quarta-feira, 10 de abril de 2019

Observância aos princípios de civilidade


          A imagem do citado bilhete, com o texto, foi publicada no Twitter do partido, que está escrito exatamente nestes termos: "Querido Zeca, estou muito orgulhoso da Bancada do PT, que teve um papel extraordinário no debate sobre a Previdência com o Guedes, 'o destruidor os pobres'. Zeca, parabéns por compará-lo a uma 'tchutchuca' na relação dele com os empresários. Eu fiquei tão orgulhoso de você, que vou aprender a música da 'tchutchuca e o tigrão'. Kkkk Abraços, Lula. 04/04/2019.".
          No último dia 3, a aludida audiência foi encerrada depois que o mencionado parlamentar petista acusou, com termos agressivos o citado ministro, em tom de provocação, ao acusá-lo de ser "tigrão" com os aposentados, idosos de baixa renda e agricultores, ou seja, ser inflexível com a classe de menor nível social, mas, ao contrário, "tchutchuca" com banqueiros, empresários, executivos, ou seja, bonzinho com a classe de privilegiados.
O ataque do petista foi a gota d’água para levar à explosão final do ministro da Economia, que reagiu com destempero fora do microfone, tendo dito que "Eu não vim aqui para ser desrespeitado, não. (…) tchutchuca é a mãe, é a avó, respeita as pessoas. (…) Isso é ofensa. Eu respeito quem me respeita. Se você não me respeita, não merece meu respeito".
O parlamentar petista já iniciou sua participação perguntando a razão pela qual o ministro começou as reformas com a da Previdência e não alterações que afetassem os banqueiros.
Diante da truculência do petista, o ambiente foi transformado em verdadeiro tumulto, tornando impossível a continuidade da audiência, que foi encerrada.
Em primeiro plano, qualquer governo de ideologia de esquerda, direito ou de centro teria, irremediavelmente, que promover reforma da Previdência, na forma como foi oferecido o projeto em discussão na Câmara ou agasalhando outro texto, porém qualquer que fosse estaria tratando da mudança cogitada pelo governo, em razão do desequilíbrio flagrante nas contas públicas.  
Aliás, é preciso que se diga que o próprio ex-presidente petista sempre entendeu - embora nunca tivesse tido coragem política para implementar - sobre a necessidade da reforma da Previdência, por achar que o brasileiro tinha adquirido maior expectativa de vida, o que deixaria o sistema injusto e oneroso para o Estado.
Na atualidade, porém, não constitui nenhuma novidade que o PT seja contra a reforma em apreço, por se tratar de medida impopular e ser contra ela se harmoniza com o sentido de recuperação da popularidade perdida nas urnas, com a surra que levou de candidato que quase nem campanha pôde promover e ainda sob as piores acusações sobre qualificações pessoais, ou seja, o que foi protagonizado pelo parlamentar petista condiz fielmente com a atitude ética e moral típica do PT, quando já foi demonstrado, no passado, estando na oposição, que ele consegue ser contrário a tudo e a todos, mesmo que se trate de projeto em benefício do país ou do povo, mas, ao contrário, quando ele esteve no poder, sempre prevalece a sua verdade, ou seja, ninguém nunca fez nada melhor para o povo, mesmo que nunca tivesse tido coragem nem disposição política para implementar reforma significativa da estrutura do Estado e muito menos grandes obras capazes de contribuir efetivamente para o desenvolvimento do Brasil.
Não há a menor dúvida de que se trata de atitude bastante deplorável de político com a dimensão alcançada pelo cacique-mor, que deveria procurar orientar a condução dos trabalhos parlamentares dos integrantes do seu partido em estrito ambiente de alto nível, em clima de respeito, harmonia e sabedoria, mesmo em demonstração de contrariedade aos projetos governamentais, porque isso faz parte do jogo político, mas o baixo nível somente demonstra sentimento muito ruim para a imagem não somente do partido, mas sim do Parlamento.
É induvidoso que isso, infelizmente, faça parte do jogo político-democrático, de se opor à reforma que, no caso, tem por principal objetivo o equilíbrio das contas públicas e não seria nada vergonhoso para o partido se manifestar contrariamente a tal procedimento, mesmo porque no último governo era normal a existência dos rombos nos orçamentos públicos, muito bem retratados pelas famosas “pedaladas fiscais”, que ensejaram o afastamento da presidente da República, justamente em razão da caracterização do crime de responsabilidade fiscal, previsto na Constituição Federal, ou seja, o governo gastava mais do que se arrecadava, obrigando que bancos oficiais antecipassem, com recursos próprios, o pagamentos de obrigações da União.
À toda evidência, a mensagem do político-mor não pode se harmonizar com os melhores princípios das atividades políticas, por concordar com forma de grosseira para demonstrar que não concorda com o projeto do governo, quando se ofende publicamente agente público de relevância, ao denegrir, de maneira graciosa, a sua imagem, quando a atividade parlamentar precisa seguir o rito, a liturgia do acatamento aos princípios democrático e republicano de respeito à dignidade do ser humano, tendo-se em conta que o sentimento da verdade se impõe por si só no âmbito do respeito mútuo e tratamento cordial, mesmo para se expressar que não concorda com as medidas cogitadas pelo governo.
É normal, se proceder nos países sérios, civilizados e evoluídos, em termos legislativos, políticos e democráticos, que o parlamentar ou partido ofereça, gentilmente, substitutivos para os tópicos da reforma, naquilo que não se coaduna com a realidade dos fatos ou da sua ideologia, em clara demonstração de maturidade sabedoria políticas e em consonância com a inteligência própria das atividades legislativas.
É evidente que o líder-mor petista se expõe publicamente, de forma nada dignificante, por que em apoio à atitude visivelmente reprovável pela normal sensibilidade social, que prima por princípios de elegância e respeito ao ser humano, porque ele sabe que seus seguidores, na maioria, esperam que ele tenha condescendência com tudo aquilo que possa atingir o governo, sem sequer imaginar que a reforma da Previdência tem apenas a iniciativa dele, por força da obrigação executiva, mas  a sua aprovação diz respeito aos interesses nacionais, ou seja, aos brasileiros, que anseiam pela retomada do desenvolvimento do Brasil, que certamente não será possível sem as reformas que deixaram de ser implementadas no passado.  
Em síntese, o ex-presidente da República petista perdeu excelente oportunidade para transmitir não somente aos integrantes de seu partido, mas aos brasileiros importante lição de maturidade, sabedoria e dignidade político-democrática, quando, mesmo concordando, porque isso ficou patente, com a atitude nada condizente com o decoro político e social de afoito congressista, que, por princípios, precisa respeitar a dignidade do ser humano, poderia, ao contrário do que fez, apresentar escusas à sociedade, pelo ocorrido, e intenção de oferecimento de sugestão de reforma da Previdência condizente com o pensamento ideológico do partido, contendo os mesmos objetivos do governo de equilíbrio das contas públicas, além de se comprometer a orientar seus correligionários a exercerem seus mandatos em estrita observância aos princípios de civilidade e respeito à dignidade humana.
Brasil: apenas o ame!
Brasília, em 10 de abril de 2019

Nenhum comentário:

Postar um comentário