domingo, 16 de fevereiro de 2014

Vergonhosa banalização da violência


 A enorme onda de vandalismo que destrói a tranquilidade da sociedade e o patrimônio público e particular tem muito com a passividade e a cumplicidade das autoridades públicas, que nada fazem, absolutamente nada, salvo alguns pronunciamentos destituídos de conteúdo, para impedir que as manifestações violentas ocorram com frequência e de forma destruidora, cujos participantes não são incomodados e vão embora numa boa, totalmente impunes, em escrachada desmoralização das autoridades públicas e das instituições incumbidas de proteger a sociedade e manter a ordem pública. Já passou do tempo para que os governantes percebam que a destruição dos princípios de civismo e de racionalidade não condiz com a paz que é indispensável para a construção e o desenvolvimento da nação. É inacreditável como os poderes constituídos não se sensibilizam sobre a urgente necessidade de completa mobilização da sociedade, tendo por objetivo a busca de mecanismos capazes de reformular a legislação aplicável ao sistema de segurança pública, como forma de modernizá-la, para que possa servir de instrumento de efetivo combate ao vandalismo e à criminalidade empregados a serviço dos manifestantes destruidores da paz social e da integridade patrimonial da população. É de se estranhar que as autoridades públicas não se comovam com as barbaridades que estão acontecendo nos encontros de protestos, salvo após a morte de um cinegrafista, que não precisava perder a vida para despertar o senso de responsabilidade e de razoabilidade que deveria já ter sido acionado há bastante tempo, o que teria evitado a perda de preciosa vida humana, que pagou pela incompetência e a insensibilidade das autoridades incumbidas de zelar pela proteção e a segurança da sociedade. Nos países desenvolvidos e evoluídos, as manifestações são realizadas em ambiente de organização e de controle, que não possibilitam a menor condição para vandalismo e baderna, porque os protestos são realizados em local pré-determinado, restrito apenas ao exercício da cidadania de manifestação e de protesto, onde, de forma democrática, todos têm direito ao repúdio, se for o caso, contra o desgoverno e a precariedade da prestação dos serviços públicos, como segurança pública, saúde pública, educação, estradas, saneamento básico e outras mazelas, se forem as condições semelhantes às existentes do país tupiniquim, que, a despeito das manifestações, tudo continua como se nada tivesse sido reclamado. A falta de legislação com penalidades duras estimula a bagunça, a destruição e até a perda de vidas humanas, justamente pela certeza da impunidade e da coerção para o ressarcimento dos danos causados à sociedade e isso é muito grave, porquanto tem servido como estímulo e entusiasmo dos baderneiros e dos criminosos, que estão se sentindo potentes e o máximo no desafio de desmoralizar as autoridades públicas, com a conturbação da tranquilidade social. Não há dúvida de que o vigente sistema de impunidade está levando o país ao verdadeiro caos, além de mostrar sua péssima imagem ao exterior, pela demonstração de impotência e de incapacidade de pôr ordem à sanha dos vândalos e dos criminosos, que são capazes de enfrentar as autoridades públicas e derrotá-las. As agressividades nas manifestações são reflexos não somente da falta de autoridade, da incompetência do sistema de segurança pública no seu conjunto, mas da desatualização da legislação pertinente, que não se moderniza com a evolução natural da humanidade, cada vez mais agressiva, destruidora e mortal. O certo é que as forças de segurança se encontram desestruturadas, especialmente em termos de quantitativos, remuneração e preparo estratégico e logístico, diante do crescimento populacional e da brutalidade do ser humano, apesar de haver crescente poder de arrecadação de tributos, que deveriam servir para a melhoria do sistema de segurança pública, mas as políticas são de cristalina miopia em não enxergarem e priorizarem as questões que estão martirizando a sociedade, em razão do progressivo e desenfreado crescimento da criminalidade. A sociedade tem o dever cívico de repudiar a forma incompetente e passiva como as autoridades públicas tratam as questões cruciais não somente da segurança pública, mas das políticas públicas, e exigir o fiel e eficiente atendimento dos programas de exclusiva incumbência do Estado, por força das normas cogentes previstas na Carta Magna e nas leis do país, de modo que as precariedades, as mazelas e questões que infernizam a população sejam cuidadas com a prioridade e a responsabilidade inerentes às atividades político-administrativas de competência primacial dos governantes, que não têm o direito de se omitirem diante de tamanha decadência dos princípios de civilidade e de humanidade, a exemplo da devassidão implantada pela criminalidade no país tupiniquim, que o qualifica negativamente como nação que não prima pela dignidade do ser humano, por deixar de precaver com instrumentos capazes, como fazem os países desenvolvidos, que a população seja protegida contra a violência e a delinquência. Acorda, Brasil!
 
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
 
Brasília, em 15 de fevereiro de 2014

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