O secretário de Comunicação do PT
acredita que não há o menor risco de manifestações invadirem as ruas por
ocasião da Copa do Mundo nem que isso tenha implicação no desempenho da
reeleição da presidente da República. Ele entende que o generalizado “mau humor”
que se apodera da sociedade tem como alvo principal a classe política, não havendo
insatisfação contra investimentos realizados no aludido evento. Ele disse que “A Copa não vai ser fruto de mobilização.
Isso porque o foco real dos protestos que vimos até agora não é a Copa em si.
Se a Copa tiver algum significado
político neste ano, não será contra Dilma e sim a favor. Até porque temos
convicção de que a competição vai ser um sucesso absoluto.”. A mentalidade
petista é sempre muito retilínea, no sentido de enxergar somente os fatos que
possam beneficiar seus interesses, como no caso dessa injustificável copa, que
mereceu e continua merecendo as prioridades que os serviços públicos também
gostariam de contar com elas, principalmente pelos gastos que foram triplicados
com relação à previsão, exatamente por força dos atrasos e das improvisações,
muitas das quais absolutamente desnecessárias, mas tiveram que ser feitas por
capricho e imposição do todo-poderoso organismo internacional do futebol, a
Fifa. O certo é que o
país não estava ainda preparado para assumir compromissos extras com a
realização de evento dessa magnitude, quando o governo demonstrou completa
incapacidade de sanear as precariedades e as deficiências primárias da nação,
que, necessariamente, teriam prioridades sobre quaisquer outros empreendimentos,
por mais importantes que sejam, porque o governante responsável teria a
obrigação de perceber que evento de efemeridade como a copa não se sustenta
diante das carências da população. Qualquer argumentação em defesa dessa
competição mundial funciona muito mais como espécie de arrogância e
prepotência, porque expressiva maioria do povo trocaria essa copa por melhoria,
pelo menos, na segurança e saúde públicas, por entenderem que paz e a saúde têm
valor significativo para as condições da melhoria e do bem-estar do ser humano,
enquanto a copa terá apenas a finalidade de jogar recursos públicos pelos
ralos, deixando a população à míngua de assistência básica. Induvidosamente,
não são somente os gastos abusivos e desnecessários da copa responsáveis pela
enorme insatisfação do povo em relação ao futuro da nação, mas esse episódio
contribui de forma muito negativa para robustecer o conjunto prejudicial aos
interesses públicos, motivadores dos movimentos populares que desejam mostrar a
realidade que o governo resiste em enxergar, a exemplo do dirigente petista,
que prefere ignorar o poder dos protestos contra o desgoverno da nação. Com
certeza, a copa não vai prejudicar a imagem da presidente, porque ela já foi
atingida pela marca da incapacidade de perceber as mazelas do país e, apesar de
não ter feito a lição de casa, aplicou, sem o menor pudor, em obras
desnecessárias e inúteis, com a exclusiva finalidade de satisfazer o ego do
ex-presidente petista, que não teve a sensibilidade de perceber que o país foi
tomado pela violência e a criminalidade e nada foi feito para combatê-las, pela
precariedade na saúde pública, na educação, nos transportes, no saneamento
básico e nas demais políticas públicas da incumbência primária do Estado. É induvidoso
que a insatisfação do povo não seja somente contra os gastos da copa, pelos
exagerados investimentos nos estádios, porque as obras realmente necessárias
foram colocadas para escanteios, sem a menor prioridade e com o desprezo que
jamais deveriam integrar a agenda do administrador responsável. Pensamento
diferente disso, não passa de embuste e enganação à ingenuidade do povo. A
realização da Copa somente faria sentido quando o país estivesse no estágio daqueles
do primeiro mundo, com a população plenamente satisfeita com a prestação dos
serviços públicos e com a carga tributária que menos sacrificasse a capacidade
contributiva do cidadão. Nas condições atuais, a presidente da República será
desaprovada sempre, independentemente da realização ou não da Copa, que até
poderá ser exitosa, mas não terá o condão de apagar a indecência de muitas ineficiências
administrativas do seu governo, a exemplo da exagerada quantidade de
ministérios inúteis, criados para fomentar o fisiologismo entre os partidos da
sua base de sustentação, que têm sob seu poder os ministérios por eles comandados,
que são normalmente dirigidos por políticos sem o menor traquejo com a área de
atuação, quando os órgãos e entidades públicos deveriam ser em quantidade
apenas compatível com a eficiência e a responsabilidade do Estado e ainda ocupados
pelo sistema de mérito e da capacidade técnico-administrativa, como forma de
justificar o bom e regular emprego dos recursos públicos. A sociedade tem o
dever cívico de exigir que o país seja administrado com eficiência e os
recursos públicos tenham aplicação somente em programas destinados ao
atendimento das carências básicas da população. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR
FERNANDES
Brasília, em 04 de fevereiro de 2014
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