Diante das crescentes ondas de manifestações populares
contra a realização da Copa do Mundo no Brasil, a presidente da República teve
a engenhosa ideia de trocar a titular da Secretaria de Comunicação Social por
servidor mais amoldado à política palaciana de marketing, que irá incrementar a
“ofensiva publicitária” para tentar arrefecer a fúria que já se desponta para
incomodar com merecidos protestos, ante a preferência dada pelo governo a esse
evento totalmente injustificável, consideradas a pletoras mazelas existentes no
país, para as quais não existe a menor atenção das autoridades públicas. A “miraculosa”
ideia do governo tem por objetiva reduzir ou afastar para longe a importância “daqueles que são ideologicamente contra a
Copa”. Para o governo, as medidas que vão ser adotadas para frear os
protestos estão atrasadas, uma vez que houve demora na reação às críticas
contra a realização da Copa, por culpa da ministra demissionária, o que causou
descontentamento por parte da presidente, que atribuiu o fato à “falta de
iniciativa” na publicidade oficial para combater as justas ofensivas contra o
evento esportivo. O governo pretende também, com a troca de ministro, reformular
a estratégia de comunicação para tentar esclarecer à população que os recursos investidos
em obras de mobilidade urbana e infraestrutura foram bem superiores aos gastos
com as reformas e construção dos estádios, na tentativa de explicar que a decisão
de realizar a Copa no país “vale a pena”. Na concepção petista, ao sediar esse
evento no país, pretendia-se colocar o Brasil no centro das atenções mundiais,
em sintonia com a fama de se tratar do país do futebol, de modo que essa
iniciativa pudesse representar ganho e trunfo político para o governo, que não
teve o indispensável cuidado de, primeiro, realizar a lição de casa, qual seja,
sanear as notórias questões de precariedades e de deficiências dos serviços
públicos, que somente ele não consegue enxergar os malefícios para trazer o
mundial para o Brasil se não houve a devida preparação do terreno não somente
psicológico, mas especialmente da demonstração de competência e decência com a aplicação
dos recursos públicos exclusivamente na satisfação do interesse da sociedade,
que entende perfeitamente que a vaidade e a arrogância para mostrar condições
para realizar megaeventos não condizem com os princípios saudáveis que devem ser
seguidos pelo administrador público responsável. Não será nenhuma novidade se essa infeliz campanha
publicitária se transformar em estrondoso movimento de antipatia e repulsa pela
população às obras, por evidenciar ainda mais as manias perdulárias desse
governo, que, sem o menor pudor, utiliza os cofres públicos para explicar o que
é injustificável, cujos valores poderiam ser aplicados em algo de real eficácia
para o atendimento da satisfação do interesse da sociedade. A presidente da
República deveria ter a humildade de fazer intensiva campanha publicitária, com
recursos do próprio bolso, para explicar e justificar as razões que a levaram a
desembolsar bastantes recursos públicos para construção do porto dos irmãos
castristas, quando aqui no Brasil há enorme carência de verbas para as obras de
reformas e construções de delegacias, escolas, hospitais, moradias, estradas,
creches, portos etc. Tanto isso é verdade que até agora o governo petista, há
mais de década na administração do país, não conseguir inaugurar nenhuma obra
importante, de real interesse para a sociedade. Essa história de Copa do Mundo somente
tem pertinência para quem ignora os princípios da competência e da
racionalidade para administrar com responsabilidade o país, levando-se em conta
a eficiência gerencial e a grandeza do povo brasileiro, que sabe perfeitamente
que os recursos desviados para as arenas e os estádios fazem enorme falta para os
programas prioritários da incumbência primária e constitucional do Estado. Na
verdade, o povo repudia a Copa do Mundo porque não vê nela nenhum benefício
para ele, que não tem condições financeiras para adquirir os caríssimos
ingressos dos jogos. Além disso, há a obrigação da manutenção dessas
estapafúrdias e inúteis megaobras, que não servirão, salvo pequenas exceções,
para absolutamente nada, a exemplo do estádio Mané Garrincha, ante a incipiência
e precariedade do Campeonato Candango e a insignificância do futebol de
Brasília no cenário nacional, por participar apenas da quarta divisão, o que
demonstra a incoerência do governo que gastou, sem o menor escrúpulo, nada mais
nada menos, do que R$ 1,5 bilhão, enquanto as obras e as reformas públicas verdadeiramente
sociais devem esperar um pouco mais, porque elas são prioritárias e inadiáveis,
mas nunca estiveram na agenda da urgência governamental. Não há dúvida de que
essa invenção de gastar mais dinheiro dos bestas dos contribuintes é um
desperdício a mais protagonizado pelo governo, que certamente deverá se
surpreender com a reação de repúdio do povo, que não concorda mais com a
insensibilidade e a irresponsabilidade na gestão de recursos públicos, que são
gastos de forma perdulária, em contrariedade e em dissonância com os interesses
da sociedade. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 31 de janeiro de 2014
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