Na
crônica intitulada “Apelo ao povo de Uiraúna”, foi dito que eu tenho profundas
esperanças de que a minha intensa indignação diante desses fatos tristes e
lamentáveis relacionados com as mortes nas estradas, absolutamente acolitados
pela inaceitável e injustificável omissão de autoridades e do povo, se
transforme em sentimento de luta por parte das pessoas que demonstrem amor ao
seu próximo e não permitam, por meio de ações efetivas, que continue a vicejar
esse deplorável e calamitoso estado de desprezo nas estradas.
Demonstrando
sensibilidade com a situação em comento, a atenta conterrânea Nieta Queiroga, praticamente
placitou as minhas conclusões, tendo escrito, verbis: “Independente
de política o amor a vida é o mais importante! Mas é como você falou a cultura
de Uirauna ainda é política e não humana!”.
Em
resposta à tão acertada afirmação, eu disse que ela teria dito tudo, diante de
realidade que salta aos olhos, quando não adianta ficar apelando com palavras
sobre questão da maior gravidade para que o povo preste solidariedade em
reconhecer que realmente se trata de algo horroroso, mas não aparece ninguém
para cuidar diretamente junto da autoridade incumbida de cuidar da segurança
nas estradas, se é que ela existe.
Foi
com muita preocupação que concluí a crônica em referência, nos termos em que
ela se encontra, mas chega o momento em que é preciso dizer quase a verdade,
porque a verdade verdadeira não pode ser dita, sabendo-se que ela dói e muito e termina até ofendendo
muita gente boa.
Gostaria
muito que o povo de Uiraúna tivesse interesse pela solução de assunto de
extrema gravidade como esse em que discorrei com tantas minúcia e insistência,
nos últimos dias, com bastante fervor que eu imaginava que pudesse surgir
alguém, morando em Uiraúna, que poderia ser pessoa da família das vítimas
desses acidentes, que tivesse a iniciativa de procurar saber se existe agente
público incumbido de propiciar segurança às estradas, em termos da adoção de
providências junto ao Ministério Público/Promotoria de Justiça, para obrigar o imediato
recolhimento dos animais que andam perambulando pelas vias trafegáveis,
livremente, a toda hora do dia e da noite, e são causadores desses tristes
sinistros, além de saber dele a razão da injustificável omissão de não se
adotarem as providências nesse sentido.
Em
caso de não ter ninguém no município com essa atribuição, se indagar da
prefeitura por qual motivo ninguém toma providência para prender os referidos
animais.
E
ainda indagar da prefeitura se ela tem conhecimento das seguidas mortes nas
estradas e porque há tanta omissão nesse particular, tendo por consequência a
perda de preciosas vidas humanas, em especial, mas apenas prevalece o silencio tumular
como resposta.
Se
informar se a Promotoria de Justiça precisa ser acionada para atuar em defesa
da sociedade, na forma da sua missão institucional, em especial exigindo que
haja segurança nas estradas pelos cidadãos que pagam pesados tributos, enquanto
as estradas são constantes perigo e risco de acidentes fatais.
Com
toda sinceridade, se eu morasse em Uiraúna, mesmo que nem usasse as estradas
das mortes, mas, à vista da minha preocupação esposada nas minhas crônicas,
certamente que eu seria a primeira pessoa a empunhar essa bandeira de puro amor
aos meus conterrâneos e somente me sossegava quando houvesse solução definitiva,
para o fim de tranquilizar os usuários das estradas, nas proximidades de Uiraúna.
Ou
seja, na minha compreensão, como cidadão que observa os fatos a distância, só
há um esclarecimento para tantos descaso e omissão das autoridades incumbidas
de cuidar das estradas, que é a completa demonstração de desinteresse de toda
comunidade, inclusive, inexplicavelmente, por parte das famílias e amigos das
vítimas, que também silenciam na dor e, com a sua mudez, terminam contribuindo
para que nenhuma providência seja adotada por quem de direito, ficando tudo do
mesmo jeito, no caminho propício e livre para novas tragédias, porque o mal ainda
não foi cortado pela raiz, que seria, em princípio, o recolhimento dos animais
e colocados em cercado.
Outrossim,
gostaria muito que a forma como escrevo seja compensada com muito sentimento de
compreensão por parte dos meus queridos conterrâneos, porque o meu pensamento pode
ser completamente diferente de quem convive em Uiraúna, tendo o contato direto
com as pessoas daí, enquanto eu estou distanciado desse sentimento atávico, de
quem convive com a realidade da cidade, nesse ambiente próprio de agir e
interpretar os fatos do dia a dia ao próprio modo, o que é bem diferente de
quem o assiste apenas pelo desejo de contribuir com algo em benefício da
melhoria imaginada por mim, que pode não ser a pretensão do povo que convive diretamente
com os acontecimentos, que até pode achar que seja normal que alguém se envolva
em acidente nas estradas e morra, porque essa pessoa deixou de prestar atenção no
fluxo dos animais na via e que também pode achar que o Estado ou o Ministério
Público não tem nada com isso.
Ou
seja, este é o momento ideal para que eu peça desculpas ao povo de Uiraúna, por
ter feito possível avaliação precipitada sobre o que eu acho que é errado,
quando o mesmo fato que eu tenha analisado ao meu modo seja considerado
absolutamente normal sob a ótica de quem convive nessa cidade, com o sentimento
adaptado à sua realidade, o que vale dizer as críticas feitas por mim somente têm
validade para mim, à vista do comodismo do povo, que demonstra distanciamento
em relação a fato que eu considero de extrema gravidade e que, na minha concepção,
o mínimo que deveria ser feito era a colocação de carradas de lenha nas
estradas, em forma de fogueiras intransponíveis, para queimarem até que viesse
a solução quando à segurança das estradas.
Por
último, fico a imaginar se outras cidades da redondeza comungam na mesma
cartilha de imprudência e omissão usada por Uiraúna e se as mortes nas estradas
acontecem normalmente e da mesma maneira, inclusive se ninguém é
responsabilizado e punido por tamanhos desleixo e descuido em relação à perda
de vidas humana e de animal.
Não
que isso vá servir de argumento para justificativa para coisa alguma, mas seria
o caso, ao contrário, de todos os municípios da redondeza se unirem para a
adoção conjunta e uniforme de políticas de prevenção e segurança nas estradas,
sobrelevando a importância da vida humana, em especial, que, sob a minha visão,
não poderia estar acontecendo em hipótese alguma, diante da sua preciosidade.
Brasil:
apenas o ame!
Brasília, em 16 de novembro de 2019
Nenhum comentário:
Postar um comentário