terça-feira, 9 de abril de 2019

A impune dizimação humana


A crise na Venezuela só se agrava com o passar do tempo, à vista da deliberada radicalização por parte do regime ditatorial, que não arreda pé da sua posição de poder, mesmo com a intensificação e a generalização dos problemas humanitários.
Por último, a Assembleia Constituinte, controlada pelo presidente ditador, resolveu acolher pedido do Tribunal Supremo de Justiça, apêndice chavista no Poder Judiciário, e cassou a imunidade parlamentar do presidente autoproclamado, cuja medida abre caminho para a possível prisão dele.
O presidente da Assembleia Nacional, órgão do Poder Legislativo composto por deputados legitimamente eleitos, foi reconhecido há três meses como presidente de jure da Venezuela por países do Grupo de Lima, incluindo Brasil, Estados Unidos, entre outros, além da União Europeia. 
O presidente opositor ao ditador venezuelano iniciou uma série de viagens internacionais, em busca de apoio político e ajuda humanitária para seu país, compreendendo o Brasil, a Colômbia, o Paraguai, o Equador e a Argentina, enquanto a sua mulher foi recebida pelo presidente norte-americano, no Salão Oval da Casa Branca.
O Tribunal Supremo de Justiça da Venezuela concluiu que o presidente constitucionalista teria violado proibição de se ausentar daquele país, além de ter cometido outras graves “ilegalidades”,  enquanto ele, por óbvio, ignora  a referida decisão, dizendo que não reconhece o interdito.
O referido tribunal é o mesmo que deu ares de legalidade ao simulacro de eleição realizada em maio do ano passado, por meio da qual o ditador conseguiu, de forma fraudulenta, se reeleger, sendo que as principais fraudes dizem respeito aos fortes indícios de manipulação eleitoral, com a decisão que sacramentou a ausência de candidatos oposicionistas naquele pleito, fato este que redundou na falta de reconhecimento do governo ditatorial,  por mais de 50 nações, inclusive da União Europeia, diante da ilegitimidade do resultado das urnas, absolutamente amoldado aos interesses do ditador.
No regime ditatorial venezuelano, a prisão de líderes opositores é prática corriqueira e sistemática, a exemplo de muitos que já estão segregados do convívio social, tão somente porque confessaram contrariedade à cartilha bolivariana.
A eventual prisão do autoproclamado presidente venezuelano pode ter consequências mais graves para o regime ditatorial, diante de possíveis reações por parte dos países que compõem o expressivo rol de nações que o apoiam, em especial os Estados Unidos da América, cujo presidente já deixou explícita a possibilidade de intervenção militar na Venezuela, ao afirmar que é “uma das cartas sobre a mesa”.
É evidente que se trata de cenário bastante improvável, mas, em se tratando da loucura do presidente norte-americano, é compreensível qualquer forma de reação, em caso da prisão do presidente de oposição ao chavismo, fato que contribui para que este se mantenha firme na articulação pelo afastamento do ditador bolivariano e posterior realização de eleição presidencial, a par de que ele declarou que “Nada irá nos deter. Não vamos parar por medo de ameaças”.
No momento, a gravidade ou a extensão dos desdobramentos de abrupta retirada do presidente de oposição ao regime bolivariano do panorama político da Venezuela, não há a menor dúvida de que somente se agravam as dificuldades para os venezuelanos, que continuarão sendo penalizados indevida e injustamente pela desastrosa gestão socialista, diante do sofrimento imposto pelas severas consequências da maior crise humanitária da América do Sul, que, por certo, não terá fim tão cedo.
A gravidade dessa terrível crise ficou muito bem patenteada pela organização não governamental Juman Rights Watch, que divulgou relatório onde há classificação da situação da Venezuela como “emergência humanitária complexa”, expressão essa que significa termo técnico a justificar urgente intervenção da Organização das Nações Unidas no país, como forma de socorro humanitário, diante do maior grau de sofrimento imposto ao povo.
Nos termos desse relatório, a entidade pede que a ONU dê “resposta forte” à crise humanitária, diante da escassez de medicamentos e comida naquele país, que se agravou, com maior gravidade, por força dos apagões e da falta de água para a população.
O relatório em tela foi elaborado em conjunto com especialistas da Universidade Johns Hopkins, dos Estados Unidos, sendo que uma de suas médicas declarou que “o colapso absoluto do sistema de saúde da Venezuela, combinado com a escassez generalizada de alimentos, está exacerbando o calvário que os venezuelanos estão vivendo e colocando mais pessoas em risco”, tendo alertado que, sem a intervenção da ONU, a crise não terá fim e mais vidas serão perdidas, a curto prazo, o que significa a verdadeira confirmação do imperdoável desastre humanitário.
Não há a menor dúvida de que a crise humanitária na Venezuela já extrapolou o sentido da razoabilidade e da tolerância, diante da fragilidade e da letalidade de vidas humanas, cujo martírio poderia ser facilmente evitado ou minimizado se o brutamontes, cruel, bárbaro e desumano ditador bolivariano tivesse o mínimo de sensibilidade para pensar e sentir minimamente como ser humano, pelo menos, por alguns momentos, permitindo que a ajuda humanitária, não importando a sua origem, pudesse ser recebida pela população afetada pela crise humanitária, que tem sido dolorosa até mesmo por quem acompanha, a distância, o clamor de quem padece nesse verdadeiro inferno terrestre e verdadeiro.
Urge que as organizações e entidades internacionais, que se dizem cuidadoras da defesa dos direitos humanos, se movimentem, com a maior urgência possível, para tentar salvar muitas vidas humanas que estão padecendo no inferno mantido pelo governo ditatorial da Venezuela, que age livre e impunemente contra a população indefesa de seu país, em cristalina demonstração do pior totalitarismo inadmissível contra a humanidade, que jamais deveria prevalecer na atualidade, quando já poderia haver mecanismo capaz de eliminar da vida pública todos aqueles que trabalham em detrimento da humanidade, em especial no caso da terrível desgraça que grassa na Venezuela, notadamente em nome e defesa da famigerada ideologia disseminada pelo infortunado e selvagem regime socialista/comunista, que tem o terrível poder de dizimar impiedosamente o ser humano, à vista do que vem acontecendo, às claras, naquele país.
Brasil: apenas o ame!
Brasília, em 9 de abril de 2019

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