Nos moldes das
iniciativas bem sucedidas de arrecadação, agora chegou a vez de pagar o valor da
multa aplicada pelo Supremo Tribunal Federal ao chefe da quadrilha. O início da
campanha já se mostrou auspiciosa, por ter recolhido o valor de R$ 59,4 mil dos
R$ 971 mil, em apenas duas horas. A campanha, lançada na internet, alega que a "É chegada a hora de reparar injustiças e
mostrar que a solidariedade é capaz de mudar a história. A ajuda para pagar a
multa quase milionária imposta pelo Supremo é um protesto coletivo contra as
arbitrariedades e violações do julgamento da AP 470 (processo do mensalão). A
contribuição de cada um representa muito mais do que um gesto financeiro.
Representa antes de tudo um gesto humano e político”. Por sua vez, os
organizadores da campanha transcreveram mensagem que havia sido publicada no
blog do petista, no dia em que ele foi preso, dizendo que "Não me condenaram pelos meus atos nos quase
50 anos de vida política dedicada integralmente ao Brasil, à democracia e ao
povo brasileiro. Nunca fui sequer investigado em minha vida pública, como
deputado, como militante social e dirigente político, como profissional e
cidadão, como ministro de Estado do governo Lula. Minha condenação foi e é uma
tentativa de julgar nossa luta e nossa história, da esquerda e do PT, nossos
governos e nosso projeto político". Somente os incautos acreditam na honestidade
dos mensaleiros, que insistem em não acreditar sequer que o mensalão existiu,
apesar dos robustos fatos mostrados à exaustão pela Suprema Corte de Justiça.
Não deixa de ser muito estranho que os petistas, ignorando a realidade dos
fatos, devidamente comprovados nos autos do mensalão, concitem o povo para se
conscientizar sobre a “perseguição
implacável contra aqueles que ousaram construir um Brasil melhor... É chegada a
hora de reparar injustiças e mostrar que a solidariedade é capaz de mudar a
história". Na verdade, a história do país já foi mudada, de forma
negativa, a partir dos fatos lamentáveis surgidos após o escândalo do mensalão,
que desonrou não somente o povo brasileiro, mas a dignidade das instituições
democráticas. A partir dos mais graves atos de corrupção representados pelo
mensalão, a credibilidade do PT foi destruída, principalmente porque seus líderes
não admitem que irregularidades com recursos públicos não constituam falhas
graves nem são recrimináveis, à luz dos princípios da honestidade e da probidade
que devem imperar nas atividades públicas. Não há a menor dúvida de que a inciativa para
arrecadar recursos para pagar multa aplicada pela Justiça, como forma de
punição pedagógica e exemplar, só pode envergonhar as pessoas de bem, que jamais
seriam capazes de comungar com as práticas degenerativas do ser humano, como as
falcatruas perpetradas pelos mensaleiros, que não tiveram o menor escrúpulo de
desviar recursos públicos para a compra de parlamentares, obviamente com a
finalidade de aprovação no Congresso de projetos de interesse do governo. Ao
prestar apoio aos criminosos do mensalão, seus admiradores prestam importante, porém
degradante, serviço à desmoralização e à devassidão dos princípios da moralidade,
da ética, do decoro, da probidade e da honorabilidade, contribuindo para
estimular e incentivar as perversas e maléficas práticas de corrupção com
recursos públicos. Com a mentalidade e a inteligência desse pessoal que se
dispõe a ajudar os mensaleiros, não se pode almejar que o povo esteja
preocupado nem conscientizado sobre o que sejam seriedade e honestidade, porque
esses princípios, para os contribuintes, não têm a menor influência quanto à necessidade
da moralização e da seriedade que se exigem dos homens públicos. Nos países
desenvolvidos, com a sociedade evoluída culturalmente, com certeza nenhum criminoso
se atreveria a sequer imaginar que pudesse lançar campanha tão indecorosa e
indecente como essa de ajuda para pagar multa relacionada à prática de crime
contra a administração pública. Essa forma de solidariedade demonstra, com
todas as letras, o nível de seriedade e de honestidade cultuados pelos filiados
do partido político que comanda o país. O apoio ao chefe da quadrilha, assim
qualificado pelo Supremo Tribunal Federal, que o condenou pelos crimes de
formação de quadrilha e corrupção ativa, evidencia completa falta de ética e de
moralidade com relação ao desempenho das atividades políticas. A ser
considerado o desempenho das campanhas congêneres anteriores, não será nenhuma surpresa
se o chefão da quadrilha superar, com facilidade, seus companheiros, que em
pouco tempo conseguiram quitar com folga suas dívidas e ainda sobrou dinheiro,
confirmando a decadência da sociedade, que insiste em não contribuir para a
limpeza dos corruptos do seio social, preferindo que a praga instalada nos
partidos políticos ganhe ainda mais força e resista aos processos de
moralização tão saudáveis para o fortalecimento da democracia e do
desenvolvimento do país. Acorda,
Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 12 de fevereiro de 2014
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