O PMDB, o partido que
melhor soube se beneficiar da sua força política para estar sempre ao lado dos
governos, agora decide não indicar seus filiados para os cargos de ministros da
Agricultura e do Turismo, por haver a possibilidade do seu afastamento das
hostes do governo. Os deputados estão insatisfeitos com a falta de espaço pavimentado
para os peemedebistas ocuparem cargos no governo federal, fato que suscita o
planejamento e a discussão de pauta própria no Congresso Nacional, para
encontrar os rumos do partido. A desistência da ocupação dos aludidos
ministérios foi decidida depois da confirmação de que o governo não estava disposto
a agradar o PMDB com o comando de mais um ministério e isso desagradou a
agremiação, que já teria ficado incomodado com a recusa da presidente da
República de aceitar a indicação de senador paraibano, para ocupar o Ministério
da Integração Nacional. O certo é que o PMDB, com 75 deputados, a segunda maior
bancada da Câmara, atrás apenas da bancada do PT, com 88 parlamentares, exige
mais afago por parte do governo, para que possa dar-lhe os costumeiros apoios
políticos. Na opinião dos parlamentares, o governo precisa mudar de postura
para que o partido permaneça dando-lhe apoio, sob pena de haver postura independente
nas votações. Um líder do PMDB disse que "Ou o governo muda de postura ou o partido não tem que estar dentro do
governo. A minha proposta é devolver todos os cargos que o PMDB ocupa hoje, não
só os de ministro. Sou a favor de uma postura independente nas votações no
Congresso.”. O PMDB pretende apoiar o governo, mas sem a aceitação de
cargos públicos, para não caracterizar o toma lá dá cá, que tanto envergonha as
atividades políticas. Por enquanto, as medidas adotadas pelo maior partido aliado
do governo sinalizam para a sua possível emancipação, pois a decisão de não
aceitar aqueles ministérios indica grito de alerta, pela insatisfação com a
forma da aliança existente, que poderá se romper, com a entrega dos cargos
ocupados no governo. Os parlamentares não acreditam na possibilidade do fim da
aliança entre PT e PMDB, em que pesem as divergências nos estados, com o
lançamento de candidaturas próprias nas eleições deste ano, mas há espaço para
o "endurecimento" das reações do PMDB ao governo. Um parlamentar acredita
que a "Ruptura não vai acontecer,
mas digo que pode haver endurecimento. Acho que o PMDB não sai do governo, mas
existe uma crise que precisa ser gerenciada... Se não houver avanços, a
inconformidade da bancada vai crescer, o que compromete as alianças. Parece que as propostas do PMDB para o
governo não são aceitas, e a bancada está assustada, sentida e com medo de
ficar reduzida depois das eleições”. Não há dúvida de que os parlamentares
que querem se afastar do PT são a "Parte boa" do partido e o restante
pode representar a parte "Ruim", que tem grande chance de ficar com o
PT e se afundar junto e de mãos dadas com ele. Não há a menor dúvida de que o
PMDB acomoda em seus quadros significativa parte podre da politicagem
brasileira, que envergonha e desacredita as atividades políticas, que não se
coadunam com as práticas fisiologistas e os arranjos destinados exclusivamente
à satisfação dos seus interesses. A devolução de cargos ao governo pode
caracterizar a conscientização quanto à necessidade de decência nas atividades
políticas, que, na atualidade, elas são exercidas com o objetivo de fortalecer os
partidos políticos, principalmente quanto ao preenchimento do maior número de
cargos na administração pública, para mostrar seu poder e a sua influência, em
total desprezo ao interesse público que seria, em essência, a sua função
primordial. Não há dúvida de que o pensamento político de ocupação de cargos
públicos se coaduna perfeitamente com as retrógradas políticas praticadas nas
republiquetas, onde não há compromisso com o aperfeiçoamento e a modernização
dos princípios democráticos e muito menos com o desenvolvimento das
instituições. Nenhum partido político tem projeto para o país, de forma
efetivamente desinteressada. Todos estão interessados em fortalecer o seu
domínio, inclusive quanto à ocupação de cargo públicos nos ministérios e nas
empresas estatais, para se beneficiar das benesses oferecidas por eles. Na
realidade, o pensamento ideológico dos partidos políticos está direcionado para
a ocupação de cargos na administração pública, como forma possível do
aproveitamento e dos benefícios e das influências justamente para posicionar seus
partidos no centro das decisões nacionais. O povo precisa se conscientizar, com
urgência, quanto à necessidade de podar essas políticas de interesses
partidários, para valorizar as atividades políticas em benefício exclusivamente
das causas nacionais e da população. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 08 de fevereiro de 2014
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