Com a finalidade de causar o
menor desgaste ao PT, possivelmente para se evitar que a imagem negativa do
último petista a ser preso não resvalasse para o centro da disputa eleitoral, a
pressão do partido foi fulminante e capaz de levar o ex-presidente da Câmara dos
Deputados a renunciar ao seu mandato de deputado federal. Ninguém esconde que a
medida foi adotada por se tratar de ano eleitoral, que poderia prejudicar o
desempenho dos seus candidatos. O petista teria tentado articular o adiamento da
abertura do processo da sua cassação enquanto cumpriria pena no regime
semiaberto na Papuda, mas o presidente da Câmara afirmou que daria início imediatamente
a esse procedimento. Agora, o que mais chamou a atenção do PT foi a tentativa
do mensaleiro pretender, mesmo preso, poder exercer o mandato de deputado de
dia, com retorno à prisão à noite, fato que causou o maior alvoroço e pânico à
cúpula do partido, porque isso poderia ser desastroso para os candidatos do
partido nas próximas eleições, o que teria motivado o convencimento dele a
renunciar ao mandato. Enquanto o cidadão ainda era deputado, deve ter imaginado
que poderia cumprir sua condenação no Complexo Penitenciário da Papuda, como se
Câmara dos Deputados fosse a extensão daquele presídio, que parece ter sido a
sua filosofia de homem público, que não teve a capacidade de avaliar a
gravidade dos crimes por ele cometidos, em total desrespeito aos princípios da
racionalidade e da civilidade, porquanto seu procedimento contraria o bom-senso
que deve imperar no desempenho das atividades políticas, que têm por finalidade
a satisfação do interesse público, que certamente não teria sido atendido por
quem não teve a dignidade de ser fiel à confiança depositada por aqueles que o
elegeram. Os crimes cometidos pelo petista são reveladores de da maior gravidade,
a ensejar a pressão do seu partido para a renúncia fulminante e sem apelação,
mostrando que os ilícitos pelos quais ele foi condenado são verdadeiros e
capazes de macularem ainda mais a imagem já chamuscada e desgastada não somente
do mensaleiro, mas em especial do PT, que não teve a dignidade nem coragem de
expulsá-lo das suas fileiras, em face da infração às normas previstas no seu
Estatuto, cujos princípios são claros no sentido de mandar punir severamente
aqueles que cometerem crimes, entre outros, que afrontem os princípios do
decoro, da moral, da ética e da improbidade, por não condizerem com a forma da honorabilidade
que os homens públicos devem se comportar no exercício de cargos públicos eletivos.
Não fosse 2014 ser ano eleitoral e o PT ser capaz de fazer qualquer negócio
para permanecer no poder, duvida-se se esse desfecho, embora considerado
normal, nas circunstâncias, com a renúncia do deputado condenado pelo Supremo
Tribunal Federal pelos crimes de corrupção passiva, peculato e outro crime
igualmente execrável, abriria mão de continuar envergonhando e indignando a
denominada Casa do Povo, que tem sido integrada, nos últimos tempos, por
representantes que não fazem muita questão de exercer o dignificante cargo com
o devido decoro e na forma preconizada pela Constituição Federal de ser íntegro
quanto ao cumprimento das importantes funções de verdadeiros representantes do
povo, inclusive tendo por escopo a exclusiva defesa do interesse público, como
forma até mesmo de justificar a existência da instituição Congresso Nacional,
que não deveria aceitar senão os parlamentares compromissados com a observância
dos princípios da ética, da moral, do decoro e da honradez. O povo precisa, com
urgência, se conscientizar sobre a necessidade de varrer da vida pública não
somente os homens públicos, mas, em especial, os partidos inescrupulosos, cuja
ideologia programática não tem nenhum compromisso senão com o engrandecimento e
crescimento da margem de domínio e de poder, inclusive fazendo coligações com
partidos para igualmente consolidar sua influência sobre os destinos da nação,
sem qualquer preocupação com os interesses da sociedade. É lamentável que o
país tenha chegado ao nível de tamanha decadência dos princípios políticos, que
põem em dúvida o futuro da tênue democracia do país. Compete ao povo agir com
capacidade e inteligência para reverter esse processo de degradação das
instituições político-democráticas, que tem contribuído para o efetivo
subdesenvolvimento socioeconômico. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 11 de fevereiro de 2014
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