Embora
exatamente depois de um ano encarcerado em uma cela especial, na Superintendência da
Polícia Federal, em Curitiba (PR), em cumprimento à condenação de doze anos e
um mês de prisão, pelos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro, o
ex-presidente da República petista não só comanda como dá as cartas no PT.
A
sua soberania plena e irrefutável tem sido implementada por meio de ordens escritas
em bilhetes, cartas ou indicação direta de porta-vozes, como se fosse o próprio,
que tem sido seguida rigorosamente pelos súditos, que acatam e obedecem à risca
as suas orientações.
Exemplo
clássico e seguro desse incontestável comando aconteceu recentemente, quando da
atuação da bancada petista na audiência com o ministro da Economia, na Comissão
de Constituição e Justiça da Câmara dos Deputados, que fora comparada pelo
presidente da República como “pelotão de
fuzilamento”, depois que o ex-presidente entendeu que é preciso jogar duro contra
a reforma da Previdência.
Na
realidade, a preocupação do petista é tão somente se acentuar a verdadeira impopularidade
da reforma da Previdência, de modo a se enfatizar, com veemência, essa situação,
diante do seu potencial para provocar o descolamento de parte do eleitorado do
presidente do país, que se encontra na camada evangélica e é considerado de
baixa renda, sob o argumento de que ele será certamente prejudicado com a perda
de direitos e ainda ficariam sob suspense as dúvidas quanto à aposentadoria.
Pois
bem, mesmo enclausurado na sela, o ex-presidente detonou a poderosa e
irrefutável ordem aos seus fiéis comandados, verbis: “O PT deve deixar
para o segundo semestre as discussões sobre a escolha da próxima direção
partidária, marcada para novembro, e concentrar na reforma da Previdência sua
atuação como oposição a Bolsonaro. Este vai ser o foco do partido nos próximos
meses.”.
O
petista também concluiu que “A postura subalterna
de Bolsonaro diante do presidente dos EUA, Donald Trump, poderia servir de
vetor para o descontentamento de uma parcela nacionalista do eleitorado.”.
O
ex-presidente, percebendo a motivação de caciques em torno da renovação da direção
do partido, procurou intervir de forma cirúrgica, ao convocar o deputado que se
tornou “famoso” por ter transportado dólares na cueca, que objetiva montar a
sua candidatura à presidência do partido, para eles terem importante conversa ao
pé-de-ouvido, tendo sido, conforme foi revelado pelo deputado cearense, alertado,
como cuidado prioritário do cacique-mor, sobre as questões centrais para o PT,
em 2019, a saber: “o foco agora são a
reforma da Previdência e a soberania. O debate sobre a renovação do partido
fica para o segundo semestre”.
Fala-se,
nos bastidores, que, graças à intervenção do ex-presidente, agindo como
bombeiro nos fortes atritos entre o ex-prefeito de São Paulo e a presidente do
PT, estes estariam seguindo as orientações do mestre, no sentido de que a
lavagem da roupa suja seja feita dentro de casa.
Em
síntese, percebe-se, de forma patente, notadamente nesse caso da reforma da
Previdência, que o PT estaria funcionando como verdadeiro PT, ao mostrar a sua real
identidade como partido que procura, sem o menor escrúpulo, se beneficiar da
situação, como indiscutível oportunista, quando faz miséria e procura tumultuar
o ambiente político, com o objetivo de angariar a simpatia do eleitorado, diante
da insatisfação com o governo dos eleitores evangélicos e de outros segmentos
sociais, pouco importando para ele que a sua posição possa contrariar a mudança
cogitada pelo governo e que isso seja extremamente prejudicial aos interesses
nacionais, diante do entendimento de especialistas que defendem a premência na
aprovação da reforma em apreço.
De
um modo geral, fica clara a certeza de que há gigantesca dificuldade ou até
mesmo enorme incapacidade de o PT decidir seu destino, como partido político,
que não consegue atuar sem a orientação de seu cacique-mor que, mesmo estando
preso, demonstra imensurável insensibilidade para compreender que a agremiação
precisa não somente respirar sem os seus cuidados e ainda andar com as próprias
pernas, notadamente após a sua prisão, em razão das restrições de atuação e
comunicação.
Isso
suscita o entendimento segundo o qual, sem ele, o PT é um partido acéfalo, como
se fosse uma ilha rodeada de muitos caciques, mas todos incompetentes de
liderança política, que esperam por orientações partindo de dentro da cadeia,
como fazem normalmente os comandos das organizações criminosas, justamente por
não confiarem nem acreditarem que alguém tenha capacidade para tomar decisão acertada,
em benefício da agremiação e de seus filiados.
O
caso mais visível e absurdo referente ao controle das atividades partidárias
ocorreu por ocasião das eleições presidenciais, em que o candidato à Presidência
da República, o principal cargo do país, não se cansou de visitar o
todo-poderoso, na cadeia, no primeiro turno, para buscar orientação sobre o que
fazer na sua campanha, dando a entender que o postulante a cargo tão importante
do país não tinha condições de agir e decidir por conta própria.
Não
há a menor dúvida de que essa situação esdrúxula não condiz com a modernidade
das atividades políticas, que precisam de constantes renovações no âmbito das suas
lideranças, como forma de oxigenação, purificação e aperfeiçoamento, em termos
de orientação quanto aos objetivos partidários e políticos, em harmonia com os
saudáveis princípios próprios da alternância do poder.
Brasil: apenas o ame!
Brasília, em 8 de abril de 2019
Nenhum comentário:
Postar um comentário