Não passa de piada de mau gosto o deputado filho do
presidente da República vir a público para afirmar que estaria abrindo mão da
embaixada brasileira nos Estados Unidos da América, como se ele já a tivesse
conquistado, sob a alegação de que ele teria assumido a liderança do seu
partido, o PSL, depois de acirrada disputa nos bastidores, onde rolou de tudo
de ruim, inclusive até promessa de cargos.
Essa desculpa mais do que esfarrapada não convence
nem mesmo ao principal envolvido, em se considerando que sequer havia sido
indicado o nome dele para a aludida embaixada, que estava muito distante dos
planos dos senadores em acolhê-lo, diante da explícita falta de apoio a essa
imoralidade, representada por absurda indicação, com visível viés de claro nepotismo
próprio das piores republiquetas, onde os ditadores indicam seus parentes
próximos para ocuparem os principais cargos da República, em cristalino
desprezo aos princípios do mérito e da competência para o exercício de cargos
públicos relevantes.
No Senado Federal, já era consenso entre a maioria
dos senadores de que, dificilmente, o filho do presidente conseguiria votos
suficientes para se tornar embaixador e que não passava de bravata a afirmação de
que ele estaria abrindo mão da indicação do seu nome, diante da total
impossibilidade de ele ser aprovado, ou seja, "Ninguém abre mão daquilo
que não tem", segundo afirmação de um senador aliado do governo, que
reconhecia a inviabilidade sobre a aprovação da nome dele.
O certo é que, nessas condições nada afirmativas, o
filho do presidente cuidou de arranjar saída mais do que “honrosa”, na
tentativa de justificar o seu visível fracasso, para que outra situação pudesse
compensar ou minimizar aquela que seria a maior derrota pessoal da família do
presidente brasileiro, diante da escassez de votos no Senado para a aprovação
do nome dele para ocupar o cargo de embaixador do Brasil nos Estados Unidos, que
teria sido cogitado mesmo a despeito da indiscutível falta de condições e
requisitos para o exercício da nobre função pública de embaixador, que exige
conhecimentos e preparos de alto padrão, como condição ideal e essencial para bem
representar o Brasil no exterior, à vista das suas especificidades e responsabilidades.
Em consonância com o bom senso e a razoabilidade, o
filho do presidente, enfim, depois de ter ouvido tantas e justas críticas, anunciou,
em discurso no plenário da Câmara, que tinha desistido da indicação para ocupar
o posto de embaixador.
Por seu turno, o pai, presidente brasileiro, fez o
máximo ao seu alcance para que o filho se tornasse embaixador em Washington, tendo
deixado vago, por meses, o posto mais importante da nossa diplomacia até que o filho,
prestes a ser “nepotizado”, completasse a maioridade para embaixador, que é a idade
mínima de 35 anos, para se habilitar legalmente ao nobre cargo.
A indicação do nome dele foi aventada em julho
último, mas, diante da certeza sobre a falta de votos no Senado, ela nunca foi formalizada
oficialmente, talvez porque o indicado seria reprovado, diante baixo quórum senatorial.
Não há a menor dúvida de que muitos senadores insatisfeitos
com o tratamento dispensado a eles pelo Palácio do Planalto esperavam, com enorme
ansiedade, o oportuno momento para dar a sua resposta ou o seu troco ao governo,
por meio de votos contrários ao filho do presidente, que teria sido expressiva
decepção para os brasileiros honrados.
À toda evidência, se já era terrivelmente improvável
o ambiente no Senado para a aprovação da indicação do nome do filho do presidente,
para embaixador em Washington, não resta a menor dúvida de que o imbróglio gerado
com a crise no PSL, partido de ambos, apenas se consolidou em complicação definitiva,
com a explícita rejeição a quem teria sido um dos piores e absurdos atos desse
governo, diante de todos os malefícios que poderiam ter resultado para o
Brasil, à vista da notória falta da comprovação dos requisitos essenciais, em
termos de qualificação, preparação, experiência na diplomacia, que jamais poderiam
ter sido preenchidas por notório inexperiente amador.
Ainda bem que os deuses da diplomacia encontraram nova
missão mais consentânea com as habilidades do filho do presidente da República,
que deverá ter condições de comandar a bancada de partido na Câmara dos
Deputados, a despeito do racha de interesses internos, porque essa nova missão faz
parte do seu ofício de parlamentar, evitando assim verdadeiros vexame e desastre
para os interesses do Brasil, na pessoa de aprendiz de embaixador, que, mesmo
assim, teria a obrigação de comandar, sabe-se lá com que condições, a principal
e certamente a mais complexa embaixada brasileira.
Os brasileiros honrados e conscientes sobre as responsabilidades
das atribuições de embaixada séria e digna, quanto ao cumprimento da sua fiel missão
institucional, só podem agradecer aos aludidos deuses essa feliz e oportuna
mudança de rumos de desastre anunciado, com o anuncia da desistência de algo
que somente seria objeto de eternos questionamentos, além dos indiscutíveis malefícios
para os interesses do Brasil.
Brasil: apenas o ame!
Brasília, em 6 de novembro de 2019
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