A
crise na Venezuela só se agrava com o passar do tempo, à vista da deliberada radicalização
por parte do regime ditatorial, que não arreda pé da sua posição de poder,
mesmo com a intensificação e a generalização dos problemas humanitários.
Por
último, a Assembleia Constituinte, controlada pelo presidente ditador, resolveu
acolher pedido do Tribunal Supremo de Justiça, apêndice chavista no Poder
Judiciário, e cassou a imunidade parlamentar do presidente autoproclamado, cuja
medida abre caminho para a possível prisão dele.
O
presidente da Assembleia Nacional, órgão do Poder Legislativo composto por
deputados legitimamente eleitos, foi reconhecido há três meses como presidente de jure da Venezuela por
países do Grupo de Lima, incluindo Brasil, Estados Unidos, entre outros, além
da União Europeia.
O
presidente opositor ao ditador venezuelano iniciou uma série de viagens internacionais,
em busca de apoio político e ajuda humanitária para seu país, compreendendo o
Brasil, a Colômbia, o Paraguai, o Equador e a Argentina, enquanto a sua mulher foi
recebida pelo presidente norte-americano, no Salão Oval da Casa Branca.
O
Tribunal Supremo de Justiça da Venezuela concluiu que o presidente constitucionalista
teria violado proibição de se ausentar daquele país, além de ter cometido outras
graves “ilegalidades”, enquanto ele, por óbvio, ignora a referida decisão, dizendo que não reconhece
o interdito.
O
referido tribunal é o mesmo que deu ares de legalidade ao simulacro de eleição
realizada em maio do ano passado, por meio da qual o ditador conseguiu, de
forma fraudulenta, se reeleger, sendo que as principais fraudes dizem respeito aos
fortes indícios de manipulação eleitoral, com a decisão que sacramentou a
ausência de candidatos oposicionistas naquele pleito, fato este que redundou na
falta de reconhecimento do governo ditatorial, por mais de 50 nações, inclusive da União
Europeia, diante da ilegitimidade do resultado das urnas, absolutamente
amoldado aos interesses do ditador.
No
regime ditatorial venezuelano, a prisão de líderes opositores é prática
corriqueira e sistemática, a exemplo de muitos que já estão segregados do convívio
social, tão somente porque confessaram contrariedade à cartilha bolivariana.
A
eventual prisão do autoproclamado presidente venezuelano pode ter consequências
mais graves para o regime ditatorial, diante de possíveis reações por parte dos
países que compõem o expressivo rol de nações que o apoiam, em especial os
Estados Unidos da América, cujo presidente já deixou explícita a possibilidade
de intervenção militar na Venezuela, ao afirmar que é “uma das cartas sobre a mesa”.
É
evidente que se trata de cenário bastante improvável, mas, em se tratando da
loucura do presidente norte-americano, é compreensível qualquer forma de
reação, em caso da prisão do presidente de oposição ao chavismo, fato que contribui
para que este se mantenha firme na articulação pelo afastamento do ditador bolivariano
e posterior realização de eleição presidencial, a par de que ele declarou que “Nada irá nos deter. Não vamos parar por medo
de ameaças”.
No
momento, a gravidade ou a extensão dos desdobramentos de abrupta retirada do
presidente de oposição ao regime bolivariano do panorama político da Venezuela,
não há a menor dúvida de que somente se agravam as dificuldades para os venezuelanos,
que continuarão sendo penalizados indevida e injustamente pela desastrosa
gestão socialista, diante do sofrimento imposto pelas severas consequências da
maior crise humanitária da América do Sul, que, por certo, não terá fim tão cedo.
A
gravidade dessa terrível crise ficou muito bem patenteada pela organização não
governamental Juman Rights Watch, que divulgou relatório onde há classificação da
situação da Venezuela como “emergência
humanitária complexa”, expressão essa que significa termo técnico a justificar
urgente intervenção da Organização das Nações Unidas no país, como forma de
socorro humanitário, diante do maior grau de sofrimento imposto ao povo.
Nos
termos desse relatório, a entidade pede que a ONU dê “resposta forte” à crise humanitária, diante da escassez de
medicamentos e comida naquele país, que se agravou, com maior gravidade, por
força dos apagões e da falta de água para a população.
O
relatório em tela foi elaborado em conjunto com especialistas da Universidade
Johns Hopkins, dos Estados Unidos, sendo que uma de suas médicas declarou que “o colapso absoluto do sistema de saúde da
Venezuela, combinado com a escassez generalizada de alimentos, está exacerbando
o calvário que os venezuelanos estão vivendo e colocando mais pessoas em risco”,
tendo alertado que, sem a intervenção da ONU, a crise não terá fim e mais vidas
serão perdidas, a curto prazo, o que significa a verdadeira confirmação do imperdoável
desastre humanitário.
Não
há a menor dúvida de que a crise humanitária na Venezuela já extrapolou o
sentido da razoabilidade e da tolerância, diante da fragilidade e da letalidade
de vidas humanas, cujo martírio poderia ser facilmente evitado ou minimizado se
o brutamontes, cruel, bárbaro e desumano ditador bolivariano tivesse o mínimo
de sensibilidade para pensar e sentir minimamente como ser humano, pelo menos,
por alguns momentos, permitindo que a ajuda humanitária, não importando a sua
origem, pudesse ser recebida pela população afetada pela crise humanitária, que
tem sido dolorosa até mesmo por quem acompanha, a distância, o clamor de quem
padece nesse verdadeiro inferno terrestre e verdadeiro.
Urge
que as organizações e entidades internacionais, que se dizem cuidadoras da
defesa dos direitos humanos, se movimentem, com a maior urgência possível, para
tentar salvar muitas vidas humanas que estão padecendo no inferno mantido pelo
governo ditatorial da Venezuela, que age livre e impunemente contra a população
indefesa de seu país, em cristalina demonstração do pior totalitarismo
inadmissível contra a humanidade, que jamais deveria prevalecer na atualidade, quando
já poderia haver mecanismo capaz de eliminar da vida pública todos aqueles que
trabalham em detrimento da humanidade, em especial no caso da terrível desgraça
que grassa na Venezuela, notadamente em nome e defesa da famigerada ideologia disseminada
pelo infortunado e selvagem regime socialista/comunista, que tem o terrível
poder de dizimar impiedosamente o ser humano, à vista do que vem acontecendo,
às claras, naquele país.
Brasil: apenas o ame!
Brasília, em 9 de abril de 2019
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