domingo, 17 de novembro de 2019

Questão de dignidade humana


A Igreja Católica, na França, pretende indenizar financeiramente as vítimas de pedofilia, praticada por integrantes da instituição, segundo informação confirmada pelo porta-voz da Conferência dos Bispos daquele país.
De acordo com o citado porta-voz, "A decisão principal já foi tomada", cuja medida será materializada por "gesto de reconhecimento financeiro", que terá abrangência, em breve, às vítimas de pedofilia dentro da Igreja Católica, no âmbito da França.
O porta-voz disse que a forma como essa indenização será realizada deve ser submetida à votação dos bispos franceses, em assembleia com essa finalidade.
O movimento foi denominado, segundo o porta-voz, de "alocação de reconhecimento do sofrimento das vítimas", cuja iniciativa prevê colocar em prática dispositivo inédito, mesmo que as vítimas já tenham sido indenizadas por decisão judicial ou em casos em que o crime tenha prescrevido.
O porta-voz disse que o montante dos recursos para as indenizações será obtido por meio de doações de fiéis, na forma da constituição de fundo específico.
Já há levantamento de aproximadamente 200 vítimas que poderão ser beneficiadas com a medida, mas há a expectativa de que esse número deve aumentar, porque os trabalhos pertinentes ainda não foram concluídos.
Não há a menor dúvida de que se trata de medida de pura justiça, em reconhecer parte importante dos erros da Igreja Católica, mas medida nesse sentido deveria sim ter sido adotada na sua sede, no Vaticano, para que a sua abrangência se tornasse universal, fazendo a devida justiça, de maneira uniforme, para que a reparação, com essa intenção, abranja todas as vítimas que foram abusadas por esses monstros de batina ou de outra forma, que usaram o nome de Deus em vão e foram extremamente cruéis no exercício do seu ofício de evangelização.
Não há negar que há tempos a igreja acobertou, de forma absolutamente injustificável, esse horroroso crime de pedofilia, tendo sido imperdoavelmente omissa diante desse grave e desumano problema, que chegou à alarmante situação exatamente porque a igreja preferiu se silenciar, passando-se por mouca e cega, sem ouvir nem ver os reclamos das vítimas, em todo o mundo, e ainda da sociedade, que sempre reconheceu abusos dentro da instituição, que sempre foram abafados para protegê-la de escândalo, que se tornaram a sua principal chaga de desumanidade, por ter sido insensível às crueldades.
A verdade é que os crimes sexuais existem em todas as religiões, não somente na Igreja Católica, por se tratar de pecado grave de natureza humana, que poderia ter sido, ao menos, minimizado por meio da adoção de medidas duras e severas no seu combate, não somente depois de tanto tempo da sua ocorrência e apenas em determinada localidade, na França, mas sim no âmbito de toda igreja, não permitindo que as denúncias deixassem de ser investigadas e, se for o caso, punidos os culpados identificados.
A pedofilia na Igreja Católica é tão maléfica quanto à doutrinação política existente no seu seio, em forma de movimentos intensivos de socialização, que se misturam com a corrente de evangelização, que não deveria ser deturpada com ideologia política, considerando a finalidade institucional de cada uma de suas filosofias, cuja unificação somente acarreta prejuízo aos autênticos fiéis da igreja de Pedro, que precisa retomar, com urgência, à sua verdadeira e autêntica linda só de evangelização da palavra de Jesus Cristo, deixando que os políticos cuidem dessa outra parte, que é muito importante, mas dissociada da Igreja Católica.
Como se acreditar em um ser superior quando a sua instituição se desorganiza, se deteriora em malfeitos demandados por membros inescrupulosos, que praticam maldades exatamente com o acobertamento de quem tem o dever de promover a sua purificação, como vinha acontecendo há tão pouco tempo?
É preciso que o despertar da moralização da Igreja Católica aconteça não somente por localidades, mas sim onde tiver um templo com o sinete representativo da casa erigida em nome de Jesus Cristo, para que os valores e os princípios do cristianismo sejam glorificados em nome da pureza e da divindade, em benefício das pessoas que acreditam em bondoso ser superior e justo
A verdade é que a religião é forma segura de alimento do espírito e o homem precisa ter a certeza de que os seus fundamentos estão sendo preservados em estruturas absolutamente imunes à perversidade da dignidade do homem.
Não há a menor dúvida de que a moralização da Igreja Católica faz parte da elevação dos valores e dos princípios divinos, tão essenciais à crença humana, que se fortalece quando a instituição demonstra seriedade e prima pela preservação do respeito à evangelização dos fundamentos instituídos por Jesus Cristo.
Brasília, em 17 de novembro de 2019 

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