Parabenizo o comunicador Fábio, responsável pelo
respeitável portal Cofemac, e o agradeço pela publicação de mais uma crônica
minha, tratando de delicado assunto relacionado com as mortes nas estradas, nas
proximidades de Uiraúna.
Esse gesto mostra o seu amor à comunidade dessa cidade,
sendo forma clara de contribuição social da maior importância para levar a
notícia a todos os cantos do mundo, com o propósito de se chamar a atenção para
a desgraça e a omissão que vêm ocorrendo nas barbas das autoridades
(ir)responsáveis pela segurança nas estradas, que estão a merecer os devidos cuidados, à vista dos
reiterados acidentes fatais, cujos sinistros acontecem com bastante frequência,
sempre resultando em lastimável perda de vidas humanas e de animal, que
poderiam ser seguramente evitadas.
O mais grave desse funesto palco de interminável drama é que,
depois de triste ocorrido, tudo fica como antes no quartel Abrantes, como se
nada tivesse tido o fim melancólico e lamentável, apenas permanecendo o cenário
estrategicamente montado e preparado com o recriminável beneplácito do desprezo
e da omissão, infelizmente, à espera de possível e inevitável nova peça de horror,
de vez que medida alguma é, ao menos, ensaiada, esboçada, para a mudança de
roteiro macabro e desolador.
O mais ridículo e preocupante ainda é se perceber a
tristeza da realidade, transformada em verdadeira tragédia humana, a continuar
livre para voltar a acontecer, de forma traiçoeira e definitiva, sem que a
sociedade, nem minimamente, não se comova nem se revolte contra esse estado de
coisas mais aviltante possível para o ser humano, diante da inércia.
Não me refiro ao puro e explícito sentimento de piedade meramente
humana, porque isso não é capaz nem suficiente para despertar a dureza e a morbidez
das consciências dos agentes públicos incumbidos do controle e da fiscalização
das estradas federal e estadual, no sentido de torná-las extremamente seguras e
transitáveis, sem o perigo da surpresa de animal solto, a desfilar nas
passarelas do asfalto.
É preciso sim que esse sentimento humano seja transformado
em ações efetivas, com medidas práticas e claras, em forma de mobilização da
sociedade local, para mostrar, com força e clareza, repúdio aos odiosos desprezo
e omissão a essa indiscutível realidade materializada, seguidamente, em
tragédias horrorosas, além de se exigir, de forma veemente e impositiva, a
presença nas estradas dos agentes, federal e estadual, com atribuição e
incumbência legais para resolver, com urgência, os gravíssimos problemas de
insegurança nas estradas, nas proximidades de Uiraúna.
É evidente que cada povo se comporta conforme seus
sentimentos e anseios mais amplos possíveis, fato este que é preciso que outros
povos tenham a necessária sensibilidade para compreendê-lo quanto às suas idiossincrasias
e objetivos sociais e políticos, a exemplo do que se viu agora, no país afora,
a incontrolável euforia de brasileiros festejando, em passeata, a soltura de
ilustre político condenado pela prática de atos contrários aos princípios da
moralidade e da dignidade na administração pública, que passa a conviver normalmente
no seio da sociedade, como se isso fosse motivo de enorme regozijo e realização
pessoal.
Não obstante, forma semelhante de mobilização da sociedade,
que seria tão importante para a preservação e a integridade de vidas humanas,
não se consegue nem em pensamento, porque naturalmente isso não faz parte da
cultura do povo, em se solidarizar, não apenas com meras palavras de “sinto
muito”, nada disso, com o seu semelhante em momento delicado, quando alguém da
sua família ou amizade mais próxima deixou de existir, por fatalidade, mas sim
com gesto de verdadeiro amor e de ação prática, mostrando interesse em se
evitar que novas tragédias possam acontecer, inclusive também com seus próprios
familiares, diante do risco generalizado.
Com certeza, se houve alguma forma de mobilização, por meio
de passeata, com carros de som e recursos próprios usados nos movimentos em defesa
de algo sem o menor sentido prático, por certo as autoridades incumbidas de
propiciar a segurança das estradas seriam despertas da sua interminável letargia
e poderia, a partir de então, se conscientizar sobre os estragos já causados à
sociedade, em razão da sua vergonhosa e injustificável omissão, por tanto tempo,
cujos prejuízos são imensuráveis e irrecuperáveis, lamentavelmente.
Confesso que procurei cumprir, com o maior amor no coração,
o meu dever de cidadão de mostrar ao mundo o quanto a minha querida cidade de
Uiraúna, infelizmente, ainda tem enorme dificuldade para a valorização da vida
humana, em especial, ao permitir que muitas vidas sejam imoladas nas estradas, conforme
mostram casos recentes, exclusivamente em razão do descaso e da omissão por parte
daqueles que têm a nobre missão de aparelhá-las com meios seguros, com a possibilidade
de se minimizar, ao máximo, acidentes fatais, como a obrigação de se manterem
presos os animais de criação, além de outras medidas capazes de zelar pela
integridade de vidas.
Diante dessa contribuição, que a fiz com as melhores das intenções,
nutro, sinceramente, profundas esperanças de que a minha intensa indignação diante
desses fatos tristes e lamentáveis, absolutamente acolitados pela inaceitável e
injustificável omissão de autoridades e do povo, se transforme em sentimento de
luta por parte das pessoas que demonstrem amor ao seu próximo e não permitam,
por meio de ações efetivas, que continue
a vicejar esse deplorável e calamitoso estado de desprezo nas estradas.
Brasil: apenas o ame!
Brasília, em 15 de novembro de 2019
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