quarta-feira, 5 de fevereiro de 2014

Insatisfação generalizada

O secretário de Comunicação do PT acredita que não há o menor risco de manifestações invadirem as ruas por ocasião da Copa do Mundo nem que isso tenha implicação no desempenho da reeleição da presidente da República. Ele entende que o generalizado “mau humor” que se apodera da sociedade tem como alvo principal a classe política, não havendo insatisfação contra investimentos realizados no aludido evento. Ele disse que “A Copa não vai ser fruto de mobilização. Isso porque o foco real dos protestos que vimos até agora não é a Copa em si. Se a Copa tiver algum significado político neste ano, não será contra Dilma e sim a favor. Até porque temos convicção de que a competição vai ser um sucesso absoluto.”. A mentalidade petista é sempre muito retilínea, no sentido de enxergar somente os fatos que possam beneficiar seus interesses, como no caso dessa injustificável copa, que mereceu e continua merecendo as prioridades que os serviços públicos também gostariam de contar com elas, principalmente pelos gastos que foram triplicados com relação à previsão, exatamente por força dos atrasos e das improvisações, muitas das quais absolutamente desnecessárias, mas tiveram que ser feitas por capricho e imposição do todo-poderoso organismo internacional do futebol, a Fifa. O certo é que o país não estava ainda preparado para assumir compromissos extras com a realização de evento dessa magnitude, quando o governo demonstrou completa incapacidade de sanear as precariedades e as deficiências primárias da nação, que, necessariamente, teriam prioridades sobre quaisquer outros empreendimentos, por mais importantes que sejam, porque o governante responsável teria a obrigação de perceber que evento de efemeridade como a copa não se sustenta diante das carências da população. Qualquer argumentação em defesa dessa competição mundial funciona muito mais como espécie de arrogância e prepotência, porque expressiva maioria do povo trocaria essa copa por melhoria, pelo menos, na segurança e saúde públicas, por entenderem que paz e a saúde têm valor significativo para as condições da melhoria e do bem-estar do ser humano, enquanto a copa terá apenas a finalidade de jogar recursos públicos pelos ralos, deixando a população à míngua de assistência básica. Induvidosamente, não são somente os gastos abusivos e desnecessários da copa responsáveis pela enorme insatisfação do povo em relação ao futuro da nação, mas esse episódio contribui de forma muito negativa para robustecer o conjunto prejudicial aos interesses públicos, motivadores dos movimentos populares que desejam mostrar a realidade que o governo resiste em enxergar, a exemplo do dirigente petista, que prefere ignorar o poder dos protestos contra o desgoverno da nação. Com certeza, a copa não vai prejudicar a imagem da presidente, porque ela já foi atingida pela marca da incapacidade de perceber as mazelas do país e, apesar de não ter feito a lição de casa, aplicou, sem o menor pudor, em obras desnecessárias e inúteis, com a exclusiva finalidade de satisfazer o ego do ex-presidente petista, que não teve a sensibilidade de perceber que o país foi tomado pela violência e a criminalidade e nada foi feito para combatê-las, pela precariedade na saúde pública, na educação, nos transportes, no saneamento básico e nas demais políticas públicas da incumbência primária do Estado. É induvidoso que a insatisfação do povo não seja somente contra os gastos da copa, pelos exagerados investimentos nos estádios, porque as obras realmente necessárias foram colocadas para escanteios, sem a menor prioridade e com o desprezo que jamais deveriam integrar a agenda do administrador responsável. Pensamento diferente disso, não passa de embuste e enganação à ingenuidade do povo. A realização da Copa somente faria sentido quando o país estivesse no estágio daqueles do primeiro mundo, com a população plenamente satisfeita com a prestação dos serviços públicos e com a carga tributária que menos sacrificasse a capacidade contributiva do cidadão. Nas condições atuais, a presidente da República será desaprovada sempre, independentemente da realização ou não da Copa, que até poderá ser exitosa, mas não terá o condão de apagar a indecência de muitas ineficiências administrativas do seu governo, a exemplo da exagerada quantidade de ministérios inúteis, criados para fomentar o fisiologismo entre os partidos da sua base de sustentação, que têm sob seu poder os ministérios por eles comandados, que são normalmente dirigidos por políticos sem o menor traquejo com a área de atuação, quando os órgãos e entidades públicos deveriam ser em quantidade apenas compatível com a eficiência e a responsabilidade do Estado e ainda ocupados pelo sistema de mérito e da capacidade técnico-administrativa, como forma de justificar o bom e regular emprego dos recursos públicos. A sociedade tem o dever cívico de exigir que o país seja administrado com eficiência e os recursos públicos tenham aplicação somente em programas destinados ao atendimento das carências básicas da população. Acorda, Brasil!
                                   
ANTONIO ADALMIR FERNANDES                        
 
Brasília, em 04 de fevereiro de 2014

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