segunda-feira, 18 de novembro de 2019

A guerra da polarização


Com a soltura do principal político do PT, a verdadeira polarização ganha de vez contorno de guerra nas ruas do país, com a reafirmação da decisão de luta por parte da oposição ao governo, que alimenta o íntimo belicista do irascível presidente brasileiro, que é convencido sobre a imperante necessidade da tática segundo a qual o país precisa se manter em permanentes conflitos.
Ao contrário que se poderia imaginar, no fundo, o presidente demonstra ter gostado da soltura do petista, por não ter se manifestado, em pronunciamento, nem contra ou a favor dela, tendo ficado indiferente aos acontecimentos, em que pese o notório incômodo evidenciado com a revolta que isso gerou, em especial, entre os seus apoiadores.
Por sua vez, o presidente também não pretende se indispor com os ministros do Supremo Tribunal Federal, à vista da visível receptividade deles aos seus interesses, em especial no que tange ao envolvimento de familiares, no mais indigno compartilhamento de táticas conjuntas destinadas a frearem as investigações da Lava-Jato em direção a filhos dele implicados na Justiça.
O gosto pela polarização ganha destaque porque o presidente, nem bem sentou com firmeza na principal cadeira do país, já se apaixonou de vez pelo poder, diante da influência e das prerrogativas oferecidas pelo cargo presidencial, tendo, muito rapidinho, com menos de um ano de governo, declarado que pretende prorrogação à sua frente, o que não seria diferente, a exemplo de todos os que já passaram por momento idêntico.
Os antecessores dele no cargo fizeram exatamente o mesmo, seguindo script análogo e o resultado é que o Brasil não consegue sair das graves crises, que têm contribuído para o emperramento e a dificuldade na retomada do crescimento socioeconômico.
O arquirrival do presidente, a despeito de ter feito governo sempre lembrado, teve a infelicidade de ter criado a sua complicada teia de influência, em especial com o aparelhamento do Estado, tendo culminado com o patrocínio dos famigerados mensalão e petrolão, de drástica memória para os brasileiros honrados.
O atual governo também tem  procurado, à sua maneira, aparelhar a estrutura do poder, com a infiltração de seus prediletos afilhados na administração pública, mas com detalhe maquiavélico, em que tem sido comum aqueles que contrariarem os interesses do governo são imediatamente jogados para fora do barco, a toque de caixa e aos gritos, não importando se eles estejam cumprindo estritamente seu trabalho institucional, a exemplo do que ocorreu com os presidentes do INPE, Coaf, IBGE e ANCINE,  que foram exonerados, despachados dos cargos tão somente por terem informado, no exercício de suas atribuições, números e elementos verdadeiros, cujos atos contrariaram o mandatário.
À toda evidência, o Brasil está, irremediavelmente, sob o signo da extrema polarização, cujas ideias vão prevalecer doravante, exclusivamente para atender às vontades dos dois principais caciques da direita e da esquerda, que estão preocupados apenas com as benesses advindas do poder.
Quem está no poder tem muito mais elementos para manobras e deverá protagonizar diabruras para não entregar o governo à esquerda e ainda se manter nele, se possível até perpetuamente, como era o indiscutível sonho dos petistas.
Não será surpresa se, nessa guerra, houver o uso descontrolado de estratagemas via difamação de adversários, rede ilegal de produção de desinformações de ambas as partes, para potencializar, de forma enérgica, a destruição de adversários, com a fartura de ameaças de toda ordem, tudo em defesa do fantástico projeto de dominação arquitetado por ambos líderes, que haverá de vencer aquele que mostrar mais habilidade no campo da promiscuidade política, porque nessa guerra suja, normalmente ganha quem tiver maior cacife e poder de convencimento da população com as suas maquiavélicas maldades, prontas para o ataque e a destruição, sem o menor escrúpulo quanto aos interesses nacionais.
Não se pode esperar tempos desanuviados, quando as perspectivas são as piores possíveis, diante da formalização oficial da polarização, com a tendência da exaltação dos ânimos, protagonizada por duas figuras que não têm o menor pudor em destruir a capacidade intuitiva e pacífica dos brasileiros, com as suas mirabolantes intenções voltadas com exclusividade para seus projetos de poder.
Não há a menor dúvida de que os dois políticos têm olhos vidrados na concretude de seus únicos projetos políticos e ambos contam com seus seguidores, que são fiéis às suas ideias, sendo incapazes de enxergar algo diferente, mesmo que seja em benefício dos interesses do Brasil e dos brasileiros.
Com o objetivo de conquistar seguidores, em irregular e notória antecipação da campanha eleitoral, ainda tão distante, os dois políticos se enveredam em trapalhadas nada republicanas, contrárias ao que deveriam ser compromisso sério com vistas à solução dos graves problemas nacionais, mas os fatos mostram que as suas preocupações dizem respeito a objetivos voltados para o mando e o poder, nada importando que o Brasil fique exposto ao caos e à desordem, em razão do radicalismo extremo, insensato e antidemocrático que ambos alimentam como propósito político.
A princípio, o presidente se apresentou a seus eleitores com a meta de limpar a sujeira da administração do Brasil, acabando com a desgraça das práticas imorais e dos desvios endêmicos e sistemáticos de recursos públicos, a politicagem paroquiana, para o restabelecimento dos valores morais, com enfoque também para a dignidade dos padrões da família, a qual ainda se mostra embrionária, mas com perspectiva de dias melhores, a despeito de pequenos deslizes aqui e acolá, em defesa de interesses de filhos.   
Por seu turno, o seu oposto, se intitulava, ao meio de verdadeiro mantra, a pessoa mais inocente do planeta, se equiparando, sem modéstia, somente ao Mestre Jesus Cristo e que ele teria sido, nas suas palavras, convertido em uma ideia, o próprio Deus do Olimpo político para seus seguidores, que o idolatram incondicionalmente, a despeito de ter sido condenado a prisão em dois processos, considerado, pelo Ministério Público, formador de quadrilha, recebedor de propinas em série, além de ainda responder, como réu, a mais seis processos na Justiça, sendo colecionador de invejável e extensa folha corrida, enquadrado, como tal, na Lei da Ficha Limpa e ainda com direitos políticos suspensos, por oito anos, contar da decisão da segunda instância.
À toda evidência, trata-se de político completamente implicado com fatos e denúncias nitidamente incompatíveis com as atividades públicas e políticas, por exigirem conduta ilibada e imaculabilidade, ou seja, sem qualquer denúncia ou ação em tramitação na Justiça, o que não é o caso dele, que está solto, mas não livre.
Enfim, não resta mais a menor dúvida de que, o destino do Brasil está lançado e não consegue mais escapar das mãos e das cabeças de dois astutos e experientes políticos, que têm muita capacidade para tratar de manipulações, astúcias e retóricas de toda ordem, com capacidade para transformar o jogo político em verdadeira guerra, onde certamente não haverá vencedor, mas sim perdedor declarado desde logo: o Brasil.
Fora de dúvidas, compete aos brasileiros sensatos o despertar, em termos se sentimentos cívicos, ao meio dessa programada guerra política, que só acaba de começar, para o fim de, acordados e lúcidos, terem condições de apelar para o bom senso e seguir os rumos do equilíbrio e da serenidade, evitando o terrível desatinado radicalismo, que só leva às incertezas e à confusão, fato este que sinaliza para o afastamento do povo do extremismo, de modo que medida nesse sentido somente contribuirá para a construção do bem do Brasil e dos brasileiros.
Induvidosamente, o cenário político que acaba de ser armado tem os ingredientes para o desenrolar de intensa guerra, que só começou entre o bolsonarismo versus o lulismo, cujo caldo ideológico tem tudo para engrossar daqui em diante, à vista da disposição de dois políticos absolutamente desatinados e inconsequentes, que certamente hão de oferecer momentos angustiantes para os brasileiros, porque esse conflito, por certo, não resultará em nada proveitoso, não importando o lado que pender a vitória, porque os interesses do Brasil serão fragorosamente derrotados, ante o protagonismo de terrível e temerosa polarização.
Brasil: apenas o ame!
Brasília, em 18 de novembro de 2019

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