Na
situação que o Brasil se encontra, no momento, não há como se retomar o ansiado
caminho do desenvolvimento econômico e social se não se valerem das reformas
abrangentes nas estruturas do Estado, principalmente porque a administração vem
funcionando em bases empíricas e distanciadas da realidade e da otimização de
resultados.
O
Brasil vem sendo prejudicado, em termos de desenvolvimento, em razão da falta
de iniciativa para a adoção de reformas estruturantes, tendo como prioridade
exatamente a modernização da Previdência, passando pela reformulação dos
sistemas tributário, educacional, trabalhista, judiciário, administrativo,
político, tecnológico, fiscal, penal, entre outros indispensáveis ao
aperfeiçoamento e à modernização do Estado.
Sem
essas reformas, haverá enormes dificuldades para o restabelecimento da normalidade
e da estabilidade dos sistemas político-administrativos, quanto aos princípios jurídico-institucional,
que ressentem da modernidade própria da evolução da humanidade e das
vicissitudes sociais.
Muito
se fala sobre a imperiosa necessidade do combate à criminalidade e à impunidade,
o que é verdade, como se o foco do problema fosse só a corrupção ou o mar de
lama pútrida, que se resolvido, por si só, serviria para o saneamento das
mazelas que grassam no país.
Não
obstante, os problemas são abrangentes e nada se resolve se eles não forem
atacados com vontade política e de forma prioritária, no conjunto, por meio de
mutirão, com a máxima urgência possível, no âmbito da competência e da
responsabilidade administrativas.
Convém
que haja esforços no sentido de se amenizar e até acabar com a terrível e
prejudicial polarização político-ideológica, que até possa ser admissível o seu
uso nas campanhas eleitorais, diante do acirrado clima de conflito gerado no compreensível
ambiente da disputa eleitoral, mas a sua extensão depois disso apenas contribui
para esgarçar as relações sociais e alimentar desavenças desnecessárias entre
brasileiros.
É
evidente que tem sido difícil se achar o ponto ideal da pacificação até mesmo
no seio dos Poderes da República, diante da visível intolerância existente
entre as principais autoridades, em que, a todo momento, as suas vísceras são
expostas à opinião pública, com críticas desabonadoras e incompatíveis com os
princípios republicanos e a grandeza das suas finalidades institucionais.
Exemplo
disso ocorreu recentemente, em que os podres de principais autoridades foram
expostos nas redes sociais, ficando às claras, no mínimo, o desejo de que seria
declarado vencedor quem menos tivesse defeitos no seu currículo, não tendo havido
vencedor, diante das dificuldades de avaliação sobre quem teria menos sujeira
na sua áurea.
Até
almoço de confraternização já foi realizado, tendo reunido a nata dos Três
Poderes, com vistas à busca do entendimento e da pacificação dos ânimos entre
os caciques dos Poderes da República, mas, a depender da harmonia entre eles, a
principal reforma colocada à discussão não contou com nenhum benefício, diante
da troca de farpas entre os presidentes da República e da Câmara, que
resolveram mostrar suas garras um para outro e vice-versa, em demonstração de
que a rejeitada reforma terá enorme dificuldade para ser aprovada ainda na fase
inicial, na Câmara dos Deputados, se não houver pacificação dos ânimos e
compreensão de que ela é importante para o país.
Antes
dos entreveros, o presidente da Câmara ainda tentou amainar os ânimos, tendo
afirmado que “Há um intuito de todos de
construir uma nova agenda e de aprovar a reforma da Previdência. Este encontro
é um sinal importante. Estamos construindo um pacto para governar o Brasil”.
Com
a finalidade da criação de ambiente propício à concretude das reformas
estruturantes, compete ao Executivo liderar a aglutinação de esforços, união e
cooperação entre os poderes, de modo a ser constituído o sentimento uniforme de
brasilidade indispensável ao cumprimento do papel que compete constitucionalmente
a cada poder, à medida da sua responsabilidade.
Aliás,
na contramão desse sentimento de unicidade, o presidente da República tem demonstrado
completo alheamento à liturgia do principal cargo da República, não se
preocupando em causar permanente perplexidade com a sua interação nas redes
sociais, demandando mensagens completamente inadequadas à tentativa da união
nacional, por não se incomodar em alimentar atritos e polêmicas no seio da
sociedade e, muito pior, no âmbito dos poderes, com a criação de evitáveis fissuras
entre autoridades, como se ele ainda estivesse em plena campanha eleitoral e da
qual não pretende largar tão cedo.
É
evidente que a estabilidade institucional não pode ficar à mercê da falta de
agressões nas redes sociais, porque elas são absolutamente indesejáveis e fora
dos padrões republicanos, diante da necessidade do fortalecimento das
instituições e da sua plena funcionalidade, em benefício do interesse público,
tendo o cuidado de não haver invasão nas competências institucionais.
Nessa
linha de protagonismo das instituições da República, tem-se verificado que o
Supremo não fica para trás, quando alguns ministros se julgam o dona da razão e
extrapolam os limites das suas funções e conseguem mostrar desmedida
prepotência, não admitindo ponderações e muito menos críticas, a exemplo da criação
de sindicância para a apuração de fatos relacionados com agressões a membros e
familiares deles.
É
preciso minimizar as tensões e agressões, por meio de gestos simples de
cooperação e compreensão, evitando a evasão de sentimentos de exacerbado protagonismo
por parte das autoridades da República, diante da necessidade da
conscientização de que todos, embora revestidos de autoridades, não passam de
servidores públicos, constituídos de poderes, muitos quais, na sua maioria
emanados do povo, com procuração, com prazo determinado para representá-lo.
Urge
a conscientização sobre a necessidade da implantação de cultura moderna, no
âmbito dos três Poderes da República, com o estabelecimento de caracteres que
tenham como princípio disposição para o diálogo e principalmente para o
trabalho direcionado à implementação das reformas indispensáveis ao
desenvolvimento econômico e social, como única forma de contribuição ao bem
comum.
A
principal responsabilidade nessa importante empreitada cabe ao Congresso
Nacional, que tem a principal função de aprimorar e aperfeiçoar as normas
jurídicas que vão propiciar respaldo à execução das políticas capazes de gerar
emprego, ajudar a expansão do parque industrial e, enfim, permitir que a
modernidade facilite a consolidação da desejável funcionalidade institucional,
em que cada Poder da República possa cumprir, de forma eficiente e eficaz, o
seu dever constitucional, sob a estrita observância aos princípios da harmonia,
união e diálogo entre eles, evidentemente em benefício do interesse público.
Brasil:
apenas o ame!
Brasília, em 3 de abril de 2019
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