionais. O certo é que as decisões na área econômica e, por via de regra, nos demais segmentos da administração pública, são adotadas em sintonia com as conveniências políticas, a exemplo desse imbróglio, em que as equipes discutem e batem cabeças, mas com a preocupação sobre as repercussões que o corte dos gastos poderá resultar nas próximas eleições presidenciais, quando deveriam adotar medidas que melhor atendessem ao interesse do país e da sociedade, sem a menor preocupação com o seu reflexo no pleito eleitoral, diante do fato de que se trata de situações completamente distintas, sendo que uma diz respeito à competência e à credibilidade acerca da correta política de austeridade nos gastos do governo, que não é mais nenhuma novidade sobre seus dispêndios perdulários, e à reeleição da presidente, que não se cansa de envolver a administração pública, isto é, a máquina pública no processo pessoal da sua reeleição, além da dificuldade se serem adotadas decisões importantes para o país, ante a possibilidade da sua interferência negativa no processo eleitoral. Não há a menor dúvida de que, para participar de pleitos eleitorais, como forma democrática de se prestigiar os princípios da transparência, da isonomia entre os candidatos e a legalidade, os governantes deveriam se afastar dos seus cargos, como demonstração de que a disputa aos cargos públicos eletivos deve primar pela igualdade de condições entre os candidatos, evitando-se terminantemente o usufruto das benesses da máquina pública e muito menos dos recursos públicos, que normalmente são disponibilizados àquele que se encontra ocupando o cargo em disputa. Nesse contexto, compete aos órgãos de fiscalização e controle o redobramento dos cuidados sobre possível uso da máquina pública e dos recursos públicos, de modo que se avalie o cumprimento da legislação eleitoral, quanto à regularidade dos gastos de campanha, e, se for o caso, a necessidade de responsabilização daqueles que se beneficiarem indevidamente, em proveito pessoal, das condições de ocupantes de cargos públicos. Convém que os princípios republicanos e democráticos sejam fielmente observados na campanha eleitoral, para que somente a nação seja beneficiada com a lisura e a correção dos procedimentos empregados igualmente pelos candidatos. Acorda, Brasil!
 
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
 
Brasília, em 19 de fevereiro de 2014

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