terça-feira, 12 de novembro de 2019

Ultimato à vida


Em razão da crônica intitulada “Visível descaso à vida”, versando sobre os enlouquecidos casos de perdas de vidas humanas nas estradas de Uiraúna, Paraíba, em decorrência de constantes colisões entre motocicletas e animais bovinos, equinos, principalmente, foi concluído ali pela necessidade da mobilização da população uiraunense para apelar às autoridades públicas daquela cidade, no sentido de tomarem urgentes e efetivas medidas com vistas à solução desse gravíssimo e inadmissível problema.
O sentimento que se tem é que essa situação atingiu nível de tolerância zero, não mais se admitindo que o povo dessa comunidade fique paralítico, cego e mudo diante de situação da maior gravidade, que aflige a todos só em se pensar que, na fantástica evolução dos tempos, algo dessa magnitude estarrecedora ainda possa acontecer e ninguém se mova nem se incomode, em forma de iniciativa digna, inteligente e responsável, no sentido da adoção das devidas providências saneadoras, com vistas, prioritariamente, à proteção e à segurança da vida das pessoas, em especial, que deve ser defendida e valorizada, diante da sua imensurável preciosidade, o que se exige que o cuidado sobre a sua proteção deva ser feito por seus semelhantes, com o emprego de todas as armas possíveis e imagináveis.
Diante desse indiscutível caos nas estradas, com seguidas mortes de pessoas e animais, já era para as autoridades pertinentes terem, há bastante tempo, tomado efetivas providências no que tange à segurança e à prevenção de acidentes, para evitá-lo, mas, ao contrário disso, o que se ver é o silêncio tumular, em cristalina evidência de brutal omissão diante do visível estado de calamidade pública, em permanente situação de ausência do poder público, com a caracterização do crime de responsabilidade, que é evidenciado quando o Estado deixa de prestar os serviços públicos essenciais, como nesse caso de total insegurança nas estradas na proximidade de Uiraúna, em que os seus usuários correm permanente risco de se envolverem em imprevisíveis e trágicos acidentes, com gravidades imagináveis, mas sempre danosas a eles.
Não há a menor dúvida de que causa enorme perplexidade a existência de abissal apatia não somente das autoridades públicas, envolvendo aquelas incumbidas da fiscalização e do controle das estradas, nas suas áreas de atuação, e também de quem administra os interesses da municipalidade, que tem dever público primário de se exigir a adoção de medidas com vistas ao saneamento de graves problemas, por afetarem vidas humanas, especialmente, como também a população, que tem sido diretamente afetada com o desaparecimento precoce de importantes membros da sociedade.
Por oportuno, é importantíssimo se questionar o papel do Ministério Público, federal e estadual, nessa questão referente às mortes nas estradas, diante da sua relevante e primordial função institucional de fiscal, ouvidor e advogado do povo, tendo a obrigação de sempre se posicionar como defensor da sociedade contra possíveis abusos e omissões do Estado.
Bem se sabe que o Ministério Público tem como função definida pela Constituição Federal e, além da defesa da ordem jurídica e do regime democrático, é do seu dever a defesa dos interesses sociais e individuais indisponíveis, como nesse caso de os usuários puderem usar as estradas com plenas segurança e preservação da vida.
Além da defesa dos direitos fundamentais da cidadania, o Ministério Público tem obrigação de atuar na defesa do meio ambiente, estando, nesse caso, a se exigir a sua efetiva participação, por dever institucionalizado.
Como a ampla missão instituída na Constituição, em defesa dos direitos da cidadania, o Ministério Público precisa estar em contato permanente e direto com a sociedade, para acompanhar as questões da localidade, ouvir a população e trabalhar para que os direitos dela sejam respeitados, sendo imprescindível que haja, nesse caso, em cada município, ao menos, a Promotoria de Justiça, que passa a responder e atuar pelo Ministério Público, que tem a obrigação de atender aos reclamos da população.
À toda evidência, nesse assombroso caso em comento, a participação do Ministério Público/Promotoria de Justiça, federal e estadual, em se tratando de rodovias de ambas as esferas, vem a calhar, porque a população de Uiraúna anseia por que a experiência jurídica de quem tem a competência constitucional para defender os direitos da cidadania de trafegar, com tranquilidade e segurança, não pode ficar ausente neste momento tão difícil da sociedade, ante a sua obrigação institucional de defesa dos interesses das pessoas e dos animais, no âmbito do meio ambiente.
Como a crônica referenciada foi publicada no prestigiado portal Cofemac, de expressiva penetração no seio da comunidade uiraunense, tenho o dever de agradecer ao prezado e competente comunicador Fábio, por ele compreender a importância do despertar da sociedade uiraunense para caso que merece destaque, como forma de evidenciar situação extremamente desagradável e inadmissível, na atualidade, com vistas ao emprego dos recursos disponíveis capazes de se evitar a sua ocorrência.
É muito importante que os meios de comunicação social se interessem em empunhar essa importante bandeira em prol do despertar da consciência das autoridades incumbidas da fiscalização e do controle sobre a segurança das estradas federais e estaduais, nas proximidades de Uiraúna, de modo que a incidência de mortes, absolutamente evitáveis, tenha término, o mais rapidamente possível e em definitivo, com a volta das segurança e tranquilidade nas estradas do Município de Uiraúna.
À toda evidência, é verdade incontestável que a população de Uiraúna já pagou preço para lá de altíssimo com a perda de queridos conterrâneos, ainda na efervescência de suas existências e, contra isso, é precisa que seja dado um basta, mediante verdadeiro grito de independência, por meio do despertar da letargia que reinou até então.
          É preciso sim que essa importante bandeira também seja empunhada por cada uiraunense, sem ideologia nem partido político, mas sim com muito amor no coração, por se tratar de causa que não pode ficar mais no meio da estrada, abandonada sem pai nem mãe, à mercê das incertezas e da sorte, principalmente diante da gravidade desse problema que aflige, e muito, toda população.
Felizmente, essa triste realidade tem solução, bastando apenas vontade política e o apoio da população uiraunense, porque, se nada for feito, certamente que Uiraúna há de continuar lamentando e chorando ainda pela perda de muitos filhos queridos, que não podem mais se expor ao risco iminente, à custa dos injustificáveis descaso e da omissão.
Confesso que meu coração se enche de felicidade por contar com o apoio de ilustres conterrâneos nessa batalha contra a inércia de quem pode solucionar tão difícil problema, inclusive com a participação de alguns eminentes vereadores de Uiraúna, que se solidarizam com a minha mensagem de alerta para situação da maior gravidade nas estradas, na esperança de que esse estridente grito de pedido de socorro possa, enfim, ser ouvido, com nitidez e sabedoria, por parte das autoridades que têm competência legal para pôr término a essa perseguição traumática de não se ter a certeza de voltar para o doce lar, são e salvo.
Brasil: apenas o ame!
Brasília, em 12 de novembro de 2019 

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