sábado, 16 de novembro de 2019

O amor à vida é o mais importante


Na crônica intitulada “Apelo ao povo de Uiraúna”, foi dito que eu tenho profundas esperanças de que a minha intensa indignação diante desses fatos tristes e lamentáveis relacionados com as mortes nas estradas, absolutamente acolitados pela inaceitável e injustificável omissão de autoridades e do povo, se transforme em sentimento de luta por parte das pessoas que demonstrem amor ao seu próximo e não permitam, por meio de ações efetivas, que continue a vicejar esse deplorável e calamitoso estado de desprezo nas estradas.
Demonstrando sensibilidade com a situação em comento, a atenta conterrânea Nieta Queiroga, praticamente placitou as minhas conclusões, tendo escrito, verbis: “Independente de política o amor a vida é o mais importante! Mas é como você falou a cultura de Uirauna ainda é política e não humana!”.
Em resposta à tão acertada afirmação, eu disse que ela teria dito tudo, diante de realidade que salta aos olhos, quando não adianta ficar apelando com palavras sobre questão da maior gravidade para que o povo preste solidariedade em reconhecer que realmente se trata de algo horroroso, mas não aparece ninguém para cuidar diretamente junto da autoridade incumbida de cuidar da segurança nas estradas, se é que ela existe.
Foi com muita preocupação que concluí a crônica em referência, nos termos em que ela se encontra, mas chega o momento em que é preciso dizer quase a verdade, porque a verdade verdadeira não pode ser dita, sabendo-se  que ela dói e muito e termina até ofendendo muita gente boa.
Gostaria muito que o povo de Uiraúna tivesse interesse pela solução de assunto de extrema gravidade como esse em que discorrei com tantas minúcia e insistência, nos últimos dias, com bastante fervor que eu imaginava que pudesse surgir alguém, morando em Uiraúna, que poderia ser pessoa da família das vítimas desses acidentes, que tivesse a iniciativa de procurar saber se existe agente público incumbido de propiciar segurança às estradas, em termos da adoção de providências junto ao Ministério Público/Promotoria de Justiça, para obrigar o imediato recolhimento dos animais que andam perambulando pelas vias trafegáveis, livremente, a toda hora do dia e da noite, e são causadores desses tristes sinistros, além de saber dele a razão da injustificável omissão de não se adotarem as providências nesse sentido.
Em caso de não ter ninguém no município com essa atribuição, se indagar da prefeitura por qual motivo ninguém toma providência para prender os referidos animais.
E ainda indagar da prefeitura se ela tem conhecimento das seguidas mortes nas estradas e porque há tanta omissão nesse particular, tendo por consequência a perda de preciosas vidas humanas, em especial, mas apenas prevalece o silencio tumular como resposta.
Se informar se a Promotoria de Justiça precisa ser acionada para atuar em defesa da sociedade, na forma da sua missão institucional, em especial exigindo que haja segurança nas estradas pelos cidadãos que pagam pesados tributos, enquanto as estradas são constantes perigo e risco de acidentes fatais.
Com toda sinceridade, se eu morasse em Uiraúna, mesmo que nem usasse as estradas das mortes, mas, à vista da minha preocupação esposada nas minhas crônicas, certamente que eu seria a primeira pessoa a empunhar essa bandeira de puro amor aos meus conterrâneos e somente me sossegava quando houvesse solução definitiva, para o fim de tranquilizar os usuários das estradas, nas proximidades de Uiraúna.
Ou seja, na minha compreensão, como cidadão que observa os fatos a distância, só há um esclarecimento para tantos descaso e omissão das autoridades incumbidas de cuidar das estradas, que é a completa demonstração de desinteresse de toda comunidade, inclusive, inexplicavelmente, por parte das famílias e amigos das vítimas, que também silenciam na dor e, com a sua mudez, terminam contribuindo para que nenhuma providência seja adotada por quem de direito, ficando tudo do mesmo jeito, no caminho propício e livre para novas tragédias, porque o mal ainda não foi cortado pela raiz, que seria, em princípio, o recolhimento dos animais e colocados em cercado.
Outrossim, gostaria muito que a forma como escrevo seja compensada com muito sentimento de compreensão por parte dos meus queridos conterrâneos, porque o meu pensamento pode ser completamente diferente de quem convive em Uiraúna, tendo o contato direto com as pessoas daí, enquanto eu estou distanciado desse sentimento atávico, de quem convive com a realidade da cidade, nesse ambiente próprio de agir e interpretar os fatos do dia a dia ao próprio modo, o que é bem diferente de quem o assiste apenas pelo desejo de contribuir com algo em benefício da melhoria imaginada por mim, que pode não ser a pretensão do povo que convive diretamente com os acontecimentos, que até pode achar que seja normal que alguém se envolva em acidente nas estradas e morra, porque essa pessoa deixou de prestar atenção no fluxo dos animais na via e que também pode achar que o Estado ou o Ministério Público não tem nada com isso.
Ou seja, este é o momento ideal para que eu peça desculpas ao povo de Uiraúna, por ter feito possível avaliação precipitada sobre o que eu acho que é errado, quando o mesmo fato que eu tenha analisado ao meu modo seja considerado absolutamente normal sob a ótica de quem convive nessa cidade, com o sentimento adaptado à sua realidade, o que vale dizer as críticas feitas por mim somente têm validade para mim, à vista do comodismo do povo, que demonstra distanciamento em relação a fato que eu considero de extrema gravidade e que, na minha concepção, o mínimo que deveria ser feito era a colocação de carradas de lenha nas estradas, em forma de fogueiras intransponíveis, para queimarem até que viesse a solução quando à segurança das estradas.       
Por último, fico a imaginar se outras cidades da redondeza comungam na mesma cartilha de imprudência e omissão usada por Uiraúna e se as mortes nas estradas acontecem normalmente e da mesma maneira, inclusive se ninguém é responsabilizado e punido por tamanhos desleixo e descuido em relação à perda de vidas humana e de animal.
Não que isso vá servir de argumento para justificativa para coisa alguma, mas seria o caso, ao contrário, de todos os municípios da redondeza se unirem para a adoção conjunta e uniforme de políticas de prevenção e segurança nas estradas, sobrelevando a importância da vida humana, em especial, que, sob a minha visão, não poderia estar acontecendo em hipótese alguma, diante da sua preciosidade.
Brasil: apenas o ame!
Brasília, em 16 de novembro de 2019

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